23/11/2015
No momento em que o Estado Islâmico realiza atentados contra países como França e Rússia, o ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, defendeu nesta segunda-feira (23) que o Brasil aceite a cooperação de órgãos de inteligência internacionais para reduzir os riscos de eventuais episódios de terrorismo na Olimpíada e na Paralímpiada de 2016 no Rio de Janeiro.
Brasil
se torna alvo fácil para um ataque terrorista nas olimpíadas 2016 e
isso preocupa o mundo.
Em cerimônia de abertura do Seminário Internacional de
Enfrentamento ao Terrorismo no Brasil, promovido em Brasília, o
ministro afirmou que “não há limite” para a preocupação do governo
brasileiro e disse que a cooperação internacional é “fundamental para
tratar desse assunto”.
O discurso do ministro contrapõe
declaração da presidente Dilma Rousseff durante reunião do G20, na
Turquia. A petista afirmou na ocasião, após os atentados em Paris, que o
Brasil está “muito longe” do foco dos ataques recentes. Segundo ela, o
terrorismo está hoje muito concentrado na Europa.
No domingo (22), o governo francês
ofereceu à presidente Dilma Rousseff os serviços de inteligência e
informação do país europeu para a Olimpíada e Paralímpiada de 2016.
“Os eventos recentes e outros mostram
que todo cuidado é pouco e toda preparação é pouca. Países que têm já
uma história de enfrentamento dessa questão foram alvo de ataques
significativos. Nesse campo, não há limite para a nossa preocupação e
para tomar todas as providencias ao alcance das autoridades
brasileiras”, disse.
Segundo o ministro, o Brasil deve ter a
mesma preocupação sobre os riscos de um ataque terrorista que países com
histórico de episódios de violência deste tipo.
Ele lembrou que, por envolver delegações
maiores e com maior complexidade de posições políticas, os esforços do
governo federal devem ser redobrados no evento esportivo do ano que vem
em relação aos adotados na Copa do Mundo de 2014.
“É necessário que, diante de um evento
com a magnitude das Olimpíadas do ano que vem e diante da
responsabilidade pública do estado brasileiro, a sociedade brasileira
discuta com profundidade como prevenir e combater de maneira incansável a
prática do terrorismo.
Prática que no Brasil tem poucos registros de
acontecimentos, mas que evidentemente merece toda a atenção pela
característica da globalização econômica e cultural atual”, disse.
O ministro classificou os ataques
terroristas em Paris, que deixaram 130 mortos, como trágicos e ressaltou
que eles “chocaram todo o mundo”. “Foi uma violência covarde e uma
tentativa de instauração de um cenário de terror”, criticou.
ABIN
No mesmo evento, o diretor-geral da Abin
(Agência Brasileira de Inteligência), Wilson Trezza, afirmou que não há
no mundo nenhum país “100% preparado” para riscos de ataques
terroristas. Ele considerou, contudo, que as avaliações de risco do
órgão federal não mostram, por enquanto, o terrorismo como uma das
principais ameaças para a Olimpíada no Rio de janeiro.
“É lógico que nós trabalhamos em busca
do erro zero e, em relação ao terrorismo, como se tivéssemos uma ameça
concreta. Nós sempre trabalhamos como se tivesse alguma coisa para
acontecer”, disse. “Não há país no mundo 100% preparado. Nós tivemos o
exemplo dos Estados Unidos e agora na França. Mas acreditamos que, pelo
trabalho que realizamos na Copa das Confederações e na Copa do Mundo,
temos todas as condições de dizer que estamos preparados”, acrescentou.
Ele ressaltou que os órgãos de
inteligência brasileiros não encontraram até agora nenhuma célula do
Estado Islâmico no Brasil, mas lembrou que a Abin monitora alvos com
potencial de terem vínculos com grupos terroristas e conta inclusive com
cooperação de órgão internacionais na iniciativa de monitoramento.
“Um atentado terrorista não é
necessariamente promovido e executado por estrangeiros, mas poderíamos
em tese ter alguém dentro do país que tivesse envolvido em atividades
desse tipo. Hoje em dia, fala-se muito no chamado ‘lobo solitário’, o
cidadão que atua sozinho”, afirmou. “Nós temos alvos não necessariamente
que estejam desenvolvendo atividades, mas, em uma ação preventiva,
fazemos acompanhamento de pessoas que potencialmente poderiam ter algum
tipo de vínculo (com grupos terroristas)”, acrescentou.
O ministro disse ainda que algumas
delegações internacionais, como as de países como Estados Unidos, França
e Iraque, terão um reforço maior de segurança dos órgãos brasileiros
durante os Jogos Olímpicos.
(via agências)
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