quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Estudo comparativo entre crianças criadas por casais gays e crianças criadas por casais hetero.


O estudo é do sociólogo Mark Regnerus na Universidade do Texas em Austin e apresenta diferenças significativas do desenvolvimento das crianças de acordo com o tipo de família onde são criadas.  Regnerus lidera uma equipe de pesquisadores do NFSS (Estudo de Novas Estruturas Familiares) da Universidade do Texas e conseguiram entrevistar em 2011 uma amostra de 2988 adultos. 

A pesquisa é original em três aspectos:

- Compara a renda familiar de casais gays, de casais lésbicos e casais hetero. A maior parte dos estudos anteriores comparava indistintamente gays ou lésbicas com famílias monoparentais ou divorciadas e não levavam em conta os diferentes extratos socioeconômicos.

- A amostra considera apenas jovens adultos (18 a 39 anos) que falaram sobre suas infâncias. Os outros estudos se concentraram nas respostas que os casais davam sobre como suas famílias homo ou hetero educavam seus filhos. Uma diferença notável.

- O novo estudo se apoia numa mostra representativa da população dos EUA, em cima dos dados obtidos no censo de 2010. Os estudos anteriores se apoiaram em amostras que não podem ser aplicadas ao país como um todo. 

Esclarecendo

Antes de falar dos resultados, dois pontos importantes precisam ser esclarecidos. A pesquisa não pretende analisar a relação sobre o tipo de educação que um casal dá e o desempenho das crianças, mas uma comparação entre os resultados obtidos com casais gays ou lésbicos versus casais hetero. 


Por exemplo, quando o estudo conclui que as crianças que tiveram um pai gay são muito mais propensas a sofrer de depressão quando adultas do que as crianças que vêm de lares hetero, este não afirma que o pai gay foi a causa da depressão do seu filho ou da sua filha, mas simplesmente que essas crianças têm em média mais casos de depressão por razões não identificadas pelo estudo. 


O estudo controlou variáveis ​​como idade, sexo, raça, nível de escolaridade da mãe, renda familiar, o tipo de legislação gay no estado de origem do entrevistado e a experiência de ter sofrido bulling quando jovem. Esses controles foram usados para evitar extrapolações nas conclusões. 

Em segundo lugar, o estudo descobriu que as crianças que foram criadas por um casal gay ou de lésbicas há pelo menos 15 anos atrás, eram geralmente concebidas dentro de um casamento heterossexual, que, em seguida, passou por divórcio ou separação, deixando a criança com uma mãe ou pai solteiro. 


Esses pais ou mães tiveram pelo menos um relacionamento romântico com alguém do mesmo sexo, às vezes fora de casa da criança, às vezes dentro. Para ser mais específico, entre os entrevistados que disseram que sua mãe teve um relacionamento com alguém do mesmo sexo, uma minoria, 23%, disseram ter passado pelo menos três anos vivendo na mesma casa com a sua mãe e sua parceira. 


Apenas dois dos 15 mil pré-selecionados passaram um período de 18 anos com as mesmas duas mães. Entre aqueles que disseram que seu pai havia tido um relacionamento homossexual, 1,1% relataram passar pelo menos três anos, juntamente com os mesmos dois homens.

Isto sugere que as relações do mesmo sexo dos pais eram muitas vezes de curta duração, um achado consistente com uma pesquisa realizada sobre os níveis elevados de instabilidade entre os parceiros de mesmo sexo. 


Apesar de usar uma amostra grande, representativa da população dos EUA, e apesar de usar táticas de triagem visando aumentar o número de entrevistados, um segmento muito pequeno relatou ter sido criado pelos mesmos dois pais ou duas mães por um período mínimo de três anos. 


Estudos de diferentes nações mostram também que, em média, relacionamentos de casais do mesmo sexo são mais curtos do que os dos casais hetero.
Resultados da pesquisa 

(confira em: http://www.prc.utexas.edu/nfss/publications.html)

- 48% dos filhos de gays e 43% dos filhos de lésbicas se declaram negros ou hispânicos, um número muito maior do que anteriormente encontrado nos estudos baseados em amostras de conveniência. Crianças criadas por lésbicas tiveram quase quatro vezes mais probabilidade de usar atualmente a assistência pública do que os filhos de heteros. 

Como jovens adultos, os filhos de homoafetivos tinham também 3,5 vezes mais probabilidade de estar desempregados do que os filhos de heteros.

- Os filhos de gays mostraram maior propensão para se envolver com a criminalidade. Na média, tem mais registro de prisões e condenações do que os filhos de hetero. Os filhos de lésbicas registraram o segundo maior nível de envolvimento em crimes e prisões.

