A decisão do Conselho de Ética sobre a abertura do processo de cassação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi adiado mais uma vez após uma sessão que teve até briga entre parlamentares.
Após a manobra de quarta-feira (9) do
peemedebista para destituir o relator Fausto Pinato (PRB-SP), o conselho
oficializou Marcos Rogério (PDT-RO) para a relatoria.
Em entrevista à imprensa, Marcos Rogério
afirmou não ter medo de pressões e deixou claro que votará pela
abertura do processo de cassação contra Cunha. “Os pressupostos de
admissibilidade estão presentes. Não há surpresa. O mérito é outro
debate, com respeito ao contraditório”, declarou.
Apesar de afirmar que deve votar pela
admissibilidade do processo, Rogério disse que tem algumas divergências
formais em relação ao relatório de Pinato, por isso só irá apresentar
sua versão ao conselho na semana que vem.
Com isso, as discussões foram encerradas
e adiadas pela sétima vez a votação. Novas sessões estão previstas para
as próximas terça (15) e quarta-feiras (16), às 9h30 e às 14h30 em
ambos os dias.
O Congresso entra oficialmente em
recesso no dia 23, só retornando em 2 de fevereiro de 2016. Caso não
haja convocação extraordinária do Congresso, e se o relatório não for
votado até lá, durante todo esse período a tramitação do pedido contra
Cunha é suspensa.
O deputado Pinato queixou-se das
interferências de Cunha no conselho e afirmou que está disposto até a
renunciar seu mandato no Conselho de Ética caso elas continuem. “Estou
disposto a renunciar ao meu mandato porque não quero fazer parte dessa
história”, afirmou.
Alan Marques/Folhapress | ||
Os deputados Wellington Roberto (PR-PB, à esq.) e Zé Geraldo (PT-PA) brigam no Conselho de Ética |
BRIGA
A sessão desta quinta chegou até a ter
briga entre deputados por causa dos constantes pedidos de ordem por
parte da tropa de choque de Cunha, que acabam atrasando o trâmite das
reuniões.
Após o deputado Zé Geraldo (PT-PA)
afirmar que “a turma do Cunha” quer bagunçar a comissão, o deputado
Wellington Roberto (PR-PB), aliado do presidente da Câmara, retrucou
dizendo que “bagunceiro é você”. Os dois começaram uma discussão, se
xingaram e chegaram a trocar tapas.
Eles foram contidos pelos colegas, e o
presidente da comissão, deputado José Carlos Araújo (PSD-BA),
interrompeu a sessão por alguns minutos.
Wellington Roberto negou ser da “turma de Cunha”.
“O presidente Eduardo Cunha não é membro
desse conselho, quem está usando o regimento aqui são membros desse
conselho, não o presidente Eduardo Cunha.”
O deputado Fausto Pinato queixou-se das
intromissões do peemedebista no processo afirmou que está disposto até a
renunciar seu mandato no Conselho de Ética caso as interferências
continuem.
“Estou disposto a renunciar ao meu mandato porque não quero fazer parte dessa história”, disse.
CHICO ALENCAR
O Conselho de Ética ainda aprovou por 16
votos a 0 o arquivamento do processo que pedia a cassação do deputado
Chico Alencar (PSOL-RJ).
Apresentado pelo deputado Paulo Pereira
da Silva (SD-SP), um dos principais aliados de Eduardo Cunha, a
representação apontava suspeita de uso irregular de verbas da Câmara,
mas o objetivo político era retaliar o deputado do PSOL, um dos autores
do pedido de cassação contra o presidente da Câmara.
Aliados do peemedebista podem recorrer
da decisão do Conselho ao plenário da Câmara. Presente à sessão, Chico
Alencar afirmou que não enfrentava uma representação, mas uma
retaliação. E lembrou frase de Zagalo, campeão mundial e ex-técnico da
seleção brasileira.
“Ninguém tem que me engolir ou me
digerir, mas o nosso mandato será exercido da mesma maneira de antes,
não há nenhuma perspectiva de intimidamento”, disse.
(Via Folha e agências)
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