domingo, 31 de julho de 2016

POLUIÇÃO ELETROMAGNÉTICA




ELECTROSMOG ou POLUIÇÃO ELECTROMAGNÉTICA – UMA AMEAÇA ?





Os nossos corpos estão constantemente expostos a radiações provocadas pelo homem, desde os telefones portáteis aos telefones móveis, passando pelas linhas de alta tensão, antenas e rêdes Wi-Fi e  redes eletricas sujas.




Com este blog, pretendo abordar informações que me parecem pertinentes para que possamos decidir como conviver com o ElectoSmog, pois não há qualquer dúvida que temos de conviver com esta nova forma de poluição  não podendo  prescindir das vantagens das novas tecnologias, das quais até já dependemos.




Não é minha intenção criar polémica,  mas sim despertar a atenção para os potenciais riscos da existência deste perigo invisível.
Cientistas emergentes tem vindo a alertar para os efeitos biológicos adversos, causados por este cocktail de radiações electromagnéticas e pedem mais urgentes pesquisas a entidades como a Organização Mundial de Saúde, Parlamento Europeu e Governos. 



Na minha opinião,  devemos agir agora, em vez de ficar à espera dos resultados cientificos definitivos, e aplicar o Pricípio da Precaução, limitando ao máximo a nossa exposição aos potenciais efeitos negativos.



November, 2012
Tre sentenze delle corti italiane - Three Italian Court sentences
• The Vatican Radio case - Penal Court of Rome view PDF>
• Magdalen Hill case - Penal Court of Appeals of Brescia view PDF>
• The Work-lawsuit case - Civil Court of Appeals of Brescia view PDF>

November, 2012
ICEMS Issued Papers
Position Paper on the Cerebral Tumor Court Case view PDF>
September, 2011
EMF, RISKS & BENEFICIALS
CAMPI ELETTROMAGNETICI: RISCHI E BENEFICI
ICEMS Workshop 2011/Convegno ICEMS 2011
Venezia, 30 Settembre 2011 - Palazzo Vega, Sala ORO read more>
March, 2011
Statement on Mobile Phones and the Potential Head Cancer Risk for the EMF Hearing on EMF, Council of Europe, Paris, February 25, 2011.
Professor Jacqueline McGlade, Director, European Environment Agency, and David Gee, Senior Adviser, Science, Policy and Emerging issues view PDF>

February, 2011
The 7th ICEMS Rome-Florence Workshop
INTERACTION OF WEAK ELECTROMAGNETIC FIELDS WITH LIVING MATTER. Seminar. Rome, February 17, 2011 read more>
Conference. Florence, February 18, 2011 read more>
Syncarcinogenic effects of the exposure to low dose of γ radiation and to 50 Hz MF on mammary gland of female rats. M.Soffritti, L.Giuliani - Florence, February 18, 2011 read more>
November, 2010
he first ICEMS' Monograph, "Non-Thermal Effects and Mechanisms of Interaction Between Electromagnetic Fields and Living Matter,"is now available to download. Go to the "Press and Papers" section on the left.
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If you have any questions or require more information, please contact us at info@icems.eu.




O esforço da Eurodeputada Frédérique Ries, resultou na ” RESOLUÇÃO DO PARLAMENTO EUROPEU de 2 de ABRIL DE 2009″  sobre as Preocupações com a saúde associadas aos campos electromagnéticos. Processo 2008/2211 (INI)  AprovaçãoP6TA (2009) 0216.


http://www.europarl.europa.eu/sides/getDoc.do?pubRef=-//EP//TEXT+REPORT+A6-2009-0089+0+DOC+XML+V0//PT



Autor:   eugenio.lopes2@gmail.com

Por que aceitamos os dramas do lixo?

29/07/2016

Shutterstock
Foto: Shutterstock

Por Washington Novaes*


Essa questão já foi longe demais, o poder público deve criar novas regras, novos formatos.
Entra ano, sai ano e o panorama não muda. Há poucas semanas foi divulgado o índice de sustentabilidade em limpeza urbana para os municípios brasileiros.



E a conclusão é melancólica: o número de aterros sanitários inadequados aumentou 52% no Estado de São Paulo em 2015, na comparação com o ano anterior, segundo a Companhia Ambiental do Estado. O Índice de Qualidade de Aterros de Resíduos mostrou descartes inadequados em 41 municípios paulistas (em 2015 eram 27).



Não se muda. Não se introduz a coleta seletiva, não se transforma, via compostagem, o lixo orgânico em adubo, não se economizam espaços com aterros. Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, apenas 3% dos resíduos sólidos urbanos no Brasil são reciclados, de um total de 76,8 milhões de toneladas produzidas – apesar de a Política Nacional de Resíduos Sólidos estabelecer há anos prioridade para esse objetivo.



Continua-se a esperar que o poder público municipal destine recursos para a área. Já os governantes querem que os munícipes paguem pela coleta, pela reciclagem e pelo aterramento. Mas os cidadãos não aceitam pagar, acham que o custo dessa tarefa já está embutido nos impostos municipais. E não se avança.



Em todo o mundo só se consegue solução se o gerador do lixo o separar (seco e orgânico) e pagar por coleta, destinação e reciclagem. Por aqui aceitamos que 3 mil municípios dos mais de 5.500 ainda mantenham lixões.



O Índice de Sustentabilidade da Limpeza Urbana para os Municípios Brasileiros, que veio a público agora (PWC , Sindicato de Empresas de Limpeza Urbana do Estado de São Paulo e ABLP), afirma que “não há referências quantitativas capazes de sintetizar as metas esperadas pela Política Nacional de Resíduos Sólidos em um cenário de vinte anos para os municípios brasileiros” – o que dificulta a formulação de políticas, financiamentos, monitoramento da qualidade de serviços, prioridades. Por isso se criou o novo índice, que foi avaliado em 3.500 municípios.