- Os filhos de lésbicas foram molestados sexualmente por um dos pais onze vezes mais e os filhos de gays três vezes mais do que filhos de heteros. Quando a pergunta era sobre ser forçados a ter intercurso sexual contra a vontade, os filhos de lésbicas disseram quatro vezes mais “sim” do que os filhos de heteros. Os filhos de gays disseram “sim” três vezes mais do que os filhos de heteros.

- Quanto à presença de doenças sexualmente transmissíveis (DST), os filhos de gays registraram o problema três vezes mais, os filhos de lésbicas 2,5 vezes mais do que os filhos de hetero (os filhos criados com padrasto tiveram 2 vezes mais do que o caso de filhos criados com pai e mãe biológicos).

- Sobre o uso de maconha, os filhos de pais divorciados tiveram o pior registro: 1,5 vezes mais do que os filhos de pais que permaneceram casados.

- Quanto à percepção emocional de se sentirem seguros na infância, os filhos de lésbicas tiveram os menores índices, seguidos dos filhos de gays. Na questão de acudir a um terapeuta devido à ansiedade, depressão, etc. os filhos adotados tiveram o pior índice, seguido dos filhos de lésbicas.

- No diagnóstico de depressão como adultos, os filhos de homoafetivos registram índices muito maiores do que os filhos de héteros. Os filhos de gays tiveram 2 vezes mais pensamentos de suicídio do que os filhos de lésbicas e 5 vezes mais do que os filhos de héteros.

- Quanto à qualidade do relacionamento que possuem atualmente com outros adultos, as respostas apontam que os filhos de lésbicas tiveram o pior desempenho, seguidos dos filhos adotados, filhos com padrasto e filhos de gays.

- Quanto à infidelidade, filhos de lésbicas tiveram 3 vezes mais casos enquanto casados (ou coabitando) que os filhos de heteros. Os filhos de gays tiveram 2 vezes mais casos.

- Na questão da orientação sexual, filhos de lésbicas são os que registram maior inclinação para relacionamento com pessoas do mesmo sexo, bissexualidade e assexualidade. Filhas de lésbicas tiveram em média uma mulher e quatro homens como parceiros ao longo da vida. Filhas de heteros tiveram 0,22 mulheres e 2,79 homens parceiros no mesmo período. Filhas de gays são as que mais registraram assexualidade.

Mais dados também em: www.familystructurestudies.com.
Conclusões

Estatísticamente, o estudo mostra evidências de que há diferenças profundas em ser criado por casais heteros ou ser criado por casais LG. Mais ainda: ser criado pelo pai e pela mãe biológicos, num lar sem separação ou divórcio, parece ser o que mais traz vantagens para uma criança.

Crescendo com duas mães: um testemunho
Roberto Oscar Lopez foi um dos entrevistados no estudo de Mark Regnerus. Ele também quis publicar o seu testemunho pessoal.
As crianças de pais de mesmo sexo terão um caminho duro pela frente. Eu sei disso porque eu fui uma delas. Entre 1973 e 1990, quando minha mãe faleceu, ela e sua parceira me criaram.  


Elas tinham casas separadas, mas passavam quase todos os fins de semana juntos comigo em um trailer escondido discretamente em um parque a 50 minutos de distância da cidade onde morávamos. Como o mais novo dos filhos biológicos de minha mãe, eu fui o único que teve uma infância sem o pai por perto.

Crescer com mães lésbicas foi muito difícil e não por causa do preconceito dos vizinhos. As pessoas em nossa comunidade não sabiam realmente o que estava acontecendo em casa. Para os de fora, eu era uma criança normal, bem educada e inteligente, terminando o colégio com notas excelentes. 

Por dentro, no entanto, eu estava confuso. Quando a sua vida doméstica é tão drasticamente diferente, você cresce meio estranho. Eu não tenho problemas de saúde mental ou físicos. Apenas cresci em uma casa tão incomum que eu estava destinado a existir como um ponto fora da curva. 


Meus colegas aprenderam todas as regras não escritas de comportamento e de linguagem corporal em suas casas; eles entenderam o que era apropriado para dizer em determinadas situações e o que não era; eles aprenderam tanto dos tradicionais mecanismos sociais masculinos como dos femininos. Eu não.

Mesmo quando os pais dos meus colegas eram divorciados, e muitos deles eram, eles ainda assim cresceram vendo modelos sociais masculinos e femininos. Eles aprenderam como ser duros e inflexíveis, abordagem típica da figura masculina, e como dizer obrigado e ser sensível a partir da figura feminina. São estereótipos, é claro, mas os estereótipos vêm a calhar quando você inevitavelmente tem que deixar a segurança do trailer da sua mãe lésbica e tem que trabalhar e sobreviver em um mundo onde todo mundo pensa em termos estereotipados, até mesmo os gays.

Eu não tive nenhuma figura masculina para seguir, e minha mãe e sua parceira tampouco eram um pai tradicional ou uma mãe tradicional. Dessa forma, eu tinha muito poucos sinais sociais para oferecer a potenciais amigos ou amigas, já que eu não era nem confiante nem sensível para os demais. 


