19/11/2015
Ao dizer num seminário que sente cheiro de retrocesso, Babalorixá de Banânia expõe o que entende por democracia: PT, Cristina Kirchner e Nicolás Maduro
Luiz
Inácio Lula da Silva discursou na terça da abertura da 7ª Conferência
Latino-Americana e do Caribe em Ciências Sociais (Clacso), um dos muitos
organismos da esquerda na região que vivem mamando nas tetas dos
respectivos estados. Entre 2006 e 2012, quem comandou a entidade foi
Emir Sader, um subintelectual petista com sérios problemas até de
alfabetização. Mas deixo isso pra lá agora.
Em seu discurso, o Babalorixá de Banânia
atacou a imprensa livre — nem poderia ser diferente — e deixou claro
onde estão as raízes do seu, por assim dizer, pensamento.
O chefão do partido que protagonizou o
mensalão e o petrolão — o que, tudo indica, o fará beijar a lona por um
bom tempo — afirmou sentir um forte “cheiro de retrocesso” na América
Latina e na América do Sul.
Retrocesso?
Explica-se: no Brasil, o seu PT chafurda
na lama. Na Argentina, o candidato de Cristina Kirchner, Daniel Scioli,
deve perder a eleição para Mauricio Macri. Se não houver uma
roubalheira de dimensões homéricas na Venezuela, o ditador de chanchada
Nicolás Maduro — é um palhaço amador, mas ele mata — será fragorosamente
derrotado pelas forças de oposição nas eleições parlamentares de 6 de
dezembro.
Em todos os casos, as respectivas
derrotadas significam fortalecimento das correntes que defendem a
democracia política e se opõem a regimes aparelhados por milícias mais
violentas (como na Venezuela) ou menos, como no Brasil. Por enquanto ao
menos.
O Apedeuta fez ainda uma comparação
aloprada. Associou os movimentos em curso na América Latina contra os
governos de esquerda às agitações que antecederam a Primavera Árabe —
que “Primavera” nunca foi — e que concorreram para o acirramento da
desordem política na região.
A comparação é um despropósito porque
boa parte dos movimentos que promoveram o que se chamou tolamente de
“Primavera” era composta de fundamentalistas islâmicos que queriam
ditadura religiosa. Quem combate o PT no Brasil, Cristina na Argentina e
Maduro na Venezuela quer um regime de liberdades públicas. Mas há um
grão de verdade no que ele diz: aqueles grupos — islâmicos, sim! —,
lutavam contra ditaduras. O diabo é que queriam outra, como Dilma,
quando pertencia a grupos terroristas. Os antipetistas,
antikirchneristas e antibolivarianos querem democracia.
Pós-Primavera Árabe, o que se tem,
exceção feita à Tunísia, é banho de sangue e ditaduras ainda mais
ferozes, do velho ou do novo establishment. Lula, por acaso, está nos
ameaçando com guerra civil quando o PT for apeado do poder pelo
Congresso, pela Justiça ou pelas urnas? Lula, por acaso, está nos
ameaçando com um banho de sangue?
Sempre que este senhor sente um cheiro de retrocesso político, então é sinal de que a democracia avançou.
Via Reinaldo Azevedo – Veja (Agências)
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