Os problemas mais frequentes não surpreendem: inadimplência de prefeituras no pagamento de serviços contratados; ausência de coleta seletiva; manutenção de lixões; descaso ou ignorância das populações quanto às políticas da área; proliferação de doenças no setor. A Região Sul é a que tem os melhores índices de sustentabilidade, em seus três Estados. Nenhum município de porte maior se classificou entre os 50 com melhores índices. Menos de 50% dos municípios analisados têm arrecadação específica na área de limpeza urbana.



Há capítulos especialmente preocupantes na área. O site meioambiente.mg.gov.br divulga diagnóstico da Fundação Estadual de Meio Ambiente segundo o qual 57,24% do lixo gerado pelos estabelecimentos de saúde de 524 municípios mineiros (19,5 mil toneladas) vão indevidamente para aterro sanitário; o restante, para incineração (8,6 mil toneladas) ou para autoclavagem – 5,9 mil toneladas passaram por tratamento térmico seguido de destinação para aterro sanitários. Nas 524 cidades mineiras incluídas foram produzidas, no período analisado, 34,4 mil toneladas de resíduos de serviços de saúde.



Apenas cinco municípios mineiros têm unidade de tratamento e destinação final dos resíduos desses serviços na própria cidade, o restante vai para outras localidades. Mas 95% dos municípios, a maioria de pequeno porte, “preferem enviar parte dos resíduos ou todos para a incineração”.



Foto: Shutterstock
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Área que merece cuidados extremos no Brasil – e da qual pouco se fala – é a dos resíduos eletrônicos, que, segundo órgãos da ONU (retoquejor, 5/7), gerou 1,4 milhão de toneladas de resíduos em 2015. Sem falar em que, segundo associação de empresas de tratamento de resíduos, mais de 500 milhões de aparelhos eletrônicos sem uso permanecem nas residências – podendo até causar problemas de saúde. São Paulo é o Estado que mais produz resíduos eletrônicos (448 mil toneladas anuais), seguido do Rio de Janeiro (165 mil) e de Minas Gerais (127 mil).



Não há ainda um acordo setorial amplo para o setor de resíduos eletrônicos – ao contrário, por exemplo, do setor de pneus. O acordo neste setor fez surgir a ONG Reciclamp, que coleta cerca de mil toneladas de pneus inservíveis em 900 pontos de 26 Estados. Na área de embalagens de óleo o primeiro acordo setorial foi assinado em 2012.


São áreas que merecem muito cuidado, uma vez que continua a desenvolver-se o chamado “colonialismo da imundície”, em que países do Primeiro Mundo exportam para países pobres seus resíduos eletrônicos. No Terceiro Mundo – como na Nigéria, por exemplo – formam-se gigantescos depósitos desses resíduos, que são separados e coletados pela população mais pobre, que os vende a preços ínfimos a empresas transformadoras.


O Brasil não está longe do problema. Várias publicações têm noticiado, por exemplo, que “o maior depósito de lixo a céu aberto da América Latina está no Distrito Federal”, a 15 quilômetros do Palácio do Planalto, e sustenta mais de 2 mil pessoas – é o “lixão da Estrutural”, uma área de 174 hectares.




Na época em que foi secretário de Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia no Distrito Federal, o autor destas linhas preparou um plano para dar fim ao lixão, implantar um depósito exemplar onde trabalhassem na separação do lixo, com salários dignos, aquelas 2 mil pessoas; a 500 metros de distância, uma usina de reciclagem moderna, administrada por uma cooperativa de catadores.



Foi bombardeado por vários setores que tinham interesse na comercialização do lixo obtido a custos quase negativos. Nada foi para a frente. Não é diferente de muitos outros setores em que prevalece a exploração de trabalho quase escravo.



Mas no lixo as questões já foram longe gemais. É preciso que o poder público crie novas regras, novos formatos. A Política Nacional de Resíduos Sólidos deveria ter sido implantada até 2010, foi prorrogada e nada adiantou. (O Estado de S. Paulo/ #Envolverde)



* Washington Novaes é jornalista (e-mail: wlrnovaes@uol.com.br).




** Publicado originalmente no site O Estado de S. Paulo.

Alimentos são aliados na luta contra a pressão alta,

por Isabela C. Pimentel Mota, Nágila Damasceno e Marcia Gowdak

Publicado em julho 28, 2016 por



Foto: EBC

[EcoDebate] A hipertensão arterial afeta cerca de 40% da população mundial adulta e 30% da brasileira, sendo o principal fator de risco para doenças cardiovasculares. Doença silenciosa do aparelho circulatório, associada a alterações nos pequenos e grandes vasos sanguíneos, aumenta o risco de perda do funcionamento dos rins, alteração da visão, incidência de infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral (derrame).


Maus hábitos alimentares, fumo, excesso de peso, uso de bebidas alcoólicas, descontrole emocional e o sedentarismo são problemas que estimulam o aparecimento da hipertensão. Essas causas podem ser combatidas pela população. Prevenir a hipertensão é tarefa que deve ser iniciada na infância, ao se cultivar bons hábitos de vida. Melhorar as rotinas, com uma nova proposta de vida mais saudável, também ajuda a controlar a pressão alta.


Reduzir o consumo de sódio, já presente naturalmente em diversos alimentos, é a primeira medida alimentar a ser adotada.



A recomendação é a de que a população consuma diariamente cinco gramas de sal, o que corresponde a três gramas do sal de adição e duas de sal dos próprios alimentos. Geralmente, os alimentos que são acrescidos de sal (cloreto de sódio, também chamado de sal de cozinha) contêm maiores quantidades de sódio.



Ler com atenção o rótulo das embalagens é uma boa maneira de controlar o consumo dos produtos com maior teor de sódio. É importante fazer uma comparação entre diferentes marcas e escolher a de menor quantidade de sódio.



Outra dica é evitar os produtos que contenham 20% ou mais de sódio do valor diário recomendado (%VD) em uma porção de alimento. Assim, uma orientação bastante útil no dia a dia é escolher alimentos mais naturais, ou que seja, menos industrializados, pois, muitas vezes, elevadas quantidades de sódio podem estar presentes na preparação, sem que o consumidor perceba.



