Vamos começar pela boa notícia, já que andamos precisando de alguma. Os tigres, espécie que alguns estudos já davam quase como competindo com os ursos polares no tocante à falta de espaço para viver no planeta, ainda têm lá seus territórios.
Um estudo publicado hoje pela revista “Science Advances” mostra
que a população mundial de tigres, que atualmente não passa de 3.500
animais, tem mais florestas onde se abrigar do que se previa. Foram
analisados dados sobre perda de florestas dos últimos 14 anos em 76
paisagens com cerca de 280 mil quilômetros quadrados, e a conclusão é que há menos supressão do que os dados apontavam. Mais
ou menos assim: num subconjunto de 29 desses lugares, 19 apresentam
alteração mínima, com perda de 1.5%, enquanto outras dez têm perda
maciça, de 98%. Com isso, acreditam os cientistas, fica mais fácil
tentar reverter a privação dos tigres.
A má notícia? Ora, não é uma só, claro, são várias. Começa assim: uma das principais causas da extinção dessa espécie tão importante para a biodiversidade é a caça. As outras causas também estão ligadas às atividades do maior predador da natureza. O impacto causado pelas madeireiras, a expansão da agricultura e o desenvolvimento das cidades estão contribuindo para que os tigres não tenham mais corredores por onde correr, caçar, comer, viver. A ponto de, em 2010, representantes da Índia, China e Rússia terem se reunido em São Petersburgo para debater sobre o tema. Chegaram a um acordo e firmaram o compromisso de duplicar a população de tigres no mundo até 2022. É a chamada Declaração de São Petersburgo. Ainda neste mês, a Índia vai sediar uma conferência ministerial sobre o tema, e a boa notícia, sobre a existência de territórios, será analisada.
A má notícia? Ora, não é uma só, claro, são várias. Começa assim: uma das principais causas da extinção dessa espécie tão importante para a biodiversidade é a caça. As outras causas também estão ligadas às atividades do maior predador da natureza. O impacto causado pelas madeireiras, a expansão da agricultura e o desenvolvimento das cidades estão contribuindo para que os tigres não tenham mais corredores por onde correr, caçar, comer, viver. A ponto de, em 2010, representantes da Índia, China e Rússia terem se reunido em São Petersburgo para debater sobre o tema. Chegaram a um acordo e firmaram o compromisso de duplicar a população de tigres no mundo até 2022. É a chamada Declaração de São Petersburgo. Ainda neste mês, a Índia vai sediar uma conferência ministerial sobre o tema, e a boa notícia, sobre a existência de territórios, será analisada.
Os locais onde os tigres estão mais ameaçados são Malásia e Sumatra, onde há uma perda extensa de territórios para esses animais por causa da expansão de plantio de palmeiras que fornecem óleos. Em 2012, ambientalistas fizeram um estudo no Parque Nacional Kerinci Seblat em Muko-Muko, província de Bengkulu da Indonésia, onde descobriram mais de 120 armadilhas para pegar tigres. O impacto nessas áreas foi considerado devastador.
Se você, caro leitor, em meio à crise política, diante da espetacular manifestação popular, pacífica, que aconteceu ontem em todo o país, está se perguntando qual a importância de se preocupar com a vida dos tigres a essa altura, posso tentar lhe dizer.
A diversidade de espécies é responsável pela manutenção de uma série de serviços que a natureza nos presta: polinização e conservação de solos, além do controle de pragas e doenças são apenas alguns exemplos. No livro “Seria melhor mandar ladrilhar?”(Ed. UnB), a bióloga Nurit Bensusan escreve:
“Acredita-se, hoje, que, com o desaparecimento de muitas das espécies que compõem um ecossistema ou um ambiente, seu colapso é garantido. Podemos afirmar, assim, que cada espécie é um produto único e insubstituível da natureza”.
