22/11/2015
A comunidade está apreensiva com a chegada da lama proveniente do rompimento da barragem em Mariana ao mar. E também está revoltada pois faltam informações sobre a real dimensão do problema", disse ele.
“Estamos tentando fazer de tudo para minimizar o impacto ambiental dessa tragédia”, acrescentou um dos líderes dos revoltados.
Previsões oficiais indicam que a lama proveniente do rompimento de uma barragem da empresa Samarco em Mariana há duas semanas deve começar a chegar ao litoral do Espírito Santo, onde se localiza a foz do rio Doce, neste domingo.
O ‘tsunami marrom’, como vem sendo
chamado, é composto por rejeitos do beneficiamento de minério de ferro.
Ainda não se sabe se a composição é tóxica para humanos, mas, de acordo
com especialistas, ela funcionaria como uma “esponja”, absorvendo outros
poluentes para dentro do rio.
Na sexta-feira, os moradores da região
realizaram um protesto contra a Samarco, mineradora controlada pela Vale
e pela anglo-australiana BHP Billiton e considerada a responsável pelo
desastre.
A empresa diz que está instalando barreiras de proteção para tentar minimizar o impacto ambiental da lama.
De acordo com Sangália, os trabalhos se
concentram agora em alargar a foz do rio para permitir o escoamento do
material para o mar.
“A lama não pode ficar estacionada
dentro da foz, pois o impacto ambiental será muito maior. É preciso
deixar que esse material chegue ao mar, onde vai se dissipar”.
Divergência
O alargamento da foz do rio Doce segue
determinação da Justiça Estadual do Espírito Santo, que obrigou a
Samarco a adotar as medidas necessárias para facilitar o escoamento da
água.
A decisão, segundo o TJ (Tribunal de
Justiça) do Estado, foi tomada com base na opinião de especialistas e
após encontros com representantes de órgãos como o Iema (Instituto
Estadual de Meio Ambiente) e o ICMBio (Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade).
A Justiça determinou também que a
empresa resgate representantes de todas as espécies da fauna aquática
nativa que têm o rio como habitat, assim como ovos de tartarugas
marinhas que possam ser afetados pela lama.
A decisão da Justiça Estadual contraria
determinação anterior da Justiça Federal, que, por meio de liminar,
havia obrigado a Samarco a impedir que a lama chegasse ao mar sob pena
de multa de R$10 milhões por dia.
Segundo espealistas, a foz do Rio Doce é
um importante celeiro de nutrientes para animais marinhos, como a
tartaruga-de-couro (ameaçada de extinção), o golfinho pontoporia e as
baleias jubartes.
Em entrevista à BBC Brasil, o biólogo
André Ruschi afirmou que o contato da lama com o mar seria equivalente
‘a dizimar o Pantanal’.
“Precisamos impedir a todo custo que
essa lama chegue ao mar. Caso contrário, pode se tornar um desastre de
proporções mundiais, com consequências difíceis de imaginar.
É um risco que não podemos correr. E o
preço que pagaremos por ele será enorme”, disse ele. Já o Ministério do
Meio Ambiente prevê um cenário menos drástico. Segundo o órgão, a lama
atingiria uma área de 9 km de mar ao longo do litoral do Espírito Santo.
A estimativa é baseada em um levantamento feito pelo grupo de pesquisa
do oceanógrafo Paulo Rosman, da UFRJ (Universidade do Estado do Rio de
Janeiro). ***(Com informações de BBC e fotos de FolhaPress e Site de Linhares) Via FCS
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