sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Cunha não aceitará acordo, porque Dilma nada tem a oferecer


Carlos Newton
Os jornais, sites e blogs fazem as mais criativas especulações sobre a possibilidade de acordo entre a presidente Dilma Rousseff e seu maior inimigo, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O assunto é revoltante, tenebroso e sinistro, mas não pode ser levado a sério. Uma coisa é a fantasia, o desejo, a pretensão, outra coisa muito diferente é a possibilidade, que somente se caracteriza quando existem condições plausíveis de concretização.


No caso do acordo entre os dois arqui-inimigos, não existe a menor possibilidade de se chegar a um denominador comum, como se dizia antigamente. O deputado Eduardo Cunha tem dois produtos a oferecer – o boicote ao impeachment e a aprovação do ajuste fiscal, incluindo CPMF, mas sem garantia total de entrega. E a presidente Dilma tem muito pouco para dar em troca, e sem a menor garantia de entrega.


TROCA-TROCA
Como compensação pelos serviços a serem prestados, Cunha exige diversas mercadorias: 1) a intervenção do governo na Conselho de Ética e no plenário da Câmara, para que ele não seja cassado nem perca a presidência da Mesa; 2) a suspensão da perseguição que o procurador-geral da República Rodrigo Janot move contra ele; 3) uma certa compreensão do Supremo Tribunal Federal, que garanta a eterna lentidão do julgamento dos processos contra ele; 4) a blindagem da mulher e da filha que têm contas abertas no exterior.
Sonhar ainda não é proibido, mas acontece que Dilma Rousseff não tem condições de atender essas demandas de Cunha.


DILMA SEM PODERES
Com a ajuda de Lula e do PT, Dilma pode até tentar pressionar o Conselho de Ética e o plenário, para evitar a cassação dele, mas é impossível mantê-lo na presidência da Câmara. Dilma também não tem como interferir junto ao procurador-geral Rodrigo Janot, que ontem mesmo entregou novas provas contra Cunha. Também não pode pressionar o Supremo.


Se isso fosse possível, a desmoralização das instituições brasileiras teria chegaria a um tal ponto de ruptura que alguém teria de chamar o General Villas Bôas para botar ordem na casa, conforme reza a Constituição.

Por isso, não haverá acordo, a não ser que outras milionárias contas secretas sejam abertas no exterior, se é que vocês me entendem, como dizia o genial jornalista Maneco Muller, o Jacinto de Tormes.


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PS – E se alguém me esculhambar dizendo que estou defendendo um golpe militar, vou logo esclarecendo: intervenção militar é prevista na Constituição e nada tem ver com ditadura militar. (C.N)

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