terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Harpia: cada vez mais ameaçada

Harpia: cada vez mais ameaçada

O Projeto Gavião Real estuda a harpia há mais de vinte anos na natureza. Os pesquisadores Aureo Banhos, Tomas Hrbek, Tânia M. Sanaiotti e Izeni Pires Farias acabam de publicar um estudo que aponta a redução na diversidade genética da espécie no cenário de desmatamento das florestas tropicais brasileiras. Eles analisaram amostras históricas e atuais, de 1904 a 2008, explorando exemplares depositados nas coleções dos museus mais importantes do Brasil.

Eles detectaram uma redução de 15% a 19% na diversidade da espécie no sul da Amazônia e na Mata Atlântica, região que sofreu drástico desmatamento e consequente extensa perda de habitat. A diversidade genética é um componente importante da biodiversidade e sua redução pode aumentar o risco de extinção e diminuir o potencial evolutivo das populações.


A harpia possui um longo tempo de geração de 18,5 anos, é a maior águia na região Neotropical e mais da metade de sua distribuição está concentrada no Brasil. É uma espécie que depende da floresta, alimenta-se principalmente de presas arborícolas, nidifica em árvores emergentes no dossel, retorna para a mesma árvore para nidificação e exige grandes extensões de floresta para a sobrevivência. 


Globalmente, a harpia é considerada quase ameaçada de extinção pela IUCN. No Brasil, a harpia é considerada ameaçada de extinção, através da Portaria 444, na categoria de Vulnerável, pelo Ministério do Meio Ambiente. Além da perda de habitat, a harpia sofre efeitos da caça e captura para criação em cativeiro, do corte seletivo de árvores com ninhos ativos, de impactos diretos da construção de estradas e ocupação de áreas associadas, de impactos diretos da construção de hidroelétricas e da rede de transmissão de energia, todas essas ameaças reduzem drasticamente sua população.

Os pesquisadores acreditam que ações de conservação que envolvam a preservação do habitat podem ser positivas para a manutenção da diversidade genética da harpia. Tais ações podem envolver: (i) a proteção de árvores de nidificação e casais reprodutivos; (ii) a proteção das áreas de florestas remanescentes do sul da Amazônia e na Mata Atlântica; e (iii) restauração e proteção de corredores florestais entre a Amazônia e Mata Atlântica.


Se a Portaria 444 for sustada, a harpia é uma das espécies que perderia o status de ameaçada.


Lutar pela lista de espécies ameaçadas é uma das formas de ajudarmos a proteção desta espécie.

 


A bela foto é de João Marcos Rosa


Fonte:
Reduction of Genetic Diversity of the Harpy Eagle in Brazilian Tropical Forests
Banhos A, Hrbek T, Sanaiotti TM, Farias IP (2016) Reduction of Genetic Diversity of the Harpy Eagle in Brazilian Tropical Forests. PLoS ONE 11(2):e0148902. doi: 10.1371/journal.pone.0148902
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