quarta-feira, 25 de maio de 2016
artigo de Reinaldo Dias
A questão que mais aparece para aqueles que querem fazer algo em relação
à sustentabilidade são as formas em que se deve abordar algumas
questões de nosso entorno. O que deve mudar no comportamento e nas
atitudes do dia-a-dia é uma preocupação de quem quer fazer a diferença e
agir.
As crenças das pessoas sobre o que diz respeito à sustentabilidade, de como afeta seus hábitos de consumo, são questões que atingem diretamente seu estilo de vida. A ideia de envolvimento pessoal tem a ver com o grau com que percebemos a relação entre nossa vida e o conceito de sustentabilidade em particular.
As questões do desenvolvimento sustentável se tornam um desafio permanente à informação e a educação das pessoas sobre como os problemas da sustentabilidade – no âmbito econômico, ambiental e social – estão relacionados com fatores da sua vida pessoal.
O sentido de responsabilidade social descreve como as pessoas sentem que tem uma responsabilidade compartilhada em relação a determinados problemas econômicos, sociais e ambientais, e sua disposição em participar na resposta coletiva que deve ser dada para solucioná-los.
O processo de globalização que se acelerou a partir da segunda metade do século passado melhorou os sistemas de comunicação e transporte, e também aumentou a complexidade das cadeias de produção e, principalmente, a distância que os produtos percorrem desde o local de origem das matérias primas aos locais de comercialização.
Atualmente um produto com alguma complexidade, como os parelhos eletrônicos, contém materiais extraídos em diversos continentes; está composto por centenas de peças que foram fabricadas em vários países e foi montado em outro, em geral com salários menores e piores condições de trabalho e organização sindical.
Com cadeias produtivas tão complexas, há dificuldade para o seu controle por parte do Estado. Mas há algo que os consumidores podem fazer ao compreenderem que a decisão de compra é uma ferramenta fundamental e ao adquirir algo no mercado assuma um papel transformador comprando de acordo com o que pensa e pautado por uma ética de consumo que considere a sua responsabilidade na sustentação da vida no planeta.
Não se trata somente do que fazer, mas também do que não fazer. Não comprar determinadas marcas ou produtos. Consumir menos, consumir melhor. Adotar critérios de compra de proximidade em seu bairro e em pequena escala, adquirir produtos duráveis, de reparação fácil, considerar a aquisição de produtos de segunda mão, escolher alimentos produzidos de acordo com critérios ecológicos, de comércio justo são algumas atitudes responsáveis são formas de construir alternativas de consumo nas quais cada pessoa pode adquirir um papel ativo e responsável, de acordo com o modo de vida que queremos construir.
Em 1973 George Fisk, propôs a ideia de consumo responsável, que supunha limitar o próprio consumo por razões ambientais, dizia que o consumo responsável refere-se ao uso racional e eficiente de recursos respeitando a população humana global. Esta ideia foi desenvolvida nas décadas de 1980 e 1990 do século passado com o surgimento das preocupações sobre os recursos ambientais, e a viabilidade e a estabilidade dos sistemas ecológicos.
Ocorre que as multinacionais, que dominam as cadeias produtivas globais, tem enorme poder e condicionam a vida dos indivíduos. Por isso é que a informação é fundamental. Na realidade o conceito de consumo responsável só é possível com o pleno acesso a informação, porque caso contrário as pessoas estarão limitadas a adquirir o que é oferecido pelo mercado apresentado com uma grande quantidade de propaganda e publicidade gerando um consumo não crítico e compulsivo.
A atuação de organizações não governamentais, de organismos estatais identificados com as propostas de sustentabilidade e que se pautam por uma atividade ética e responsável tem gerado confiança em boa parte da população. Esse cenário gerou uma legião de consumidores cada vez mais receptivos em aceitar uma parte da responsabilidade no enfrentamento dos desafios mais importantes da sustentabilidade, como por exemplo, a questão da mudança climática. A receptividade em aceitar responsabilidades, em geral, vem das dificuldades enfrentadas diante de tragédias ligadas às mudanças climáticas, como: secas, inundações, tempestades, tornados etc.
Essa é uma tendência emergente dos consumidores que mostra alguma disposição em aceitar responsabilidades, o que, ao mesmo tempo, pode representar uma oportunidade para as empresas que integrarem a sustentabilidade em sua gestão estratégica.
