Na cidade, eles suprem em parte a carência de ônibus. No entanto, a atividade não é regulamentada
Carla Rodrigues
carla.rodrigues@jornaldebrasilia.com.br
Eles vieram da Ásia para Brasília. Os triciclos apelidados de tuk-tuk estão ganhando a cidade.
Depois de ficar desempregado, o ex-motorista de ônibus Oswaldo Cordeiro, de 46 anos, decidiu investir no veículo e colocá-lo à disposição dos moradores do Park Way como uma opção de transporte. E não é que deu certo? A ideia, que tem menos de um mês, já rendeu. E, agora, são dois tuk-tuks rodando entre as quadras 1 e 29 de um dos bairros mais nobres da capital. No Plano Piloto, aos poucos os veículos também aparecem aos poucos.
“Eu trabalhava como motorista de ônibus das linhas que atendem o Park Way. E notava que o pessoal sofria muito com a falta de transporte. Então, quando saí do emprego, tive a ideia de mandar fazer um tuk-tuk para funcionar como mototáxi”, conta Oswaldo, conhecido pelos passageiros como Galego.
“Fiz tudo certinho. Procurei o Sindicato dos Mototaxistas e fui me informando. Aí, eles me deram apoio e está tudo certo. O transporte é seguro, barato, tem cinto de segurança. Já até temos o segundo tuk-tuk”, ressalta.
Galego e o sócio Milton Hilário dos Santos, de 33 anos, começam a jornada de trabalho nos tuk-tuks por volta das 6h. Eles esperam os passageiros descerem nas principais paradas de ônibus do Park Way e os levam ao destino desejado entre as quadras da região. O serviço só para por volta das 19h.
Tranquilidade
“É o dia inteiro levando e trazendo gente. E o pessoal gosta. A viagem é tranquila. Tinha muita gente que andava a pé aqui até chegar ao local certo. Agora não. Tem o tuk-tuk. E a viagem é só R$ 4”, diz ainda Oswaldo.
E, de fato, quem dependia do transporte público para se locomover no Park Way garante: os tuk-tuks do Galego adiantam a vida de muita gente, especialmente dos funcionários dos moradores da região.
“Eu trabalho como diarista na Quadra 18, e a parada é muito longe da casa. Não tem transporte.
A gente esperava, no mínimo, 40 minutos para pegar um ônibus. Agora não. O tuk-tuk ajuda muito. É o mesmo preço do ônibus e faz o percurso com segurança, sem correr”, elogia Edinalda dos Santos, de 56 anos, logo depois de sair do veículo e sair rumo à parada de ônibus.
Motorista comemora sucesso
O motorista dos tuk-tuks do Park Way, conhecido como Galego, deixa a diarista Edinalda dos Santos na parada e não demora muito e já precisa ir de novo buscar novas passageiras.
“Vou ali na 29 agora. São minhas passageiras. Os patrões dela que me contrataram para levá-las até lá e depois buscá-las”, conta Galego. E, em menos de dez minutos, ele chegou ao local. “O tuk-tuk não ultrapassa 60 km/h. Então, tem viagens mais rápidas e outras menos. É muito tranquilo”, salienta. “Eu comprei o tuk-tuk por R$ 15,9 mil para sobreviver. E está dando muito certo”, comemora, enquanto aguarda as clientes.
Passageiras a bordo e o veículo segue de volta ao ponto de ônibus. “Antes do tuk-tuk, nossos patrões nos buscavam, o que era bem complicado, porque o tempo começou a ficar apertado. Agora, é bem tranquilo. Ele nos pega às 8h na parada e, à tarde, nos leva de volta para o ponto. Sem contar que a viagem demora menos de dez minutos”, diz Lidia Santos, de 32 anos.
Moradora da Cidade Ocidental, ela critica a quantidade de ônibus no Park Way. “Não tem praticamente. É muito sofrido para os funcionários daqui”, afirma.
Falta regulamentação do trabalho
Segundo o diretor do Sindicato dos Mototaxistas (Sindmototaxi) Rubens de Almeida, apesar da clara necessidade de investimentos em meios de transporte coletivo no Park Way e em outras regiões do Distrito Federal, a Secretaria de Mobilidade (Semob) promete, há mais de um ano, a regulamentação da Lei do Mototáxi em Brasília.
“A população gostou muito do serviço prestado pelo tuk-tuk. Ele oferece segurança e está incluído no mototáxi. E lá (Park Way) só o que funciona direito é o transporte irregular. Não entendo porque essa demora para tornar o serviço legal. Acho que o processo deveria ser acelerado”, afirma o diretor do sindicato.
Lei existe
Por meio de nota, a Secretaria de Mobilidade afirmou que a Lei dos Mototaxistas de fato existe e será regulamentada.