Nos últimos anos, além do sódio, outros nutrientes e substâncias naturalmente presentes nos alimentos têm sido estudados como auxiliares no tratamento. Importante ressaltar que, além da inclusão desses alimentos, o acompanhamento médico será necessário para a prescrição medicamentosa e ajuste das doses prescritas e, em conjunto, o acompanhamento nutricional, para desenvolvimento do plano alimentar individual do paciente, conforme a evolução da doença.



Listamos abaixo alguns alimentos que podem prevenir e contribuir para o controle da hipertensão arterial:



Beterraba: conhecida pelo seu paladar adocicado, a beterraba é fonte de carboidratos e também de nitratos. Vários estudos têm mostrado que o consumo diário de suco de beterraba rico em nitratos contribui para a pressão arterial.



Peixes fonte de Ômega 3: esta gordura encontrada nos peixes aumenta a síntese de substâncias vasodilatadoras, tais como o óxido nítrico e alguns eicosanoides, além de inibir a ação de receptores responsáveis pelo aumento da pressão (ação similar a alguns medicamentos anti-hipertensivos). Estudos mostram benefício com a suplementação diária deste óleo em doses mínimas de 1 grama. Esta quantidade pode ser alcançada com o consumo semanal de 300 gramas de peixe ricos em ômega-3 (sardinha, salmão, atum).



Laticínios magros: apresentam reduzido teor de gorduras saturadas e são fontes de proteínas, além de nutrientes como o cálcio e potássio. Cada porção de iogurte adicionada à dieta foi associada com redução de 6% do risco de hipertensão arterial. Um dos padrões alimentares mais estudados para o controle da hipertensão é o padrão DASH, o qual é caracterizado por maiores teores de cálcio.



Morangos: fonte de fitoquímicos (ácido elágico, antocianinas, quercetina e catequina) e vitaminas (vitamina C e ácido fólico); o consumo de morango tem apresentado relação inversa com a incidência de hipertensão. Entre outros potenciais mecanismos de ação está a ativação da enzima endotelial óxido nítrico sintetase, responsável pelo aumento da vasodilatação arterial.



Frutas secas: damasco, uva passa, ameixa preta são frutas com elevado teor de potássio, mineral que atua de modo positivo no controle da hipertensão arterial. Os estudos mostram que o potássio pode afetar as funções endoteliais e da musculatura vascular lisa, alterando favoravelmente pressão arterial.



Castanha do Brasil: Antigamente chamada de castanha do Pará, a castanha do Brasil é uma oleaginosa fonte de antioxidantes importantes como o selênio e também é fonte de magnésio. O magnésio em associação com o cálcio melhora o controle pressórico e pode também melhorar a resistência periférica à insulina. Assim como a castanha do Brasil, outros frutos secos como pistache, amendoim, macadâmia, nozes e amêndoas também são fontes importantes de ácido linoleico e linolênico, que têm mostrado associação negativa com a pressão arterial.



Alho: o extrato de alho tem sido investigado pelo seu poder hipotensor. Nem todas as pessoas apresentam redução da pressão arterial com o uso de alho, porém nos indivíduos sensíveis observa-se redução tanto da pressão arterial sistólica quanto da diastólica, possivelmente pela ação dos polissulfitos derivados do alho no relaxamento vascular mediado pelo óxido nítrico.



Romã: estudos têm mostrado que o suco de romã é rico em antioxidantes com propriedades anti-inflamatórias, que provavelmente são responsáveis pelo seu efeito hipotensor. A quantidade média diária de consumo para o efeito benéfico é de 150ml do suco integral de romã.



Azeite de oliva: A inclusão de 30 ml de azeite de oliva extra virgem à dieta tem sido associada a maior produção de endotelina e óxido nítrico, ambos considerados importantes reguladores da pressão arterial. Os mecanismos envolvidos parecem ser influenciados pelo conteúdo de ácido oleico e compostos fenólicos presentes no azeite. Importante destacar que o azeite de oliva comum e virgem possuem quantidades menores desses compostos, sendo sua ação controle pressórico menor do que a promovida pelo azeite de oliva extra virgem.



Cacau: o cacau é rico em substâncias vasodilatadoras que ativam uma enzima que aumenta a produção de óxido nítrico pelo endotélio. O consumo do chocolate com quantidade mínima de 70% de cacau mostrou ter efeito a curto e longo prazo, pois o seu efeito hipotensor foi observado após 2 horas e manteve-se por até 2 semanas após o seu consumo. A quantidade mínima de consumo diário necessário para a redução da pressão arterial foi de 40 gramas de chocolate amargo.



Isabela C. Pimentel Mota, Nágila Damasceno e Marcia Gowdak, são nutricionistas da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP).



in EcoDebate, 28/07/2016



"Alimentos são aliados na luta contra a pressão alta, por Isabela C. Pimentel Mota, Nágila Damasceno e Marcia Gowdak," in Portal EcoDebate, ISSN 2446-9394, 28/07/2016, https://www.ecodebate.com.br/2016/07/28/alimentos-sao-aliados-na-luta-contra-a-pressao-alta-por-isabela-c-pimentel-mota-nagila-damasceno-e-marcia-gowdak/.

[CC BY-NC-SA 3.0][ O conteúdo da EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, à Ecodebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]

País tem de zerar desmate para cumprir meta

23/10/2015 
Foto: André Villas Bôas/ISA
Foto: André Villas Bôas/ISA
Primeira análise completa da contribuição do Brasil para o acordo de Paris sugere que promessa feita por Dilma Rousseff é mais ambiciosa do que os planos de seu governo para atingi-la



Por Claudio Angelo, do OC –
A meta registrada pelo Brasil para o acordo de Paris é ambiciosa. Mas, se quiser cumpri-la, o governo precisará ir bem além de simplesmente zerar o desmatamento ilegal na Amazônia, como prometeu: precisará zerar o desmatamento em todo o país, legal e ilegal. A conclusão é da primeira análise detalhada do plano climático brasileiro, publicada ontem (22/10) por um grupo de pesquisadores da Coppe-URFJ.



