O título
acima, claro, não é do pífio editorial do jornal O Globo, que fala mais
no passado do BNDES do que na corrupção e no financiamento de ditaduras
promovido pelo banco na Era lulopetista. Em todo caso, aí vai o texto do
diário carioca, sempre cheio de dedos em relação ao poder:
Fundado
em 1952, no segundo governo Vargas, o Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico (BNDE), ainda sem o “S”, de Social, se mistura à história da
industrialização brasileira e da expansão da infraestrutura do país. Já
há algum tempo um dos maiores bancos de fomento do mundo, a instituição é
ator de primeira grandeza em bons ou maus momentos da economia.
Mas, nestes últimos tempos, sob controle petista, tem aparecido também em crônicas de relações “não republicanas" entre o Planalto, o partido e o mundo dos negócios.
Instrumento
usual de intervenção do Estado na economia — foi assim no regime
militar, no governo Geisel, na fracassada substituição de importações de
máquinas, equipamentos e insumos básicos —, o banco também seria usado
pelo PT com objetivos semelhantes. Um desses programas de pedigree
“Brasil Grande”, típico da ditadura militar, foi a tentativa de criação
de “campeões nacionais”, com apoio maciço, por meio de dinheiro público,
a empresários escolhidos para serem grandes e fortes também no
exterior. Alguns se tornaram generosos financiadores de campanhas
políticas de petistas e oposicionistas. Mais de petistas.
O banco
aparece também no meio de relacionamentos perigosamente próximos de
Lula, na Presidência e fora dela, com empreiteiras, a Odebrecht a mais
destacada delas.
O
Ministério Público Federal de Brasília investiga o assunto. Há o
entendimento de que Lula teria feito gestões impróprias junto ao banco
para que ele financiasse obras da empreiteira em Cuba e outros países.
Estourou
no fim de semana outro caso, de grande poder corrosivo — da imagem de
Lula e do banco —, revelado pela “Folha de S.Paulo”, em que está
envolvido o amigo do ex-presidente, o pecuarista José Carlos Bumlai.
A
história é simples, mas bombástica: o empresário amigo, em dificuldades,
já com pedido de falência na praça, conseguiu em 2012 do BNDES R$ 101,5
milhões para a São Fernando Energia 1, geradora a partir de bagaço de
cana. Nove meses depois, a empresa entrou em concordata, e mais tarde o
próprio BNDES requereu sua falência.
É
razoável imaginar-se que uma análise cuidadosa do banco evitaria o
problema. Ele, por sua vez, explica que quem responde pela avaliação do
pedido de crédito é o banco intermediário (BB e BTG). Ora, e esses,
principalmente o Banco do Brasil, não seriam permeáveis a pressões de
gente ilustre na hierarquia petista?
O caso é
típico da privatização maligna do Estado por meio do aparelhamento de
estatais e da administração direta. Há uma CPI do BNDES instalada.
Deveria investigar este escândalo e outras ocorrências suspeitas.
Mas como
ela está paralisada pela luta político-partidária, resta confiar no MP,
Justiça e Polícia Federal para mais uma empreitada moralizadora.
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