“No momento, a secretaria elabora um estudo sobre a regulamentação da modalidade de modo a garantir segurança para os usuários e para os prestadores do serviço”, informou o órgão.
Irregular
A pasta informou ainda que o tuk-tuk é um transporte individual caracterizado como mototáxi. Porém, é irregular, visto que a profissão ainda não foi liberada legalmente.
A secretaria disse ainda que “não foi realizada nenhuma avaliação de viabilidade técnica para detectar a segurança para o transporte de passageiros”.
Além disso, apontou: “O DFTrans está em constante contato com a Administração do Park Way no sentido de melhorar a oferta de horários das linhas”.
Há um estudo em andamento para avaliar a situação. “A região é praticamente atendida por linhas rurais, que são operadores autônomos”, destacou o órgão.
Ideia é estender a frota pela cidade
E não é que o Galego conseguiu três clientes em apenas um condomínio do Park Way? Além de Lidia Santos, que trabalha em uma casa da região, Conceição Nunes, de 40 anos, também é cliente do serviço dos tuk-tuks.
“A moda pegou mesmo aqui. É bom para todo mundo. Funciona bem, com segurança. Não temos do que reclamar”, diz a diarista Conceição. Há ainda uma outra moça adepta do serviço.
Clientes conquistadas, dinheiro entrando no caixa. Em menos de um mês de serviço, Galego garante que, em alguns dias, fatura quase R$ 200.
Dá retorno
“Tem dias que eu consigo tirar uns R$ 150, outros R$ 180. É um investimento que está dando retorno”, afirma Galego, confessando que pretende, se der, estender a frota de triciclos na cidade.
“Eu tenho a intenção, sim. Mas, para fazer isso, preciso ter certeza de que a lei vai permitir o serviço.
Porque, na verdade, a lei que regulamenta o serviço de mototáxi já existe. Porém, ainda não foi regulamentada. E eu quero fazer tudo certo”, destaca.
Saiba mais
A lei que permite o serviço de mototáxis no Distrito Federal foi publicada em 2014 no Diário Oficial do DF e deveria ter sido regulamentada em 90 dias. Pela legislação, 2,5 mil profissionais seriam credenciados para prestar o serviço nas regiões administrativas do DF.
Porém, até agora, isso não foi feito.
Em Brasília, o fabricante de tuk- tuk fica na Cidade do Automóvel, na Estrutural. Foi lá que Galego e o sócio montaram seus triciclos. O valor foi o mesmo nos dois casos: R$ 15,9 mil.
carla.rodrigues@jornaldebrasilia.com.br
Eles vieram da Ásia para Brasília. Os triciclos apelidados de tuk-tuk estão ganhando a cidade.
Depois de ficar desempregado, o ex-motorista de ônibus Oswaldo Cordeiro, de 46 anos, decidiu investir no veículo e colocá-lo à disposição dos moradores do Park Way como uma opção de transporte. E não é que deu certo? A ideia, que tem menos de um mês, já rendeu. E, agora, são dois tuk-tuks rodando entre as quadras 1 e 29 de um dos bairros mais nobres da capital. No Plano Piloto, aos poucos os veículos também aparecem aos poucos.
“Eu trabalhava como motorista de ônibus das linhas que atendem o Park Way. E notava que o pessoal sofria muito com a falta de transporte. Então, quando saí do emprego, tive a ideia de mandar fazer um tuk-tuk para funcionar como mototáxi”, conta Oswaldo, conhecido pelos passageiros como Galego.
“Fiz tudo certinho. Procurei o Sindicato dos Mototaxistas e fui me informando. Aí, eles me deram apoio e está tudo certo. O transporte é seguro, barato, tem cinto de segurança. Já até temos o segundo tuk-tuk”, ressalta.
Galego e o sócio Milton Hilário dos Santos, de 33 anos, começam a jornada de trabalho nos tuk-tuks por volta das 6h. Eles esperam os passageiros descerem nas principais paradas de ônibus do Park Way e os levam ao destino desejado entre as quadras da região. O serviço só para por volta das 19h.
Tranquilidade
“É o dia inteiro levando e trazendo gente. E o pessoal gosta. A viagem é tranquila. Tinha muita gente que andava a pé aqui até chegar ao local certo. Agora não. Tem o tuk-tuk. E a viagem é só R$ 4”, diz ainda Oswaldo.
E, de fato, quem dependia do transporte público para se locomover no Park Way garante: os tuk-tuks do Galego adiantam a vida de muita gente, especialmente dos funcionários dos moradores da região.
“Eu trabalho como diarista na Quadra 18, e a parada é muito longe da casa. Não tem transporte.
A gente esperava, no mínimo, 40 minutos para pegar um ônibus. Agora não. O tuk-tuk ajuda muito. É o mesmo preço do ônibus e faz o percurso com segurança, sem correr”, elogia Edinalda dos Santos, de 56 anos, logo depois de sair do veículo e sair rumo à parada de ônibus.
