Esse, o resultado de um país indo para o buraco em meio a um mar de lama cada vez mais sólido e cabuloso
A
inflação oficial ao consumidor brasileiro superou dois dígitos pela
primeira vez em 12 anos no mês passado, colocando ainda mais pressão
para o Banco Central voltar a subir os juros básicos, mesmo em meio ao
cenário de recessão da economia.
Em novembro, o Índice Nacional de Preços
ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulou alta de 10,48 por cento em 12
meses, maior desde 2003 (11,02 por cento), informou o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira.
O resultado está muito acima do teto da
meta do governo, de 4,5 por cento com tolerância de 2 pontos percentuais
para mais ou menos. Em outubro, o avanço acumulado havia sido de 9,93
por cento.
Só em novembro, o IPCA saltou 1,01 por
cento, após avançar 0,82 por cento em outubro, acima das expectativas.
Sob a pressão da alta dos preços de alimentos e de combustíveis, este é o
nível mais elevado da inflação desde março (1,32 por cento) e o maior
patamar para o mês em 13 anos (3,02 por cento).
“É um ano de pressão de custos de várias
causas. Tivemos aumento forte do câmbio, da gasolina e do diesel.
Quando se ouve falar em inflação alta, os formadores de preço acabam
reajustando, mas ainda estamos longe ainda do que se viu na época da
hiperinflação”, disse a economista do IBGE Eulina Nunes dos Santos.
Pesquisa da Reuters indicava alta mensal de 0,95 por cento em novembro, chegando em 12 meses a 10,41 por cento.
ALIMENTOS E COMBUSTÍVEIS
O grupo Alimentação e Bebidas foi o que
mais subiu em novembro, com alta de 1,83 por cento, tendo o maior
impacto, de 0,46 ponto percentual.
“O câmbio causa uma avalanche de
aumentos de preços… presente nos adubos, fertilizantes e plantações. Há
ainda o efeito das chuvas no sul do país e o frete mais caro com aumento
do diesel, gasolina e pedágios”, explicou Eulina.
Os preços dos combustíveis, pelo segundo
mês seguido, exerceram o maior peso individual depois de registrarem
alta de 4,16 por cento em novembro, com impacto de 0,21 ponto
percentual.
Somente a gasolina subiu 3,21 por cento
no mês, e o etanol, 9,31 por cento, em decorrência do reajuste de 6 por
cento nos preços das refinarias em vigor desde o dia 30 de setembro.
A inflação também continuou alta nos
últimos meses após a disparada do dólar para perto de 4 reais. A alta
dos preços levou o BC a endurecer o discurso e sinalizar possível
aumento da Selic já em janeiro, após alguns meses de estabilidade da
taxa básica de juros em 14,25 por cento.
“Esses números colocam lenha na fogueira
e elevam a necessidade de novo ciclo contracionista da política
monetária. Não descarto essa possibilidade diante da alteração na
comunicação do BC”, disse a economista do CM Capital Markets Camila
Abdelmalack.
Dentro do cenário de baixíssima
confiança na economia, alimentado também pela crise política e ameaça
concreta de impeachment da presidente Dilma Rousseff, as expectativas de
inflação não param de piorar.
Segundo pesquisa Focus do próprio BC,
que ouve semanalmente uma centena de economistas, a projeção é de alta
do IPCA de 6,70 por cento em 2016 e de 10,44 por cento em 2015. Em ambos
os casos, a inflação estouraria o teto da meta.
“Essa inflação corrente já está
precificada para 2016, mas as correções podem estar atreladas ao
movimento na taxa de câmbio e expectativa de reajustes de
administrados”, completou Camila, da CM Capital Markets.
Para 2017, as contas são de que o
indicador vai subir 5,10 por cento, acima do centro da meta oficial,
também de 4,5 por cento, mas com tolerância de 1,5 ponto percentual.
***(Com informações de Reuters/Por Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira)
(Via FCS)
Nenhum comentário:
Postar um comentário