Segundo um modelo computacional que leva em conta as emissões e o desempenho da economia brasileira rodado pela equipe de Roberto Schaeffer, da Coppe, atingir a meta de 1,3 bilhão de toneladas de CO2 em 2025 e 1,2 bilhão em 2030, valores propostos pelo Brasil na sua INDC (Contribuição Nacionalmente Determinada Pretendida), exigirá três componentes. Dois deles estão longe dos planos do governo federal.



Primeiro, será preciso cumprir na íntegra do Plano ABC (Agricultura de Baixo Carbono), que prevê até 2020 a recuperação de 15 milhões de hectares de pastagens degradadas e mais 15 milhões até 2030. No ritmo atual de execução, o ABC não conseguirá cumprir nem os 15 milhões iniciais.


Depois, será preciso zerar o desmatamento líquido em todo o país. O governo Dilma Rousseff não tem a menor intenção de fazer isso, por dois motivos: primeiro, porque aposta todas as fichas no Código Florestal, que autoriza desmatamento legal de 20% (na Amazônia) a 65% (no cerrado) da área de uma propriedade.



Segundo, porque a ministra da Agricultura e afilhada de casamento de Dilma, Kátia Abreu (PMDB-TO), ganhou de dote para a expansão da agropecuária toda a extensão de cerrado do chamado Mapitoba (terras de alto potencial agrícola situadas entre Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia), que será devidamente cortada e queimada nos preceitos da lei.



Por fim, o governo precisará, ainda, estabelecer um preço para as emissões de carbono: US$ 50 a tonelada. O assunto também é tabu para um governo que estabeleceu prioridade para o petróleo do pré-sal e que tem se recusado até a adotar medidas tímidas de eliminação de subsídios aos combustíveis fósseis, como elevar a alíquota da Cide (Contribuição sobre Intervenção no Domínio Econômico) para a gasolina para mitigar o déficit fiscal – aconselhado a fazê-lo por ninguém menos que Antonio Delfim Netto.



As três medidas são necessárias porque as emissões do Brasil, grosso modo, equilibram-se sobre três setores: desmatamento, agropecuária e energia. Segundo Schaeffer e colegas, é inviável no país reduzir as emissões de energia em 2030 a menos de 410 milhões de toneladas de CO2 equivalente – valor correspondente a 70% das emissões do setor em 2010. Portanto, para que isso aconteça, as emissões somadas de florestas e agropecuária precisariam ser de menos de 790 milhões de toneladas.



Dos vários cenários de mitigação de emissões construídos pelo grupo da Coppe – e isso assumindo que o PIB brasileiro crescerá pífio 1,9% ao ano em todo o período, o que reduz o apetite por energia e terras – somente dois fecham tecnicamente a conta do setor energético: o que assume cumprimento total do Plano ABC e desmatamento equivalente a metade do de 2010 e outro com desmatamento zero. Este último foi o único considerado tecnicamente e economicamente viável.



“Mas isso só será possível se se começar a valorar o carbono emitido, de maneira a que tecnologias que emitam carbono reflitam este custo maior para a sociedade, e com isso ela parta para soluções de mais baixo carbono”, disse Schaeffer ao OC. “Nossos estudos mostram que, para valores de carbono da ordem de US$ 50 por tonelada de CO2 equivalente emitido, o setor energético se adequa, e o Brasil consegue cumprir sua INDC.”
No entanto, prossegue o pesquisador, sem desmatamento zero e sem Plano ABC completo, “nem com valores de carbono acima de US$ 200 por tonelada de CO2 equivalente a conta fecha”.



Ponte
O estudo da INDC do Brasil integra um grande relatório sobre como as metas de cinco grandes poluidores e da União Europeia podem estimular a mudança no jeito como esses países produzem e usam energia. A ciência tem indicado que só uma transição energética radical, que elimine progressivamente os combustíveis fósseis, poderá colocar o mundo no rumo de cumprir o objetivo de limitar o aquecimento global neste século ao máximo de 2oC, limite considerado relativamente seguro.



Intitulado “Além dos Números”, o relatório foi produzido por pesquisadores de 15 países, que integram o chamado Consórcio Miles (sigla em inglês para Modelando e Informando Estratégias de Baixa Emissão), e divulgado em Bonn, onde termina nesta sexta-feira a última rodada de negociações diplomáticas antes da conferência do clima de Paris, em dezembro.



Sua conclusão principal é de que as INDCs importam, sim. Embora os números que estão na mesa sejam incapazes de pôr o planeta no rumo dos 2oC, eles ajudam a acelerar a descarbonização. Somadas, as metas reduzem em 6 bilhões de toneladas de CO2 (quatro vezes as emissões do Brasil) o “buraco” para fechar a conta do clima. Cortam em 40% a quantidade de CO2 emitido por dólar de PIB nos países estudados (China, Índia, EUA, Brasil, UE e Japão, que, juntos, respondem por 60% das emissões mundiais por combustíveis fósseis) e elevam a participação das energias renováveis para 36% da matriz.



O problema é que, se o mundo esperar até 2030 para aumentar a ambição das metas, os cortes a serem feitos na sequência, a redução de emissões a partir daquele ano terá de ser tão profunda e tão acelerada a ponto de tornar-se inviável na prática – e adeus 2oC.
“Um cenário de ação adiada e transição muito rápida poderia ser muito pernicioso”, disse Thomas Spencer, do IDDRI (Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Relações Internacionais), na França, um dos líderes do trabalho.



Para que a descida da ladeira do alto carbono seja mais suave, os pesquisadores do Miles propõem o que eles chamam de “ponte”: um mecanismo pelo qual as INDCs sejam ajustadas para cima já em 2020 e as metas para o pós-2030 já sejam igualmente definidas.



“Os investidores precisam acreditar depois de Paris que o mundo está falando sério sobre os 2oC”, disse Elmar Kriegler, do Instituto de Pesquisa Climática de Potsdam, na Alemanha, co-autor do relatório.



Esse aumento progressivo de ambição, apelidado nas negociações de “torniquete”, tende a ser uma das grandes batalhas do período pós-Paris, a partir de 2016. Dele dependerá, em última análise, o atingimento dos 2oC.



