Região perdeu quase metade da cobertura original do solo/Foto: tvbrasil
Um
levantamento realizado pelo Laboratório de Ecologia e de Ecossistemas
da UnB (Universidade de Brasília) divulgou que as consequências do
desmatamento na fronteira agrícola do Cerrado composta pelos estados do
Maranhão, Tocantins, Piauí e pela Bahia são menos estudados em
comparação com outras regiões do mesmo bioma.
O
estudo considera aqueles artigos científicos que abordam o estoque e
fluxo de carbono, de nitrogênio e fósforo, elementos químicos
considerados essenciais no processo de incorporação do carbono pelas
plantas. Em cerca de 105 estudos, apenas três se referem à região, o que
leva os pesquisadores a concluírem que o conhecimento sobre os efeitos
ainda são pouco conhecidos.
A atração
pela região do Matopiba, como foi batizada a área do quatro estados, se
deve ao baixo valor cobrados pelas terras. Os hectares são mais baratos
que áreas conhecidas por atividades agropecuária intensa e ativa, como
aquelas localizadas em Mato Grosso e Goiás.
A
pesquisa aponta que os estados do Piauí, Bahia, Maranhão e Tocantins
atingiram a marca de 65% de desmatamento do Cerrado, de acordo com o
Ministério do Meio Ambiente. Os dados foram recolhidos entre 2009 e 2010
e o percentual equivale a 4.200 quilômetros quadrados, elevando o bioma
ao status de um dos mais ameaçados do país.
Considerado
o maior causador da emissão de dióxido de carbono no Brasil, o
desmatamento contribui com a diminuição da camada de ozônio e influencia
diretamente as mudanças climáticas. De acordo com os dados, a região
perdeu cerca de 1 milhão de km², o equivalente a 48,5% da cobertura
original do solo.
Em declaração
concedida à Agência Brasil, a coordenadora-geral de Gestão e
Ecossistemas do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Mercedes
Bustamante, e que também atua como professora do Departamento de
Ecologia da UnB, afirmou que a exploração da região Norte poderia ser
diferente da que é realizada no Sul, porém, no momento, não existem
incentivos positivos que evitem o desmatamento desenfreado, a exemplo da
dedução de encargos ou o pagamento de serviços ambientais.
Ainda
segundo Mercedes Bustamante, é preciso diálogo com o setor de
agronegócio. "Se não trouxer o setor produtivo, como vamos racionalizar o
uso das águas?", questiona.
A
vegetação no Cerrado é essencial para manter o equilíbrio do índice
pluviométrico. O desmatamento, além de sacrificar espécies ameaçadas de
extinção e afetar a absorção de água e do carbono, pode afetar também as
áreas não degradadas.
A pesquisa
sobre o cerrado envolve pesquisadores de diversas instituições. Ao
todo, são 15 especialistas oriundos da UnB, da UFG (Universidade Federal
de Goiás) e da Universidade de New Hampishire (Estados Unidos). O
estudo também conta com representantes do INCT (Instituto Nacional de
Ciência e Tecnologia) para Mudanças Climáticas.
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