Admite-se que o cidadão comum disponha de memória curta. Ficaria
doido caso lembrasse de todas as frustrações porque passou desde que,
entrando na idade da razão, começou a desiludir-se da política e dos
políticos aos quais emprestou apoio e esperanças. Nos tempos recentes,
entre altos e baixos, um período sobressai para acentuar a desilusão
geral.
O país reencontrara a expectativa de voltar a ser uma democracia, com a eleição de Tancredo Neves. Infelizmente, a vida nos pregou uma das maiores de suas peças, com a doença e morte daquele que simbolizava a esperança nacional, sem poder assumir. José Sarney fez o que pode, assegurou a transição, mas limitado por trajetórias antigas. Veio Fernando Collor, bem nascido e mal formado, em pouco tempo refugado pela opinião publica. Itamar Franco surpreendeu, recuperando combalidos sentimentos de que o Brasil tinha jeito.
Recomeçar era preciso e o vice-presidente, depois de uma administração mais do que louvável, foi buscar um molde imaginado quase perfeito, com passado, presente e futuro definidos. Fernando Henrique vinha de lutas socialistas, intelectual perseguido pela ditadura, disposto a repelir radicalismos e a dar passos concretos no rumo do aprimoramento social, político e econômico.
No entanto... No entanto, desmentiu-se e frustrou a nação. Menos, é claro, as elites que com toda certeza conheciam sua verdadeira face e nele também tinham apostado. Submeteu o governo aos interesses multinacionais, alienando patrimônio público imprescindível ao nosso desenvolvimento. Esqueceu os compromissos com a classe trabalhadora, congelou salários públicos e privados, nenhuma iniciativa adotou para ampliar direitos sociais. Pelo contrário, comprimiu os pobres e beneficiou os ricos. Chegou a ser referido como o Hood Robin, antípoda do Robin Hood.
De graça essas coisas não acontecem. Enfrentou o acerto de contas no final de seu duplo período de governo, ele mesmo responsável por haver mudado e comprado as regras do jogo depois de começado. Ouvia-se com frequência o “Fora FHC!” ecoado na ante sala da vitória do Lula. Seus índices de reprovação só não foram maiores do que sua vaidade, presunção e arrogância. Atrasou o Brasil em dez ou vinte anos e até deixou um modelo em boa parte adotado pelo sucessor.
Pois não é que o sociólogo está de volta, ou melhor, jamais deixou o sonho de ocupar parte do palco? Ontem, começou a pregar a renúncia de Dilma, aliás, uma proposta oportuna, só que formulada por quem carece de embasamento político para tanto. Quer que Madame salte de banda, não pelos defeitos dela, que são muitos, mas por eventuais e diminutos méritos. Para quê?
Indaga-se das motivações da sugestão divulgada nas manchetes de ontem, não havendo explicação melhor do que a fixação do ex-presidente em julgar-se acima de todos nós. Soluções para a crise? Só ele possui. Há dúvidas se não estaria prevendo que com a renúncia de Dilma teríamos eleições para completar o mandato em curso. Com que candidato? Elementar, neste país de frustrados...
O país reencontrara a expectativa de voltar a ser uma democracia, com a eleição de Tancredo Neves. Infelizmente, a vida nos pregou uma das maiores de suas peças, com a doença e morte daquele que simbolizava a esperança nacional, sem poder assumir. José Sarney fez o que pode, assegurou a transição, mas limitado por trajetórias antigas. Veio Fernando Collor, bem nascido e mal formado, em pouco tempo refugado pela opinião publica. Itamar Franco surpreendeu, recuperando combalidos sentimentos de que o Brasil tinha jeito.
Recomeçar era preciso e o vice-presidente, depois de uma administração mais do que louvável, foi buscar um molde imaginado quase perfeito, com passado, presente e futuro definidos. Fernando Henrique vinha de lutas socialistas, intelectual perseguido pela ditadura, disposto a repelir radicalismos e a dar passos concretos no rumo do aprimoramento social, político e econômico.
No entanto... No entanto, desmentiu-se e frustrou a nação. Menos, é claro, as elites que com toda certeza conheciam sua verdadeira face e nele também tinham apostado. Submeteu o governo aos interesses multinacionais, alienando patrimônio público imprescindível ao nosso desenvolvimento. Esqueceu os compromissos com a classe trabalhadora, congelou salários públicos e privados, nenhuma iniciativa adotou para ampliar direitos sociais. Pelo contrário, comprimiu os pobres e beneficiou os ricos. Chegou a ser referido como o Hood Robin, antípoda do Robin Hood.
De graça essas coisas não acontecem. Enfrentou o acerto de contas no final de seu duplo período de governo, ele mesmo responsável por haver mudado e comprado as regras do jogo depois de começado. Ouvia-se com frequência o “Fora FHC!” ecoado na ante sala da vitória do Lula. Seus índices de reprovação só não foram maiores do que sua vaidade, presunção e arrogância. Atrasou o Brasil em dez ou vinte anos e até deixou um modelo em boa parte adotado pelo sucessor.
Pois não é que o sociólogo está de volta, ou melhor, jamais deixou o sonho de ocupar parte do palco? Ontem, começou a pregar a renúncia de Dilma, aliás, uma proposta oportuna, só que formulada por quem carece de embasamento político para tanto. Quer que Madame salte de banda, não pelos defeitos dela, que são muitos, mas por eventuais e diminutos méritos. Para quê?
Indaga-se das motivações da sugestão divulgada nas manchetes de ontem, não havendo explicação melhor do que a fixação do ex-presidente em julgar-se acima de todos nós. Soluções para a crise? Só ele possui. Há dúvidas se não estaria prevendo que com a renúncia de Dilma teríamos eleições para completar o mandato em curso. Com que candidato? Elementar, neste país de frustrados...
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