Ontem, a rede de ONGs Climate Action Network defendeu que o “torniquete” seja adotado antes ainda de 2020, em 2018. (Observatório do Clima/ #Envolverde)



* Publicado originalmente no site Observatório do Clima.

Mangues podem proteger litorais de fenômenos climáticos extremos

26/07/2016 0 Comentários Leia Mais →


Em data mundial para conservação dos manguezais, celebrada pela primeira vez em 2016 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), a agência da ONU destaca que os biomas podem reduzir efeitos das mudanças climáticas.
Por Redação da Rádio ONU –
Mangues são encontrados em diversos países insulares. Na imagem, manguezal na Micronésia. Foto: Flickr (CC) / Stefan Krasowski
Mangues são encontrados em diversos países insulares. Na imagem, manguezal na Micronésia. Foto: Flickr (CC) / Stefan Krasowski



Por ocasião do Dia Internacional para a Conservação do Ecossistema de Mangue — celebrado pela primeira vez na terça-feira (26) pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) — a diretora-geral da agência da ONU, Irina Bokova, alertou a comunidade internacional sobre os riscos enfrentados por esses biomas.
“Sua sobrevivência enfrenta sérios desafios, do alarmante aumento do nível do mar às crescentes ameaças à sua biodiversidade”, destacou a dirigente.


Segundo a chefe da UNESCO, os manguezais contribuem para a proteção dos litorais e ajudam a reduzir os efeitos das mudança climáticas e dos fenômenos climáticos extremos.
Bokova lembrou ainda que “os mangues são ecossistemas raros e férteis”, que garantem a segurança alimentar de comunidades locais, oferecendo biomassa e produtos silvestres, além de sustentarem atividades pesqueiras.


“A Terra e a humanidade simplesmente não podem se dar ao luxo de perder esses ecossistemas vitais”, ressaltou Bokova, que ressaltou o protagonismo da agência da ONU e de parceiros na conservação dos mangues.


Dos 669 sítios reconhecidos pela Rede Mundial de Reservas da Biosfera, 86 incluem áreas de manguezais. Muitos desses locais estão localizados em países emergentes e em pequenos Estados insulares em desenvolvimento. São os casos da Reserva da Biosfera La Hotte, no Haiti, e a Ilha de Príncipe, em São Tomé e Príncipe, bem como o Mangue Can Gio, no Vietnã.


A Lista do Patrimônio Mundial da UNESCO também inclui os Sundarbans, o maior sistema de mangue ininterrupto do mundo, localizado em uma área entre a Índia e Bangladesh e que abriga o icônico tigre-de-bengala. A Rede Mundial de Geoparques do organismo internacional também abriga zonas onde o ecossistema é encontrado, como o Geoparque Mundial de Langkawi, na Malásia. (Rádio ONU/ #Envolverde)


* Publicado originalmente no site Rádio ONU.

Pegada ecológica no mundo, Canadá e Índia: o que fazer? artigo de José Eustáquio Diniz Alves


Publicado em julho 29, 2016 por
 
“O lema do debate sobre população e desenvolvimento no século XXI deveria ser:
menos gente, menos consumo, menor desigualdade social e
maior qualidade de vida humana e ambiental”.
Alves, 20/07/2016

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[EcoDebate] O Canadá e a Índia são dois grandes países, com ampla disponibilidade de recursos naturais, e uma biocapacidade total de aproximadamente 560 milhões de hectares globais. Porém, o Canadá possui superávit ambiental e a Índia possui déficit ambiental.
Vamos recordar os conceitos da Global Footprint Network.



A Pegada Ecológica é uma metodologia de contabilidade ambiental que avalia a pressão do consumo das populações humanas sobre os recursos naturais. Expressada em hectares globais, permite comparar diferentes padrões de consumo e verificar se estão dentro da capacidade ecológica do planeta. A biocapacidade é a área que um país tem para satisfazer as necessidades de consumo e assimilação dos resíduos dos seus habitantes, correspondendo à capacidade de geração e regeneração dos serviços ecossistêmicos.




A população mundial tinha uma Pegada Ecológica per capita de 2,84 hectares globais (gha) em 2012. A Pegada do Canadá era de 8,2 gha e a da Índia era de 1,2 gha. Assim, a maior Pegada Ecológica do Canadá reflete o maior padrão de consumo do país. Os canadenses, em média, consumiam quase 7 vezes mais do que os indianos, em 2012. Se o padrão de consumo fosse o único problema a situação ecológica do Canadá seria muito pior do que a da Índia.



Porém, a Pegada per capita é só parte do problema. Para se calcular a Pegada Ecológica total é preciso multiplicar a Pegada per capita pela população. Fazendo estas contas achamos que a Pegada total da população canadense (de 35 milhões de habitantes) era de 284 milhões de gha. Como a biocapacidade era de 560 milhões de gha, então o Canadá apresentou superávit ambiental. A biocapacidade era o dobro da Pegada Ecológica total.




A Pegada Ecológica total da Índia (população de 1,237 bilhão de habitantes) era de 1,435 bilhão de gha. Como a biocapacidade era de 560 milhões de gha, então a Índia apresentou grande déficit ambiental. A Pegada Ecológica total da índia era mais do dobro da biocapacidade total e o déficit ambiental está crescendo e tende a aumentar ainda mais com o crescimento demoeconômico do país, que inclusive vai passar a China como a nação mais populosa do mundo a partir de 2025.




O que estes números mostram é que o alto padrão de consumo não gera déficit ambiental se o volume da população é pequeno em relação à biocapacidade. E um padrão de consumo baixo, como na Índia, pode levar ao déficit ambiental se a população for muito grande em relação à biocapacidade.



Nos últimos 45 anos a Pegada Ecológica mundial ultrapassou a biocapacidade do Planeta. Desde o início dos anos 1970, o déficit ambiental vem subindo constantemente. Em 2012, o mundo tinha uma população 7,1 bilhões de pessoas, com uma pegada ecológica per capita de 2,84 hectares globais (gha) e uma biocapacidade per capita de 1,73 gha, como mostra o gráfico abaixo.

