Para Rolf Kuntz, o maior panelaço contra o grotesco programa do PT veio
dos fatos e estatísticas. O governo petista está, de fato, cada vez mais
próximo do brejo. Que as manifestações do próximo dia 16 sejam o
empurrão definitivo:
O maior panelaço contra o vergonhoso e grotesco programa do PT, na
quinta-feira, foi comandado por um homem de confiança do governo,
Aldemir Bendine, presidente da Petrobrás. Antes do vexame televisivo da
presidente Dilma Rousseff, de seu inventor Luiz Inácio Lula da Silva e
de outros companheiros, ele apresentou o balanço da estatal, com um
lucro de R$ 531 milhões no segundo trimestre, 89% menor que o de um ano
antes. Analistas esperavam um resultado na casa dos R$ 4 bilhões,
segundo o Estado.
Problemas de mercado, como a redução dos preços do petróleo, afetaram a receita e os ganhos da empresa, mas o balanço reflete principalmente a faxina financeira e os consertos iniciados pela nova administração. O reconhecimento do passivo tributário – impostos em atraso – acrescentou R$ 3 bilhões às despesas contabilizadas.
O abandono de projetos levou a um corte de R$ 1,2 bilhão no valor dos ativos. “Estamos fazendo aquilo que deveria ter sido feito antes”, disse Bendine. O balanço foi elaborado, segundo ele, com a preocupação de proporcionar “transparência e previsibilidade”. Sua missão básica – nunca foi segredo – é promover a recuperação de uma empresa, a maior do Brasil, saqueada e devastada durante três mandatos petistas.
Problemas de mercado, como a redução dos preços do petróleo, afetaram a receita e os ganhos da empresa, mas o balanço reflete principalmente a faxina financeira e os consertos iniciados pela nova administração. O reconhecimento do passivo tributário – impostos em atraso – acrescentou R$ 3 bilhões às despesas contabilizadas.
O abandono de projetos levou a um corte de R$ 1,2 bilhão no valor dos ativos. “Estamos fazendo aquilo que deveria ter sido feito antes”, disse Bendine. O balanço foi elaborado, segundo ele, com a preocupação de proporcionar “transparência e previsibilidade”. Sua missão básica – nunca foi segredo – é promover a recuperação de uma empresa, a maior do Brasil, saqueada e devastada durante três mandatos petistas.
O trabalho do novo presidente da Petrobrás é uma contrapartida, no mundo econômico e gerencial, da Operação Lava Jato, conduzida nos planos policial e judicial. Cada número citado na apresentação do balanço equivaleu a um golpe barulhento numa panela e ainda ressoará por muito tempo. Antes disso a empresa terá de baixar a um nível tolerável o endividamento acumulado irresponsavelmente.
O panelaço dos fatos continuou no dia seguinte, quando saíram os
números de julho da inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA). Mais uma vez, dados produzidos por um órgão do
governo comprovaram o fracasso e a inconsequência da administração da
presidente Dilma Rousseff.
Os preços pagos pelas famílias aumentaram 0,62% em julho, 6,83% no ano e 9,56% em 12 meses. São números quase inimagináveis numa economia em recessão, exceto em casos patológicos de incompetência governamental. Fora de casos desse tipo, recessão é quase sinônimo de inflação baixa ou mesmo de deflação. Mas no Brasil as projeções ainda apontam para este ano uma alta de preços acima de 9% e uma contração econômica próxima de 2% – e sem perspectiva de um desajuste muito menor nas esfrangalhadas contas públicas.
Os preços pagos pelas famílias aumentaram 0,62% em julho, 6,83% no ano e 9,56% em 12 meses. São números quase inimagináveis numa economia em recessão, exceto em casos patológicos de incompetência governamental. Fora de casos desse tipo, recessão é quase sinônimo de inflação baixa ou mesmo de deflação. Mas no Brasil as projeções ainda apontam para este ano uma alta de preços acima de 9% e uma contração econômica próxima de 2% – e sem perspectiva de um desajuste muito menor nas esfrangalhadas contas públicas.
Para o próximo ano as estimativas apontam um crescimento abaixo de 1% para o produto interno bruto (PIB) e uma inflação ainda superior a 5%. Mas o menor impulso dos preços deverá resultar, segundo se calcula, principalmente de dois fatores: 1) a prolongada retração dos negócios acabará, finalmente, impondo um freio à inflação; e 2) a correção dos preços administrados, como os da eletricidade, será menos intensa do que neste ano.
O baixo nível de atividade neste ano e no próximo será em boa parte
explicável, naturalmente, pelos juros muito altos. Desse ponto de vista,
pelo menos a política monetária, conduzida pelo Banco Central (BC),
terá produzido algum resultado positivo. Não se espera nada semelhante
das demais políticas formuladas e implementadas em Brasília. Ao
contrário: mais provavelmente os congressistas continuarão impondo
maiores gastos ao Tesouro e atrapalhando as ações de ajuste propostas
pelo Executivo.
Mas, se o governo continuar atropelado pelos congressistas e
abandonado até pelos companheiros de partido, a crise econômica poderá
agravar-se muito mais velozmente do que se pode hoje imaginar. O País
será logo rebaixado ao grau especulativo pelas agências de classificação
de risco – um evento já dado como certo por muitos analistas. O custo
do financiamento subirá tanto para o governo quanto para boa parte das
empresas. A arrumação das contas públicas ficará muito mais complicada.
O dólar poderá disparar e a pressão do câmbio sobre a inflação se
tornará mais forte e mais difícil de conter por meio de intervenções do
BC. Na melhor hipótese a depreciação cambial poderá facilitar as
exportações, mas isso é incerto. Se a instabilidade do câmbio for
intensa, os custos serão pressionados e as decisões empresariais,
prejudicadas. Num cenário desses, até a segurança proporcionada por um
bom volume de reservas cambiais – atualmente acima de US$ 360 bilhões –
poderá desaparecer.
Os muito otimistas podem classificar todas essas hipóteses como um
exercício de catastrofismo, mas ninguém deveria desprezar os perigos
neste momento. Os fundamentos da economia continuam muito frágeis, com
inflação muito alta e contas públicas em condição bem pior que as de
países mais atingidos pela crise. O déficit nominal do setor público
passou de 8% do PIB em 12 meses. Na Europa, a média está abaixo de 3%.
Além disso, o ajuste fiscal desses países tem avançado e seu crescimento
econômico tem-se firmado. Os Estados Unidos, apesar de alguns tropeços
ocasionais, continuam criando cerca de 200 mil empregos por mês. Lá, o
desemprego está em 5,3%. No Brasil, passa de 8% e pode aumentar.
Quem pode dizer até onde avançará a Operação Lava Jato e apontar suas
consequências para um governo muito fraco? Segundo o vice-presidente
Michel Temer, o País precisa de alguém para unir as forças e evitar um
desastre. Os ministros o criticaram por isso, mas injustamente. A
declaração teria sido mais venenosa se o unificador fosse descrito como
competente e capaz de propor e conduzir políticas inteligentes e
eficazes. Temer se absteve de indicar esse líder e de mostrar como
poderia assumir o papel sem quebrar as instituições. Sem esperar
resposta, a crise se agrava e o governo, incapaz de enfrentá-la, vai
sendo acuado pelo panelaço dos fatos e dos números catastróficos.
(Estadão).
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