Motorista comemora sucesso
O motorista dos tuk-tuks do Park Way, conhecido como Galego, deixa a diarista Edinalda dos Santos na parada e não demora muito e já precisa ir de novo buscar novas passageiras.
“Vou ali na 29 agora. São minhas passageiras. Os patrões dela que me contrataram para levá-las até lá e depois buscá-las”, conta Galego. E, em menos de dez minutos, ele chegou ao local. “O tuk-tuk não ultrapassa 60 km/h. Então, tem viagens mais rápidas e outras menos. É muito tranquilo”, salienta. “Eu comprei o tuk-tuk por R$ 15,9 mil para sobreviver. E está dando muito certo”, comemora, enquanto aguarda as clientes.
Passageiras a bordo e o veículo segue de volta ao ponto de ônibus. “Antes do tuk-tuk, nossos patrões nos buscavam, o que era bem complicado, porque o tempo começou a ficar apertado. Agora, é bem tranquilo. Ele nos pega às 8h na parada e, à tarde, nos leva de volta para o ponto. Sem contar que a viagem demora menos de dez minutos”, diz Lidia Santos, de 32 anos.
Moradora da Cidade Ocidental, ela critica a quantidade de ônibus no Park Way. “Não tem praticamente. É muito sofrido para os funcionários daqui”, afirma.
Falta regulamentação do trabalho
Segundo o diretor do Sindicato dos Mototaxistas (Sindmototaxi) Rubens de Almeida, apesar da clara necessidade de investimentos em meios de transporte coletivo no Park Way e em outras regiões do Distrito Federal, a Secretaria de Mobilidade (Semob) promete, há mais de um ano, a regulamentação da Lei do Mototáxi em Brasília.
“A população gostou muito do serviço prestado pelo tuk-tuk. Ele oferece segurança e está incluído no mototáxi. E lá (Park Way) só o que funciona direito é o transporte irregular. Não entendo porque essa demora para tornar o serviço legal. Acho que o processo deveria ser acelerado”, afirma o diretor do sindicato.
Lei existe
Por meio de nota, a Secretaria de Mobilidade afirmou que a Lei dos Mototaxistas de fato existe e será regulamentada.
“No momento, a secretaria elabora um estudo sobre a regulamentação da modalidade de modo a garantir segurança para os usuários e para os prestadores do serviço”, informou o órgão.
Irregular
A pasta informou ainda que o tuk-tuk é um transporte individual caracterizado como mototáxi. Porém, é irregular, visto que a profissão ainda não foi liberada legalmente.
A secretaria disse ainda que “não foi realizada nenhuma avaliação de viabilidade técnica para detectar a segurança para o transporte de passageiros”.
Além disso, apontou: “O DFTrans está em constante contato com a Administração do Park Way no sentido de melhorar a oferta de horários das linhas”.
Há um estudo em andamento para avaliar a situação. “A região é praticamente atendida por linhas rurais, que são operadores autônomos”, destacou o órgão.
Ideia é estender a frota pela cidade
E não é que o Galego conseguiu três clientes em apenas um condomínio do Park Way? Além de Lidia Santos, que trabalha em uma casa da região, Conceição Nunes, de 40 anos, também é cliente do serviço dos tuk-tuks.
“A moda pegou mesmo aqui. É bom para todo mundo. Funciona bem, com segurança. Não temos do que reclamar”, diz a diarista Conceição. Há ainda uma outra moça adepta do serviço.
Clientes conquistadas, dinheiro entrando no caixa. Em menos de um mês de serviço, Galego garante que, em alguns dias, fatura quase R$ 200.
Dá retorno
“Tem dias que eu consigo tirar uns R$ 150, outros R$ 180. É um investimento que está dando retorno”, afirma Galego, confessando que pretende, se der, estender a frota de triciclos na cidade.
“Eu tenho a intenção, sim. Mas, para fazer isso, preciso ter certeza de que a lei vai permitir o serviço.
Porque, na verdade, a lei que regulamenta o serviço de mototáxi já existe. Porém, ainda não foi regulamentada. E eu quero fazer tudo certo”, destaca.
Saiba mais
A lei que permite o serviço de mototáxis no Distrito Federal foi publicada em 2014 no Diário Oficial do DF e deveria ter sido regulamentada em 90 dias. Pela legislação, 2,5 mil profissionais seriam credenciados para prestar o serviço nas regiões administrativas do DF.
Porém, até agora, isso não foi feito.
Em Brasília, o fabricante de tuk- tuk fica na Cidade do Automóvel, na Estrutural. Foi lá que Galego e o sócio montaram seus triciclos. O valor foi o mesmo nos dois casos: R$ 15,9 mil.
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília
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