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O mundo tinha em 2012 uma biocapacidade total de 12,2 bilhões de hectares globais, mas tinha uma pegada ecológica de 20,1 bilhões de hectares globais. Portanto, a pegada ecológica ultrapassava a biocapacidade em 64%. Ou dito de outra maneira, o mundo estava consumindo o equivalente a 1,64 planeta. Portanto, a população mundial vive no vermelho e provoca um déficit ambiental que cresce a cada ano.



A planeta Terra é único. Não dá para usar mais de um planeta, no longo prazo, sem destruir toda a herança acumulada pela natureza durante milhões de anos. Portanto, é preciso decrescer do uso de 1,64 planeta para 1,0 planeta. Existem três alternativas: 1) diminuir o padrão de consumo dos habitantes do globo (principalmente o consumo conspícuo e os tipos de consumo mais poluidores e degradadores do meio ambiente); 2) diminuir o volume da população mundial; e 3) diminuir o consumo e a população ao mesmo tempo.



Evidentemente a terceira alternativa é a mais rápida. Acontece que não dá para reduzir o volume da população mundial no curto prazo, pois a estrutura da pirâmide etária mundial é ainda jovem. Atualmente, a taxa de fecundidade total (TFT), na média mundial, está em torno de 2,5 filhos por mulher e na tendência de queda lenta da TFT a população mundial chegaria a mais de 11 bilhões de habitantes em 2100. Se a taxa de fecundidade cair em ritmo mais rápido nos próximos anos, para algo em torno de 1,7 ou 1,8 filho por mulher, então a população mundial começaria a diminuir em meados do século XXI e poderia ficar abaixo de 7 bilhões de habitantes em 2100.



Se o mundo atuar agora poderá reduzir o ritmo do crescimento atual e iniciar um decrescimento na segunda metade do século XXI.



Assim, a Terra pode ter 4 bilhões de pessoas a menos do que o previsto em 2100. Serão 4 bilhões a menos de pessoas a sofrer as consequências deixadas pelos seus antepassados na destruição da biocapacidade e no aumento das emissões de gases de efeito estufa. Como disse Condorcet, em 1794: “não é racional colocar filhos no mundo para serem infelizes”. Lembrando que a Índia caminha para ser a nação mais populosa do mundo e já ocupa o terceiro lugar entre os país mais poluidores do Planeta.




Desta forma, de imediato o que se pode fazer é garantir os direitos sexuais e reprodutivos, possibilitando a redução do número médio de filhos dos casais e das pessoas solteiras. Ao invés de nascer 140 milhões de bebês por ano, o mundo pode reduzir este número para, por exemplo, 100 milhões. Seria, de imediato, uma redução de 40 milhões de pessoas por ano e 400 milhões de pessoas em uma década. Porém, mesmo que esta diminuição imediata, a redução da população total (redução do volume do número de habitantes) só aconteceria na segunda metade do século XXI.



Assim, paralelamente ao avanço da transição demográfica, a redução do consumo necessita ser imediata. Segue abaixo uma série de medidas que poderiam ser colocadas em prática instantaneamente para reduzir a Pegada Ecológica.



A alternativa mais impactante e inadiável para mudar o padrão de produção e consumo é a transformação da matriz energética, saindo dos combustíveis fósseis para as energias alternativas, o que reduziria muito as emissões de carbono. Outra tarefa urgente é reduzir o tamanho dos rebanhos bovino e de outros animais (escravizados pela humanidade) que são grandes emissores de metano que acirra o efeito estufa e o aquecimento global.



Para tanto é urgente mudar a dieta alimentar, abandonando o consumo de carnes e produtos animais para uma dieta vegetariana e/ou vegana. Outra alternativa é mudar a forma “petroficada” de produção agrícola, reduzindo significativamente o uso dos fertilizantes químicos, dos defensivos e dos agrotóxicos, avançando com a agricultura orgânica e a permacultura. Reduzir os desperdícios de comida, energia e mudar a cultura da “obsolescência programada”.



Não menos importante é reconfigurar a organização das cidades incentivando o transporte coletivo, a eficiência energética e a reciclagem de materiais, lixo e resíduos sólidos. Outra alternativa são os enterros e cemitérios sustentáveis com a substituição dos túmulos por capsulas biodegradáveis que gerem árvores e florestas (cada morto uma árvore e cada cemitério uma floresta). Por fim, e não menos importante, reduzir o máximo possível os gastos militares e as despesas de guerra e violência, etc.


Portanto, existem muitas alternativas para reduzir a Pegada Ecológica e para eliminar o déficit ambiental mundial. Falta se chegar a um consenso ideacional e político. O fato é que o mundo precisa alcançar uma sustentabilidade econômica, entendida como a capacidade de suportar um determinado nível de produção econômica indefinidamente em equilíbrio com a natureza; e uma sustentabilidade social, entendida como a capacidade de um sistema social funcionar plenamente e indefinidamente em um determinado nível de bem-estar social. Tudo isto com respeito às demais espécies vivas da Terra e sem mudar a química da atmosfera e degradar os ecossistemas.

José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

in EcoDebate, 29/07/2016

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10% das ações de políticos para excluir informações da web embutem censura prévia

Publicado em julho 29, 2016 por



web

A cada eleição cresce o número de processos pedindo que jornalista ou empresa de mídia “se abstenha” de publicar alguma informação.


De 1.017 processos de políticos solicitando à justiça eleitoral a exclusão de algum tipo de informação de páginas da internet, ao menos 105 (10%) também pedem censura prévia. Ou seja, pleiteiam que, além de determinar a retirada da informação do ar, o juiz obrigue a empresa de mídia ou o jornalista a filtrar previamente o conteúdo, se abstendo de publicar termos relacionados ao político. Os dados são fruto de levantamento inédito feito a partir de dados do projeto Ctrl+X, da Abraji, que mapeia ações judiciais requisitando a retirada de algum tipo de informação da internet.


