segunda-feira, 4 de abril de 2016

Projeto da Unesp mostra eficácia na redução de mortandade de abelhas

 23/03/2016 07h16


Pesquisadores de Rio Claro monitoram apiário experimental em Araras (SP).


Em dez anos, 50 mil colmeias foram dizimadas pelo uso de agrotóxicos.

Do G1 São Carlos e Araraquara

O uso de defensivos agrícolas principalmente em áreas de plantio de cana-de-açúcar já dizimou 50 mil colmeias nos últimos dez anos, aponta um estudo da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Rio Claro (SP). Para tentar reverter o problema, pesquisadores criaram um projeto de monitoramento que tem mostrado eficácia na redução da mortandade de abelhas.

Dez produtores e a Usina São João, em Araras, participam da pesquisa, iniciada no ano passado, até agora nenhuma colmeia foi perdida. “Nós entendemos que a agricultura necessita da aplicação dos defensivos químicos, mas os apicultores e as abelhas nativas também precisam sobreviver. Então, pensamos em um projeto que pudesse haver uma coexistência entre as duas partes”, disse o biólogo da Unesp Osmar Malaspina.
Projeto
O sistema é simples: o usineiro envia um alerta antes de começar a fazer a pulverização. Assim, os apicultores têm tempo para proteger as colmeias. “A usina comunica a associação dias antes de aplicação, e a associação comunica os apicultores para que eles tomem as medidas preventivas nos apiários. As abelhas são fechadas naquele momento, evitando o risco de contaminação”, explicou o gerente agrícola da usina, Fernando Palma.

Presidente da Associação de Apicultora de Araras e Região, Carlos Celano tem mais de 300 colônias. Ele contou que até agora não perdeu nenhuma abelha por conta do veneno e acha importante receber o aviso. “Excelente alternativa. O apicultor vai perder umas horas do dia, mas é melhor do que perder as caixas”, ressaltou.
Apicultores aprovaram a ideia do projeto criado pela Unesp (Foto: Marlon Tavoni/EPTV)Apicultores aprovaram a ideia do projeto criado pela Unesp de Rio Claro (Foto: Marlon Tavoni/EPTV)
 
 
Monitoramento
Agora o projeto entra numa nova fase. Os pesquisadores montaram um apiário experimental bem ao lado da plantação de cana. A ideia é que ele seja monitorado pelo menos uma vez por mês. “A gente vai fazer uma série de medidas dessas colmeias, como quantidade de mel produzido, quantidade de abelhas, de crias, várias medidas para ver o comportamento dessas colmeias ao longo do ano”, disse o biólogo. O monitoramento deve durar três anos.

O apicultor João Franco, que cria abelhas há 30 anos, já teve mais de 200 colônias, mas hoje tem apenas 60 colmeias. Segundo ele, o veneno jogado por avião nas plantações é o que mais prejudicou o trabalho dele nos últimos anos.

Mortandade
Em 2012 e 2013, mais de cinco milhões de abelhas morreram em apiários de Gavião Peixoto. Laudos confirmaram que isso aconteceu por causa de agrotóxicos. Nos últimos quatro anos, Leme passou duas vezes pela mesma situação. Pelo menos dez apicultores perderam centenas de colmeias. Isso também aconteceu em apiários de Brotas e de Tambaú. Em Santa Cruz da Conceição, cinco milhões de abelhas também morreram pelo mesmo motivo há dois anos.
Agrotóxicos causaram a morte de milhões de abelhas na região (Foto: Marlon Tavoni/EPTV) 
 
Uso de agrotóxicos causou a morte de milhares de abelhas em cidades da região (Foto: Marlon Tavoni/EPTV)

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