É possível ilustrar o que ela diz, contando o caso dos elefantes nas savanas africanas. Há alguns anos, acreditando que os elefantes estavam prejudicando a vegetação, alguns ambientalistas fizeram um experimento e decidiram cercá-los numa área isolada. Poucos anos depois, havia só uma espécie de capim na área que ficou livre das patas dos animais. Sua alimentação é que permite que as várias espécies de capim convivam, evitando que uma suprima a outra.
Portanto, é de vida que se está tratando aqui. De vidas humanas, sim, além de vidas de todas as outras espécies. Mas, não se iludam: ninguém sabe quais são e quantas são as espécies necessárias para sustentar a vida humana, garante Bensusan. Logo, por que não começar a se preocupar até mesmo com os tigres da Sumatra? Aliás, aqui vale uma informação importante: a pesquisa feita pela bióloga para seu livro, publicado em 2008, chegou a um total de 6.400 tigres no mundo, quase o dobro do número publicado pela “Science Advances”. Se não for uma questão de conflito de dados, nos últimos oito anos a humanidade conseguiu abater cerca de três mil tigres.
Nurit Bensusan, no entanto, escreve que não é possível fazer uma estimativa precisa do número de espécies que estão desaparecendo. Para a International Union for Conservation of Nature , organização fundada em 1948 com foco na conservação da biodiversidade, os índices de extinção de espécies estão de mil a dez mil vezes superiores ao que seriam naturalmente, sem a interferência da atividade humana. Entre os seres vivos ameaçados estão, segundo a IUCN, 21% dos mamíferos.
Um último dado publicado pela organização estima ainda que 35% das espécies de aves, 52% dos anfíbios e 71% dos corais construtores de recifes serão particularmente vulneráveis ??aos efeitos das mudanças climáticas.
Dados e informações sobre o impacto da atuação do homem, não só colaborando para extinguir outras espécies, como para aquecer o planeta, não nos faltam. O que se precisa é destruir menos. No livro de Bensusan há referência, por exemplo, da descoberta de 27 espécies novas de plantas na Floresta Estadual do Rio Doce, que fica no Parque do mesmo nome, localizado nos municípios de Marliéria, Dionísico e Timóteo, no Vale do Aço. Ali estava a maior reserva de mata atlântica de Minas Gerais, reconhecida como Reserva da Biosfera pelas Nações Unidas. Estava. Assim mesmo, com o verbo no passado.
Ocorre que na noite de sexta-feira, 6 de novembro de 2015, o Serviço Geológico do Brasil informava a todos que um mar de lama, fruto do rejeito de mineração que estava numa das duas barragens da Samarco que se rompeu estaria atingindo o Parque dentro de pouco tempo. A lama percorreu mais de 600 quilômetros e, no caminho, possivelmente terá derrubado as 27 novas espécies que os biólogos tinham tido tanto trabalho para descobrir.
Só para atualizar, as últimas notícias que nos chegam da tragédia de Mariana, que praticamente já desapareceu das páginas e sites de notícias, é que 306 famílias atingidas, que perderam tudo na lama, receberam um cheque de R$ 2.614,38. Não imagino que cada uma das vítimas tenha sido ouvida para se chegar a esse valor, arbitrado entre o Ministério Público e o município de Mariana.
Há leis internacionais que tentam defender a biodiversidade, como a Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB), em vigor desde 1993, que tem como objetivo estabelecer as normas e princípios que devem reger o uso e a proteção da diversidade biológica em cada país, dos 194 signatários. É, sim, para comemorar, embora não esteja conseguindo livrar do mal os tigres, tampouco os ursos pandas, que hoje já não se pode contar mais de mil.
Mas, pensando bem...
Existe também uma Declaração Universal dos Direitos Humanos, assinada em
1948, que de pouco ou nada adianta quando, por exemplo, uma mineradora
desgoverna, compromete, arrisca, por deslize de gestão, a vida de tantas
pessoas. É sempre tempo de refletir. Mas quando estamos em crise parece
que a vontade é maior. As informações aqui no texto podem ajudar.
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