29/02/2016 15h59
- Atualizado em
29/02/2016 16h14
Na semana passada, ONU fez alerta sobre o desaparecimento das abelhas.
Risco de extinção do inseto pode afetar produção mundial de alimentos.
O apicultor Carlos Celano de Leme está preocupado com a diminuição do número de abelhas e acumula prejuízos. "Em 2012, 2013, 2014 e 2015 praticamente foram 150 caixas de abelhas e quase 80 mil abelhas foram dizimadas. Isso eu falo só no meu. Agora tem vários apicultores que também perderam bastantes caixas".
mortandade de abelhas (Foto: Wilson Aiello/EPTV)
Em Santa Cruz da Conceição, houve uma perda muito maior. Em 2014, cinco milhões de abelhas morreram por causa de um inseticida. "A gente chegou a perda total. Até hoje está difícil recuperar, não conseguimos levantar tudo, estamos aos poucos porque foi uma perda muito grande", afirmou o apicultor Marcelo Lopes.
Polinização e produção de alimentos
Além de produzirem mel e própolis, as abelhas têm um papel fundamental na natureza. São insetos polinizadores, pois levam grãos de pólen de um ponto a outro na mesma flor ou em flores diferentes, garantindo a reprodução das plantas.
A mortalidade das abelhas põe em risco a produção de alimentos. Sem elas, vários tipos de plantas não dão frutos ou então produzem menos. Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), 75% das culturas dependem da polinização e é o caso das plantações de maçã, melão e laranja.
Na semana passada, a ONU fez um alerta sobre a mortandade das abelhas e de outros polinizadores, como as borboletas. Várias espécies estão ameaçadas de extinção.
O biólogo da Unesp de Rio Claro Osmar Malaspina explica que três fatores explicam a queda no número de insetos.
"O primeiro problema é o desmatamento e, com isso, as abelhas perdem os seus locais de fazer os ninhos. No segundo caso são mudanças climáticas e no terceiro, que no Brasil eu considero sério, é o caso dos pesticidas e inseticidas", disse Malaspina.
Só no Brasil, 10 mil colmeias desaparecem todos os anos, segundo o pesquisador da Unesp. Se nada for feito, as consequências vão ser graves. "Se mantiver isso pode faltar alimento no futuro com certeza", disse.
produção de alimentos (Foto: Wilson Aiello/EPTV)
Atualmente existem cerca de 20 mil espécies de abelhas no mundo. "Se a gente tivesse que pagar para as abelhas a prestação do serviço que ela faz para gente na produção de alimentos, os economistas calculam que a gente deveria depositar todo ano entre US$ 300 bilhões a US$ 500 bilhões. Não dá para abrir mão desse serviço", finalizou o biólogo Osmar Malaspina.
Revertendo prejuízos
No sítio do apicultor Ovilso Santos, também em Leme, a realidade começou a mudar. Ele chegou a perder 22 colmeias, mas conseguiu reverter o prejuízo depois de conversar com os agricultores vizinhos.
"Eu procuro me informar sobre o que eles estão passando, a forma, a hora que eles estão passando o agrotóxico. Se eles passarem a noite que as abelhas não estão indo na flor, ameniza um pouco a mortandade. No meu apiário teve resultado, porque aqui as minhas abelhas começaram a aumentar mais de 75%", explicou Santos.
Segundo os apicultores, uma das alternativas é usar os inseticidas em horários em que as abelhas não polinizam as flores, como, por exemplo, à noite, o que ajuda a diminuir a mortandade.
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