Com Blog do Rodrigo Constantino - Veja
Acho engraçada a defesa que petistas e simpatizantes fazem do PT hoje,
alguns fingindo até que estão criticando a legenda. Do “nunca antes na
história deste país”, eles pularam para o “sempre antes na história
deste país”, tentando passar a impressão de que o PT é “apenas” como os
demais, que se corrompeu, que não resistiu à tentação, que se desviou de
seus propósitos. Já cansei de mostrar aqui que não é nada disso, mas
como o lado de lá continua insistindo na “tese”, preciso ser repetitivo.
É o caso do jornalista Luiz Garcia, de esquerda, que em sua coluna de
hoje “critica” o PT com esse argumento, aproveitando para elogiar sua
trajetória. Por sua ótica, o grande pecado do PT foi se desviar de seu
passado de luta pelas massas, e se tornar mais um corrupto, como os
outros. Diz ele:
No
episódio mais recente, ficamos sabendo que o Partido dos Trabalhadores,
mais conhecido por PT, tem trabalhado com grande entusiasmo para encher
os bolsos de uma turma que certamente não se identifica com as ideias e
propostas com que foi criado.
Alguns
eleitores indignados talvez digam que o PT finalmente mostrou que é
farinha do mesmo saco. Ou seja, o partido está apenas se igualando à
maioria dos outros partidos. O tal saco, pelo visto, teria farinha para
todos. E seria irresistível para políticos de todos os continentes.
[...]
Quando
nasceu, o PT foi visto por muita gente boa como um partido que serviria
para melhorar o nosso sistema político, já que representaria a grande
massa de operários, que até então não tinha quem defendesse seus
interesses.
Foi
o que ele fez, durante muito tempo. Hoje, é com uma mistura de tristeza
e indignação que vemos algo bem diferente: ele serve, talvez até com
mais entusiasmo, aos interesses pessoais de uma grande fatia de seus
quadros políticos.
[...]
Podemos
ter algum consolo lembrando que o saco é universal. Seja como for,
sempre vale a pena buscar, em todas as eleições, candidatos que não
moram nele. Não é fácil, mas, quem sabe, a gente talvez consiga
encontrar, pelo menos, políticos que ainda não se tenham corrompido. E
que prestem atenção a um aviso por enquanto amistoso: “Vamos ficar de
olho em você.”
O PT não mudou; apenas se revelou no poder. Lamento a todos os que
acreditaram nos discursos petistas no passado: foram ludibriados, foram
ingênuos, deixaram o romantismo falar mais alto do que a experiência,
blindaram-se contra a lógica e a razão em nome das emoções, partiram
para o monopólio das virtudes. O PT nunca representou de fato as massas;
ele sempre as usou em sua retórica, apenas isso. Ele enxerga as massas
como algo manipulável para seus fins políticos. Era um partido de
“intelectuais” que não pensavam, de estudantes que não estudavam, e de
sindicalistas que não trabalhavam.
E sempre foi oportunista, “revolucionário”, disposto aos meios mais
nefastos para chegar e ficar no poder. Basta ver seus camaradas, seus
companheiros: ditaduras comunistas, guerrilheiros que sequestram e
vendem drogas em nome da causa, terroristas que matam inocentes, mas
gozam da estima dos pares porque o fazem com uma foice e um martelo
estampados no peito. O PT fundou o Foro de São Paulo em 1990! Não dá
para alegar ignorância. O simpatizante se deixou enganar, pois se sentia melhor, mais puro, “consciente”, ligado ao “povo”, só por defender o PT.
Seus métodos corruptos já tinham sido expostos no governo gaúcho, antes
da chegada ao governo federal. Antes mesmo, no sindicalismo torpe e
oportunista. Em conluio com máfias do lixo, com bicheiros. O PT não viu
sua bandeira ética se esgarçar no poder; ela apenas veio à tona toda
corroída pelas traças, mas já era uma bandeira falsa. Ou alguém acha que
José Dirceu, que se apresentou para a mulher após quatro anos de
“casamento” depois da anistia, treinado em Cuba, era um romântico
sonhador que lutava pelas massas e foi corrompido no poder? Sério?
O PT nasceu torto, mas muitos preferiram ignorar em nome da utopia, do
monopólio das virtudes. O PT não é “apenas” igual aos outros; ele é
muito mais corrupto, justamente porque rouba em nome da causa, com a
consciência tranquila do “bom revolucionário”, de quem faz tudo “pelo
povo”. Por monopolizar a bandeira da ética e ser, na prática, o mais
corrupto, o PT é o pior de todos. Por ser tão cínico, por flertar com
ditaduras, por não respeitar as regras do jogo democrático, por
demonizar os adversários de forma pérfida, o PT é o pior de todos.
O jornalista de esquerda acha que o PT mudou, e que a lição é, agora,
“ficar de olho”. Provavelmente ele defende um PSOL da vida, mostrando
que não aprendeu absolutamente nada. Quer uma vez mais buscar a
“pureza”, ainda que num discurso hipócrita e na defesa de meios que
sempre levarão a mais corrupção, por concentrar poder no estado e por
fornecer aos bandidos um salvo-conduto para o crime, pois feito em nome
da causa “nobre”.
Se o PT fosse “apenas” tão ruim quando os demais, o Brasil não estaria
nessa situação calamitosa. Está porque é governado há tempo demais por
uma quadrilha disfarçada de partido político, por uma turma que abraça
ditadores assassinos, que defende bandidos abertamente, que protege
terroristas, que “faz o diabo” para ficar no poder. José Dirceu é a cara
do PT. Alguém realmente está disposto a sustentar que ele era um
idealista que “se corrompeu”, e hoje é “somente” tão ruim quanto os
demais políticos brasileiros?
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