Vera Rosa e Ricardo Galhardo - O Estado de S. Paulo
28 Outubro 2015 | 13h 10
Reunião da Executiva e encontro do diretório nacional devem mudar foco inicial para abrir discussão sobre defesa do ex-presidente
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Embora a pauta petista ainda preveja discussões sobre mudanças na política econômica e a posição do partido em relação ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) – suspeito de esconder contas secretas na Suíça com dinheiro desviado da Petrobrás –, a defesa de Lula, do PT e do projeto político deve acabar ofuscando outras polêmicas. O ex-presidente participará da reunião do Diretório Nacional. Dilma também foi convidada para o encontro.
Apesar das cobranças de oito correntes do PT, a cúpula do partido não vai fechar questão pela condenação de Cunha no Conselho de Ética da Câmara. A ideia é ganhar tempo para não provocar o deputado, que tem em mãos o poder de deflagrar o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Nesta terça-feira, Dilma comandou uma estratégia de reaproximação com Lula, evitando que a crise política se agravasse ainda mais. Um dia depois de Lula ter culpado a sucessora pela operação de busca e apreensão da Polícia Federal na empresa LFT Marketing Esportivo, de seu filho caçula, o governo entrou em cena para impedir que a guerra interna no PT atingisse o ápice, contaminando o relacionamento entre criador e criatura. Dilma participou da festa de 70 anos do presidente, no Instituto Lula, levando a tiracolo ministros e amigos de seu padrinho político.
“Somos todos filhos do Lula”, disse o presidente do PT de São Paulo, Emídio de Souza, em mensagem enviada pelo aniversário do ex-presidente. Emídio deu o tom de como será a solidariedade do partido ao fundador do PT, batendo na tecla do combate ao ódio e à intolerância.
“A caçada a Lula vem antes do PT, prosseguiu quando criou o partido, aumentou quando resolveu disputar o poder, amainou-se durante os anos da Presidência e voltou com força descomunal nesse tempo de império do ódio (…) São seus filhos igualmente perseguidos e odiados todos nós que aprendemos com ele a lutar pela justiça, pela democracia e pela igualdade”, comentou o presidente do PT paulista.
Lula não perdoa o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e há tempos pede sua saída do cargo, sob a alegação de que ele não controla a Polícia Federal. O coro contra Cardozo, puxado pela corrente Construindo um Novo Brasil (CNB) -- grupo de Lula, majoritário no PT -- deve ser retomado nas reuniões da sigla, em Brasília. A tendência Mensagem ao Partido, que tem Cardozo entre seus integrantes, argumenta que, em vez de discutir a saída do ministro, o PT deveria pedir a cabeça de Eduardo Cunha.
Dilma não aceita a pressão para tirar o ministro da Justiça. A pedido da presidente, o titular da Casa Civil, Jaques Wagner, tenta desde a semana passada, sem sucesso, marcar um encontro entre Lula e Cardozo.
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