Reinaldo Dias é Professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Doutor em Ciências Sociais e Mestre em Ciência Política pela Unicamp. É especialista em Ciências Ambientais.
Fonte: EcoDebate
As crenças das pessoas sobre o que diz respeito à sustentabilidade, de como afeta seus hábitos de consumo, são questões que atingem diretamente seu estilo de vida. A ideia de envolvimento pessoal tem a ver com o grau com que percebemos a relação entre nossa vida e o conceito de sustentabilidade em particular.
As questões do desenvolvimento sustentável se tornam um desafio permanente à informação e a educação das pessoas sobre como os problemas da sustentabilidade – no âmbito econômico, ambiental e social – estão relacionados com fatores da sua vida pessoal.
O sentido de responsabilidade social descreve como as pessoas sentem que tem uma responsabilidade compartilhada em relação a determinados problemas econômicos, sociais e ambientais, e sua disposição em participar na resposta coletiva que deve ser dada para solucioná-los.
O processo de globalização que se acelerou a partir da segunda metade do século passado melhorou os sistemas de comunicação e transporte, e também aumentou a complexidade das cadeias de produção e, principalmente, a distância que os produtos percorrem desde o local de origem das matérias primas aos locais de comercialização.
Atualmente um produto com alguma complexidade, como os parelhos eletrônicos, contém materiais extraídos em diversos continentes; está composto por centenas de peças que foram fabricadas em vários países e foi montado em outro, em geral com salários menores e piores condições de trabalho e organização sindical.
Com cadeias produtivas tão complexas, há dificuldade para o seu controle por parte do Estado. Mas há algo que os consumidores podem fazer ao compreenderem que a decisão de compra é uma ferramenta fundamental e ao adquirir algo no mercado assuma um papel transformador comprando de acordo com o que pensa e pautado por uma ética de consumo que considere a sua responsabilidade na sustentação da vida no planeta.
Não se trata somente do que fazer, mas também do que não fazer. Não comprar determinadas marcas ou produtos. Consumir menos, consumir melhor. Adotar critérios de compra de proximidade em seu bairro e em pequena escala, adquirir produtos duráveis, de reparação fácil, considerar a aquisição de produtos de segunda mão, escolher alimentos produzidos de acordo com critérios ecológicos, de comércio justo são algumas atitudes responsáveis são formas de construir alternativas de consumo nas quais cada pessoa pode adquirir um papel ativo e responsável, de acordo com o modo de vida que queremos construir.
Em 1973 George Fisk, propôs a ideia de consumo responsável, que supunha limitar o próprio consumo por razões ambientais, dizia que o consumo responsável refere-se ao uso racional e eficiente de recursos respeitando a população humana global. Esta ideia foi desenvolvida nas décadas de 1980 e 1990 do século passado com o surgimento das preocupações sobre os recursos ambientais, e a viabilidade e a estabilidade dos sistemas ecológicos.
Ocorre que as multinacionais, que dominam as cadeias produtivas globais, tem enorme poder e condicionam a vida dos indivíduos. Por isso é que a informação é fundamental. Na realidade o conceito de consumo responsável só é possível com o pleno acesso a informação, porque caso contrário as pessoas estarão limitadas a adquirir o que é oferecido pelo mercado apresentado com uma grande quantidade de propaganda e publicidade gerando um consumo não crítico e compulsivo.
A atuação de organizações não governamentais, de organismos estatais identificados com as propostas de sustentabilidade e que se pautam por uma atividade ética e responsável tem gerado confiança em boa parte da população. Esse cenário gerou uma legião de consumidores cada vez mais receptivos em aceitar uma parte da responsabilidade no enfrentamento dos desafios mais importantes da sustentabilidade, como por exemplo, a questão da mudança climática. A receptividade em aceitar responsabilidades, em geral, vem das dificuldades enfrentadas diante de tragédias ligadas às mudanças climáticas, como: secas, inundações, tempestades, tornados etc.
Essa é uma tendência emergente dos consumidores que mostra alguma disposição em aceitar responsabilidades, o que, ao mesmo tempo, pode representar uma oportunidade para as empresas que integrarem a sustentabilidade em sua gestão estratégica.
Reinaldo Dias é Professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Doutor em Ciências Sociais e Mestre em Ciência Política pela Unicamp. É especialista em Ciências Ambientais.
Fonte: EcoDebate
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