O político com mais ações pedindo que o veículo se abstenha de publicar algo é o ex-senador Expedito Júnior (PSDB-RO): sete processos. Empatados em segundo lugar estão a presidente afastada Dilma Rousseff (PT), o senador Benedito de Lira (PP-AL) e o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), com 6 processos cada um. Em quinto lugar está o ex-deputado Paulo Bornhausen (DEM-SC), que ajuizou cinco processos.


Nas últimas eleições houve crescimento no número de ações que, além de pedir retirada de conteúdo do ar, também pedem censura prévia. Foram 3 processos durante o pleito de 2010, 13 processos em 2012 e 86 em 2014. O banco de dados do projeto Ctrl+X agrupa pedidos de retirada de conteúdo datados desde 2002.



O que os políticos querem censurar
Uma parte dos processos envolvendo censura prévia busca assegurar que não ocorra a republicação do conteúdo já alvo do pedido de retirada. Outros chegam a requisitar a criação de filtros que impeçam a publicação de qualquer tipo de notícia negativa relacionada aos políticos. Um exemplo é a representação 51941, ajuizada pelo senador Marcelo Crivella em 2014 contra o Facebook, que pediu “a utilização de filtros para controlar expressões ou palavras aviltantes à imagem e dignidade do representante e de sua família”.


Crivella vai além e chega a pedir à justiça um ataque DDOS, prática usada por hackers para derrubar uma página da internet. No processo 5194, ele pede:


“(iv) que os representados se abstenham de macular a honra ou a imagem do representante, bem como que o Facebook Brasil arquive os conteúdos apontados na inicial; (v) a identificação e os bloqueios dos IPs dos computadores que ingressaram e realizaram a divulgação das falsas informações apontadas na peça vestibular; (vi) o fechamento do DNS, servidor onde são guardados os registros de domínio; (vii) o bloqueio de uma URL que permita o acesso aos sites e blogs ora representados e estejam bloqueados; e, (viii) o emprego, se necessário, do DOS, ou seja, o bombardeio de um site ou blog que não atender o determinado por este Juízo, para prontamente retirá-lo do ar na internet. ”


Há ainda aquelas ações nas quais é solicitado que o réu se abstenha de citar o nome do autor em quaisquer meios online. Um exemplo é a representação 151464, de 2014, ajuizada por Perpétua de Almeida (PC do B–AC), então candidata ao senado, na qual ela solicita que o Facebook seja proibido, durante o período eleitoral, de citar ou vincular o seu nome caso isso possa de alguma forma ofender a sua honra e imagem ou violar as previsões legais.



Outro exemplo está na representação 473267, de 2014, ajuizada pelo então candidato a deputado federal, Luiz Fernando Faria (PP-MG). O político pede a exclusão de uma página no Facebook que estaria prejudicando a sua imagem ao ligá-lo aos escândalos da Petrobras, e que a rede social criasse um filtro proibindo a inclusão de seu nome em qualquer página.
Onde há mais pedidos


Metade dos processos eleitorais com pedido de censura prévia está concentrada em apenas cinco estados: São Paulo (12 ações), Rio de Janeiro (12), Alagoas (10), Rondônia (10) e Distrito Federal (10, incluindo os processos de campanha presidencial). As ações também são majoritariamente destinadas a duas empresas de mídia: 49% foram direcionadas ao Google (pedindo remoção de vídeos do youtube, blogs e resultados de pesquisas) e 31% têm como réu o Facebook (pedindo, principalmente, que se retirem sátiras, opiniões pessoais ou perfis falsos contra os candidatos).



Os processos eleitorais são apenas uma parte, 58% de todas as ações catalogadas no portal Ctrl+X. Em quase dois anos de existência, o projeto e catalogou mais de 1700 processos de remoção de conteúdo. No grupo das ações não eleitorais, a proporção de pedidos de retirada de conteúdo que também embutem censura prévia é maior, chegando a 17%. Neste segmento, o Google é o alvo preferencial e o site do UOL aparece com destaque, sendo réu em 23 ações do mesmo tipo.



Colaboração de Rodrigo Selingardi, da ABRAJI – Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, in EcoDebate, 29/07/2016


[CC BY-NC-SA 3.0][ O conteúdo da EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, à Ecodebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]

Amazônia: Proteção da biodiversidade passa pela saúde da floresta

quarta-feira, 27 de julho de 2016


Pesquisa oferece novos subsídios para proteção da biodiversidade de florestas


Artigo de cientistas de 18 instituições publicado na revista Nature pode ajudar em ações de conservação da Floresta Amazônica



Estudo realizado no Pará por cientistas de 18 instituições internacionais, entre as quais 11 brasileiras, todas integrantes do consórcio científico Rede Amazônia Sustentável (RAS), mostra que a degradação no interior de uma floresta causada por atividade humana pode ter tanta importância na geração de perdas da biodiversidade tropical quanto o desmatamento.



O trabalho “Anthropogenic disturbance in tropical forests can double biodiversity loss from deforestation” (Perturbação antropogênica em florestas tropicais pode dobrar a perda da biodiversidade por desmatamento) foi publicado no dia 29 de junho, na revista Nature. Pesquisadores consideram que ele oferece subsídios para fortalecer o Código Florestal e aperfeiçoar as políticas públicas.



Os cientistas participantes do estudo mediram o impacto geral das alterações florestais (degradação florestal) mais comuns causadas por ação humana, entre elas os incêndios florestais, a exploração madeireira ilegal e a fragmentação de florestas remanescentes, em 1.538 espécies de árvores, 460 de aves e 156 de besouros. A pesquisa foi feita nos últimos seis anos tanto no campo, em 371 áreas espalhadas por três milhões de hectares nos municípios de Paragominas e Santarém (nordeste e oeste do Pará, respectivamente), como em laboratório de análise de imagens de satélite.



Os dados avaliados permitiram as primeiras comparações já feitas entre a perda de espécies em áreas florestais remanescentes sob distúrbios pela ação do homem e a decorrente da perda de habitat pelo desmatamento (corte raso). “O estudo concluiu que, no Pará, a perda de biodiversidade estimada com base no estado atual da degradação florestal é equivalente ao que se perdeu por desmatamento desde 1988”, relata a pesquisadora Joice Ferreira da Embrapa Amazônia Oriental (PA), uma das autoras do trabalho.



