segunda-feira, 4 de abril de 2016

Zoológico de Bauru faz trabalho de preservação de primata em extinção

 03/04/2016 15h51


Zoológico é referência na reprodução do sauim-de-coleira.
Espécie rara é oriunda do estado do Amazonas.

Do G1 Bauru e Marília
Sauim-de-coleira é oriundo da região de Manaus. (Foto: Heloísa Casonato/G1)Sauim-de-coleira é oriundo da região de Manaus (Foto: Heloísa Casonato/G1)
Primata vive de 10 a 15 anos e a gestação tem duração máxima de 152 dias. (Foto: Heloísa Casonato/G1)Primata vive de 10 a 15 anos e é da família do sagui (Foto: Heloísa Casonato/G1)
 
O zoológico de Bauru (SP) faz um trabalho de preservação ambiental que é considerado referência nacional devido à reprodução em cativeiro do sauim-de-coleira (Saguinus bicolor), um primata amazônico de espécie rara que está ameaçado de extinção, e reconhecido internacionalmente. A colônia bauruense possui oito indivíduos, sendo que parte deles foi resgatada de cativeiros ilegais. (Veja a galeria de fotos).

O sagui bicolor, que possui uma coleira branca na região do pescoço, tem este nome devido à sua pelagem. Ele vive em uma área de preservação natural que abrange a região de Manaus (AM).

No Amazonas, os sauins são criados até mesmo como animais domésticos. Entretanto, as ameaças à espécie são frequentes e se dão por meio de queimadas em florestas, atropelamentos, predação natural e cativeiros ilegais. O livro "Sauim de Coleira. A história de uma espécie ameaçada de extinção” dos autores Mauricio Noronha e Dayse Campista, que estida a espédie, cita o zoológico de Bauru como destaque na reprodução desse primata.

Devido a estes fatores, o zoológico de Bauru mantém o trabalho de cuidados ao sauim-de-coleira há aproximadamente cinco anos. Para que haja a reprodução do animal é necessária  uma dieta balanceada, além da privacidade do habitat. "Nós não só  buscamos a sobrevivência dessa espécie em vida livre, como também em cativeiro, de modo que possamos ter sob cuidados humanos uma reserva desses animais", explica o diretor do zoológico Luiz Pires.
Larvas são distribuídas aos animais como alimentação complementar. (Foto: Heloísa Casonato/G1)Larvas são distribuídas aos animais como alimentação complementar (Foto: Heloísa Casonato/G1)
Zoológico de Bauru cultiva e alimenta os animais com a larva de tenébrio. (Foto: Heloísa Casonato/G1)Zoológico de Bauru cultiva e alimenta os animais com larva de tenébrio (Foto: Heloísa Casonato/G1)
 
A ração, alimento principal da espécie, é dada duas vezes ao dia. Frutas e a larva são considerados petiscos. Para que a alimentação saúdável seja realizada diariamente, o zoológico do interior do estado de São Paulo cultiva o tenébrio, que é uma larva da espécie de um besouro que possui 47% de proteína.

"Inicialmente temos que dominar toda a questão da biologia, do uso do espaço que esses animais necessitam e principalmente da nutrição. Então quando a gente domina todos estes aspectos, conseguimos manter dentro dos princípios do bem-estar animal. Aí sim a reprodução vem como quase que um agradecimento a todos estes esforços que aqui são desenvolvidos", afirma Luiz Pires.
Zoológico de Bauru possui oito sauins-de-coleira e trabalha na reprodução do animal. (Foto: Heloísa Casonato/G1)Zoológico de Bauru possui oito sauins-de-coleira e trabalha na reprodução do animal
(Foto: Heloísa Casonato/G1)
 
Reprodução
De acordo com o diretor do zoológico, cinco sauins-de-coleira são naturais de Bauru, os outros três são provenientes de apreensões. Os oito animais do zoológico são divididos em duas colônias: uma com seis e outra com dois animais.

A menor colônia é a mais recente. Nela vive uma fêmea adulta resgatada de um cativeiro ilegal no estado do Amazonas e um filhote nascido em Bauru. Ele foi separado da família para crescer e ter maior contato com a fêmea. Quando adulto, o casal estará adaptado para procriação. “Os [animais] que formaram estas colônias infelizmente são oriundos do comércio ilegal dessa espécie. São animais que foram apreendidos não tinham mais condições de retorno ao seu ambiente e vieram aqui para o zoológico de Bauru", conta o diretor.

Ainda segundo Luiz Pires, a fêmea oriunda da região norte do país não conseguiria viver na colônia maior, pois nela já existe uma fêmea líder. “É como uma disputa. A fêmea mais forte reproduz e as outras são rejeitadas. A que perde a briga é expulsa e ela forma uma colônia dela. O que fizemos foi criar um ambiente artificial."
Fêmeas disputam por território e procriação. (Foto: Heloísa Casonato/G1)Fêmeas disputam por território e procriação (Foto: Heloísa Casonato/G1)
Ameaças
 
O primata, natural do estado do Amazonas, vive de 10 a 15 anos. Entretanto, diversos são os motivos para que a vida do sauim-de-coleira seja interrompida. O sauim-de-mão-dourada é o predador natural do animal em extinção. Eles competem entre si em busca de território, que está cada vez mais devastado.

Cidades e estradas cortam as florestas da região de Manaus e, na região, é comum encontrar sauins-de-coleira atropelados. O desmatamento também destrói o habitat dos animais presentes nas áreas verdes.

Infográfico sauim-de-coleira  (Foto: Arte/G1 AM)Infográfico sauim-de-coleira (Foto: Arte/G1 AM)

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