Eu afastava as pessoas e raramente tive amigos. Os gays que cresceram em famílias de pais heterossexuais podem ter lutado com a sua orientação sexual, mas quando chegaram ao vasto universo social sabiam como agir, como falar, como se comportar, porque tiveram a vantagem de aprender em casa. Muitos gays não percebem a bênção de ser criado em um lar tradicional.

 Minha vida doméstica não era tradicional nem convencional. Eu me tornei estranho até mesmo aos olhos de gays e bissexuais que tinham pouca paciência para alguém como eu. Eu era tão estranho para eles como para os heterossexuais. A vida é difícil quando você é estranho. Mesmo agora, eu tenho muito poucos amigos e muitas vezes sinto que não entendo as pessoas. Embora eu seja um trabalhador sério e capaz de aprender rápido, tenho problemas em ambientes profissionais, pois os colegas me acham bizarro.


Em termos de sexualidade, gays que cresceram em famílias tradicionais se beneficiaram de pelo menos ver algum tipo de ritual de namoro ao seu redor. Eu não tinha ideia de como me tornar atraente para as meninas. Quando eu pisava fora do trailer das minhas mães, eu estava imediatamente marcado por causa dos meus trejeitos de menina, roupas engraçadas e modos estranhos. Não é surpreendente que eu tenha terminado a escola virgem, sem nunca ter tido uma namorada.


Quando cheguei à faculdade, acionei o “radar” de todo mundo e o grupo LGBT do campus rapidamente se aproximou de mim para me dizer que era 100% certo de que eu era um homossexual. Quando me tornei bissexual, disseram a todos que eu estava mentindo, apenas ainda não estava pronto para sair do armário como gay. Assustado e traumatizado pela morte de minha mãe, eu saí da faculdade em 1990 e cai no que pode ser chamado de submundo gay. Ali aconteceram coisas terríveis comigo.

Quando eu tinha 28 anos me vi em um relacionamento com uma mulher, o que chocou a todos que me conheciam e surpreendeu até a mim mesmo. Eu me chamo bissexual porque levaria muito tempo para explicar como acabei me acertando depois de quase 30 anos como gay.

O pesquisador Mark Regnerus mereceria crédito da comunidade gay, mas tem sido silenciado. Ele fez um estudo identificando adultos que foram criados como eu. As respostas não são favoráveis à agenda do casamento gay e dizem que ser criado num lar desse tipo oferece um grande risco para os filhos crescerem desajustados, para o álcool e outras substancias perigosas. Cada um desses casos são histórias humanas, com muitas complexidades. Tal como é o meu caso, merecem ser contadas, mas o movimento gay está trabalhando para que elas não sejam ouvidas.

Quero bem a minha mãe, mas não meço palavras quando tenho que dizer quão duro foi crescer num lar gay. Os primeiros estudos sobre o tema abordam crianças que ainda vivem num desses lares e, portanto, ainda não tem liberdade para falar. Honestamente, eu fui reprimido, literalmente, durante décadas.

Como um homem, apesar de ser bissexual, eu não consigo ver a mãe do meu filho como se ela fosse uma incubadora descartável. Tenho que ajudar a minha esposa através das dificuldades da gravidez e da depressão pós-parto. Devo atender a suas necessidades sexuais. Uma vez que me tornei pai, deixei de lado meu passado homossexual e jurei nunca me divorciar da minha esposa ou ficar com outra pessoa, homem ou mulher. Eu escolhi esse compromisso, a fim de proteger os meus filhos de um drama doloroso. Quando você se torna pai, questões éticas giram em torno de seus filhos e você tem que deixar de lado os seus próprios interesses.

“Muitas pessoas têm rejeitado a minha história com quatro simples palavras: “Você é um conservador". Sim, eu sou. 

Porque isso aconteceu? Mudei para esse lado, porque eu vivia precisamente o ambiente antinormativo, marginalizado e oprimido que a esquerda celebra: Eu sou um intelectual latino bissexual, criado por uma lésbica, que experimentou a pobreza no Bronx quando jovem. Eu sou perspicaz o suficiente para perceber que as políticas sociais liberais não ajudam as pessoas nessas condições. 


Condeno especialmente a atitude liberal de não fazer julgamentos sobre a sexualidade das pessoas. No mundo gay do Bronx, eu limpei um número suficiente de apartamentos de homens que tinham morrido de AIDS e entendi que a resistência à tentação sexual é fundamental para qualquer tipo de sociedade humana. 


O sexo pode ser prejudicial não só por causa de doenças infecciosas, mas também porque nos deixa vulneráveis ​​e mais propensos a se apegar a pessoas que não nos amam. A esquerda não entende nada disso. É por isso que eu sou conservador.

Robert Lopez é professor assistente de inglês na California State University-Northridge.

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