Por Ana António
Sam Trull, zoóloga especializada em conservação de primatas, foi para a Costa Rica trabalhar com macacos-aranha, mas rapidamente percebeu que as preguiças eram o animal endógeno que mais precisava de apoio. Foi para dar resposta aos problemas desses animais que em agosto de 2014 a conservacionista co-fundou o Instituto das Preguiças da Costa Rica.
O instituto tem como principal preocupação a criação e reintegração na natureza de preguiças órfãs, mas também aprofundar os conhecimentos que existem sobre os animais, assim como educar as populações no que respeita à sua conservação.
Sam Trull dedica-se a criar pessoalmente preguiças bebés que ficaram orfãs ou se perderam dos progenitores, e a devolvê-las ao selvagem depois de adultas. Explica, em entrevista ao Manhattan Book Review, que havia muito pouca informação sobre como fazer este trabalho com preguiças: "tem sido um desafio divertido descobrir como estimular os seus comportamentos selvagens instintivos, ao mesmo tempo que as mantemos felizes e saudáveis. Não são apenas montes de pêlo preguiçosos, são muito curiosas e ativas".
A morfologia e ecologia específicas das preguiças tornam-nas muito sensíveis à presença humana: como dependem de uma rede criada pelas copas das árvores para se deslocarem, basta o abate de uma árvore para interromper um percurso, obrigando os animais a descer ao chão, onde ficam muito vulneráveis a cães e outros animais e perigos.
Outra preocupação da conservacionista são as ideias erradas que existem na cultura popular sobre as preguiças: "as pessoas pensam que as preguiças são burras, e que lhes podemos gritar porque não se assustam", quando na verdade são animais muito sensíveis ao stress, que afeta facilmente o seu sistema imunitário.
"As pessoas partilham nas redes sociais vídeos de preguiças bebés a chamarem pelas progenitoras" porque acham piada, sem perceber que o animal está aterrorizado, e tiram fotografias com elas quando visitam os países em que existem preguiças, encorajando os locais a raptarem animais do estado selvagem para lucrar com isso. Para desmistificar estas e outras ideias, Sam Trull publicou recentemente o livro "Slothlove", onde conta a história de cinco preguiças que foram recuperadas no Instituto.
Quanto ao sorriso das preguiças, Sam Trull explica: "O "sorriso" é permanente", elas não possuem músculos faciais que lhes permitam mudar isso". Olhando para as fotos tiradas por Sam no Instituto das Preguiças da Costa Rica, estas preguiças também não teriam grande motivo para não sorrir.
Fonte: TSF
Nenhum comentário:
Postar um comentário