Em editorial, o Estadão diz que "Lula
e o PT, desde que chegaram ao poder em 2003, passaram a criar no País
um ambiente favorável à corrupção. Aí estão os sucessivos escândalos que
o comprovam":
A
16.ª fase da Operação Lava Jato, que inaugurou a ampliação das
investigações do petrolão para o setor elétrico, confirma o que os
escândalos do mensalão e do propinoduto na Petrobrás já haviam
evidenciado: a corrupção tornou-se endêmica na administração pública.
“Estamos vivendo um processo de metástase da corrupção. A corrupção
espalhou-se para outros órgãos da administração pública”, declarou em
Curitiba, ao anunciar a nova operação da Polícia Federal, batizada de
Radioatividade, o procurador federal Athayde Ribeiro Costa.
Chega a ser chocante - além da constatação de que a prática de
ilicitudes no âmbito do governo atinge proporções alarmantes - que o
poder de sedução dos corruptores seja irresistível até para
personalidades públicas de currículo notável como o do presidente
licenciado da Eletronuclear, subsidiária da Eletrobrás, vice-almirante
reformado Othon Luiz Pinheiro da Silva, considerado a maior autoridade
brasileira em energia nuclear. Pinheiro da Silva foi preso
temporariamente sob a acusação de se ter beneficiado de propinas
milionárias envolvendo contratos para a construção da Usina Nuclear
Angra 3. A denuncia surgiu na delação premiada do ex-presidente da
Camargo Correa Dalton Avancini.
A corrupção generalizada, que aparentemente só não é encontrada onde
não é procurada, é a verdadeira herança maldita de 12 anos de
lulopetismo no poder. Como se tem reiteradamente afirmado neste espaço, a
corrupção na gestão da coisa pública não foi inventada pelo PT. Ela é
um traço perverso da mentalidade patrimonialista historicamente
predominante desde os tempos coloniais. E é um fenômeno que, de resto,
não é estranho a nenhuma administração pública na face da Terra.
Trata-se, simplesmente, de produto das fraquezas humanas, que
naturalmente tende a prosperar com maior desenvoltura em ambientes
propícios.
Pois é exatamente disso que se trata: Lula e o PT, desde que chegaram
ao poder em 2003, passaram a criar no País um ambiente favorável à
corrupção. Aí estão os sucessivos escândalos que o comprovam.
Diante dessa constatação, costumam reagir os petistas com o argumento
de que a corrupção é hoje aparentemente maior apenas porque o governo
passou a garantir ao Ministério Público e à Polícia Federal autonomia e
recursos para o “combate sem tréguas à corrupção” - frase que Dilma
Rousseff gosta de repetir. Ora, pode-se argumentar também, com base na
mesma relação inescapável de causa e efeito, que o combate à corrupção
tem hoje tanta visibilidade pela simples razão de que ela está muito
mais disseminada do que antes.
O fato é que a prática generalizada de ilicitudes no trato dos
recursos públicos é hoje o resultado da consagração de um princípio que,
se por razões óbvias não está explicitado, está implicitamente
impregnado no populismo autoritário do lulopetismo. Sua grande meta, seu
objetivo, seu fim é a perpetuação desta elite no poder a qualquer
custo. Basta olhar para os regimes políticos que o PT admira mundo afora
para ter uma ideia do que eles aspiram para o Brasil. Tudo, é claro, em
benefício do “povo oprimido”.
É claro que, além do fator “ideológico” - reconhecendo-se que
sobrevivem raros petistas com genuíno espírito público -, milita a favor
da corrupção desenfreada o gosto pelas benesses do poder, a famosa
“boquinha” da qual a companheirada mais “pragmática” nem pensa em abrir
mão.
Tudo isso prosperou à sombra do peculiar modelo de “presidencialismo
de coalizão”, implantado pelo lulopetismo em nome da “governabilidade”.
Coalizões políticas para sustentar governos são comuns e frequentemente
inevitáveis em sociedades democráticas. Mas dar sustentação política a
um governo significa aderir, programática se não ideologicamente, a
projetos cujos escopos sejam compatíveis com as convicções de quem
apoia. A coalizão patrocinada pelo lulopetismo tem muito pouco a ver com
convicções programáticas. Trata-se, quase que invariavelmente, de meros
conluios cimentados por puro fisiologismo. Toma lá, dá cá. Alguém
acredita que Sarney, Collor, Barbalho, Maluf e tantos outros
sustentáculos da “base aliada” sejam movidos por idealismo? A partir
daí, liberou geral.
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