O
risco-Brasil é o quarto maior entre os países emergentes. A percepção do
mercado só é pior para Venezuela, Ucrânia e Paquistão. Para os
economistas, isto é reflexo da crise político-econômica e da incerteza
gerada no país. E Dilma continua lá:
O Brasil
foi o país emergente que experimentou a maior piora na percepção de
risco dos investidores nos últimos três meses. Levantamento do GLOBO com
base em dados da Bloomberg mostra que o risco-país brasileiro medido
pelo CDS (Credit Default Swap, na sigla em inglês, espécie de seguro
contra calote da dívida soberana) saltou 95,9% no período, a maior
variação percentual entre 43 emergentes. Com a deterioração no
sentimento dos investidores, o Brasil saltou da 12ª para a 4ª posição no
ranking de emergentes mais arriscados, atrás apenas de Venezuela,
Ucrânia e Paquistão. Para analistas, um reflexo da crise
político-econômica e da incerteza no país.
O
levantamento considerou a pontuação do CDS brasileiro (contrato de cinco
anos) registrada no meio da tarde de ontem, de 478 pontos. Foi a 5ª
alta seguida desse tipo de seguro, oferecido por bancos internacionais a
investidores de títulos brasileiros em busca de proteção contra
eventual calote do governo.
A
pontuação brasileira está bem acima da de países menos desenvolvidos
como Cazaquistão (310 pontos), Marrocos (205), Lituânia (87) e Estônia
(69). O Brasil só está em melhor situação do que nações que passam por
intensa turbulência político-econômica ou conflitos armados: Venezuela
(5.708), Ucrânia (1.113) e Paquistão (494).
— A
percepção de risco dos investidores está exagerada, uma vez que é
considerado muito pouco provável que o governo brasileiro dê um calote, o
país tem reservas sólidas e não dá para comparar o Brasil com economias
como a do Líbano, por exemplo. Mas há uma combinação de cenários
adversos e preocupantes para os quais não se vê saída. Ao contrário, só
piora — disse Silvio Campos Neto. — Os investidores sentem que o ajuste
fiscal está ficando pelo caminho e a relação entre a dívida e o PIB ruma
para um futuro explosivo.
POUCA CHANCE DE CALOTE
A
probabilidade de o Brasil declarar default de sua dívida nos próximos 12
meses é de só 0,07%, segundo modelo da Bloomberg que considera fatores
como dívida externa, reservas internacionais e estimativa de
crescimento. Nação com pontuação inferior de CDS, a Turquia (301), por
exemplo, tem probabilidade bem maior: 1,95%. No Cazaquistão, o
percentual é de 7,16%.
Para
Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora, a escalada do CDS
brasileiro está ligada à expectativa dos investidores de novo
rebaixamento. Desde que o país perdeu seu grau de investimento pela
agência Standard & Poor’s, no início do mês, o salto em seu CDS foi
de 28,5%:
— O
investidor já coloca no preço a possibilidade das outras agências
rebaixarem o Brasil, além da incerteza em torno de questões centrais
para o país.
Ipek
Ozkardeskaya, analista do London Capital Group, observou que a disparada
de 35,8% do dólar em três meses também explica a maior percepção de
risco:
— Além do dólar, preocupa o fato de as conversas sobre o Orçamento não estarem andando.
Campos Neto destacou os impactos na economia real:
— O CDS é
o prêmio de risco que os mercados cobram de qualquer emissão do governo
ou de empresas brasileiras. Assim, ficou mais caro captar. (O Globo).
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