sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Dilma aproveita-se da epidemia para voltar ao blablabá


Jorge Oliveira

Maceió - No final do ano, como é de praxe, o presidente da república normalmente se dirige à nação para fazer um balanço do ano que se encerra. Em 2015, com  medo da reação dos brasileiros que tem reagido com panelaço, a Dilma não se apresentou em cadeia de TV.

Com uma aprovação de apenas 5%, o pior da história do país, a presidente preferiu prestar contas pela rede social. Nesta quarta-feira, no entanto, ela usou a televisão para falar do mosquito aedes aegypti e do zika vírus que promete bravamente exterminá-los para frear a epidemia que se alastra pelo país.

O pronunciamento da Dilma é oportunista e demagogo. Ela tenta fazer o papel de paladina da nação aproveitando-se de uma situação de calamidade pública que o seu governo, por incompetência, não consegue evitar. O mosquito da dengue e o zika vírus se espalham pelo país sob os olhares indiferentes do seu governo. É bem verdade que a população também tem sua parcela de culpa quando relaxa no combate a proliferação. Mas o fato é que até agora o governo mostrou-se incapaz de uma política séria de combate ao mosquito.

O Ministério da Saúde, a quem estaria afeto o problema, foi sempre usado como um órgão de barganha pelos partidos de olho nos recursos que dispõe. O critério de escolha do ministro é feito por políticos medíocres que se alternam no comando da Pasta como aves de rapina de olho no cofre. Nos últimos anos, os escândalos se sucederam dentro do ministério. O maior deles, denominado de Operação Vampiro, tinha entre os seus personagens o então ministro, Humberto Costa, senador, um dos políticos mais influentes do PT.

O depoimento da Dilma sobre o mosquito é mais uma retórica alienígena do seu governo despreparado e ineficaz. Com exceção de alguns anúncios mal ajambrados na mídia, não se conhece uma ação concreta do governo para combater o mosquito antes que o zika vírus virasse epidemia. Para eximir-se da reponsabilidade pela tragédia, a Dilma disse não saber a origem do mosquito. Ou seja, ele não é brasileiro, portanto, estamos combatendo invasores estrangeiros. Talvez, por isso, ela tenha apelado para o Barak Obama, presidente do EUA, antigo desafeto, para enfrentar a batalha.

Ora, os brasileiros assistem todos os dias pela televisão milhares de pessoas em busca de atendimento nos hospitais. Muitos morrem sem assistência e outros nem conseguem marcar consultas. Não se sabe, por exemplo, até hoje a contribuição dos médicos cubanos à saúde do Brasil vendidos, durante a campanha eleitoral, como os salvadores da pátria.

Dilma, na televisão, quer tirar proveito da tragédia, fazer uma média com os brasileiros. Aparece como o general da guerra contra o mosquito. Quer esmagá-lo com a retórica de que “ele não nos vencerá, somos mais forte”, como enfatizou no pronunciamento. Uma bobagem para vender a imagem de uma mulher valente, guerreira, obstinada, preocupada com o bem estar da população.

A epidemia no Brasil não se restringe apenas ao mosquito da dengue. Ela também chegou aos órgãos público na forma de corrupção. O país vive um dos seus piores momentos. Perdeu a credibilidade internacional e precisa recuperar a sua economia em frangalhos, destroçada por um governo tonto e desmiolado tão nocivo ao povo brasileiro como o próprio mosquito da dengue e o zika vírus.

Não é aparecendo na televisão, depois de ser vaiada na abertura dos trabalhos do Congresso Nacional, conclamando o povo para o mutirão contra a dengue e o zika vírus, que a presidente vai se isentar da responsabilidade pelo fracasso na prevenção do combate ao aedes aegypti

A Dilma precisa descer do palanque eletrônico que lhe permite aparecer sob efeitos especiais. Os brasileiros querem menos blablabá e mais ação.

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