A descoberta dessa equivalência levou os cientistas a constatarem que a biodiversidade perdida no Pará é o dobro do que se imaginava. “Levando em conta a estimativa da perda de espécies por degradação, é como se outros quase 140 mil quilômetros quadrados de floresta intacta tivessem sido derrubados”, compara a pesquisadora, referindo-se à taxa de desmatamento desde 1988 no Pará disponibilizada pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Essa mesma estimativa também revela que as perdas de biodiversidade por degradação só no Pará são maiores do que as derivadas do desmatamento na Amazônia inteira na última década (2006-2015).



Com respeito à quantificação de área equivalente de desmatamento, o engenheiro florestal Giampaolo Pellegrino, pesquisador e presidente do Portfólio de Mudanças Climáticas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, que não participou do estudo, mas conheceu seus resultados, pondera: “justamente por seu ineditismo e por uma primeira aproximação, que à primeira vista poderia parecer superestimada, acredito que, como de praxe, essas estimativas ainda serão debatidas pela comunidade científica e poderão ser confirmadas ou ajustadas em estudos mais específicos, onde algumas premissas adotadas no atual estudo, a exemplo da distribuição das áreas de amostragem, e sua extrapolação para todo o Pará possam ser revisitadas”.



Por outro lado, Pellegrino ressalta que o trabalho traz alertas importantes sobre a perda da biodiversidade brasileira e destaca a necessidade de políticas públicas para conter esse problema.



Nesse sentido, a autora Joice Ferreira destaca que “o resultado da pesquisa pode vir a subsidiar tecnicamente o desenvolvimento de políticas públicas voltadas à conservação e restauração de florestas, pois oferece evidências convincentes de que as iniciativas de conservação amazônica também precisam levar em conta a redução de perturbações florestais”.



Ao enfatizar a importância do monitoramento em estratégias de redução de perdas, o pesquisador Luiz Aragão, do Inpe, lembra que o Brasil conseguiu reduzir seu desmatamento em cerca de 80% como resultado do Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm). “O próximo passo é avançar na quantificação da extensão e impactos da degradação florestal tendo em vista o resguardo da nossa biodiversidade, estoques de carbono e serviços ecossistêmicos”, antevê Aragão.



Efeitos das atividades humanas
O estudo demonstrou que a intervenção humana provoca significativas perdas de biodiversidade que vão além dos danos mais visíveis causados pela derrubada de árvores.
A pesquisadora Joice Ferreira ressalta outro aspecto da importância de se controlar a degradação florestal. “O valor da conservação cai se a floresta sofre perturbações como as estudadas. Além do efeito direto da perturbação em si, perde-se biodiversidade e qualidade no que resta afetado por ela. A adoção de práticas agrícolas mais sustentáveis e a recuperação de florestas na paisagem reduzem a incidência do fogo, constituindo uma solução importante para esse problema”, explica.



Sobre o mesmo aspecto, o pesquisador Toby Gardner, do Instituto Ambiental de Estocolmo (Suécia), recomenda cuidados com a vegetação remanescente. “As florestas tropicais correm risco se as iniciativas de conservação focarem exclusivamente nas extensões de floresta remanescentes, sem levar em conta o estado de saúde dessas áreas”, pontua.



O novo estudo também demonstra que espécies sob o risco máximo de extinção foram as mais vulneráveis a essas perturbações causadas por atividade humana. A pesquisadora Ima Vieira, do Museu Paraense Emilio Goeldi, informa que o Estado do Pará abriga mais de 10% das espécies de aves do planeta, muitas das quais endêmicas. “Nossos estudos demonstram que são justamente essas espécies as que estão sofrendo o maior impacto da ação antrópica, pois elas não sobrevivem em ambientes com esses níveis de perturbação”, revela.



Código Florestal e Saúde da floresta
Silvio Ferraz, pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), lembra a importância do Brasil no cenário da conservação florestal mundial, já que o País possui 40% dos remanescentes de florestas tropicais da Terra.



O pesquisador da Embrapa Giampaolo Pellegrino observa que o trabalho permite realizar avaliações positivas sobre o Código Florestal. “É de reconhecimento internacional que, mesmo considerando questionamentos sobre sua última alteração, o Código Florestal Brasileiro é um instrumento essencial na preservação de áreas de importância ecológica para o País, além de regularizar e reduzir significativamente o desmatamento, e os próprios autores reforçam isso. Reduzir o desmatamento permitido a 20% é muito significativo, a ponto de a perda do valor de conservação provocada pelas perturbações internas e na paisagem das grandes áreas florestais remanescentes serem da mesma ordem da perda das áreas desmatadas com corte raso – o que certamente seria muito maior sem o Código”, diz Pellegrino.



Sobre os alertas do estudo, Giampaolo Pellegrino chama a atenção para o fato de que a função do Código é preservar os processos hidrológicos, conservar o solo e seus processos, assim como a biodiversidade, baseando-se num índice facilmente mensurável e de aplicação geral pelo País, a área preservada. Na visão do pesquisador da Embrapa, “o Código não deve ser a única política pública e essa é a grande contribuição do estudo, ou seja, alertar para um efeito que não era claro e quantificado e que demanda atenção do governo e da sociedade”.



Para o pesquisador Jos Barlow, da Universidade de Lancaster (Reino Unido) e principal autor do estudo, “o Brasil demonstrou uma liderança sem precedentes no combate ao desmatamento na última década e o mesmo nível de liderança é necessário agora para proteger a saúde das florestas restantes nos trópicos”.



O estudo publicado na Nature é fruto da Rede Amazônia Sustentável, um consórcio de instituições brasileiras e estrangeiras, coordenado pela Embrapa Amazônia Oriental, Museu Paraense Emílio Goeldi, Universidade de Lancaster e Instituto Ambiental de Estocolmo. A RAS também tem parte do INCT Biodiversidade e Uso da Terra na Amazônia, financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq.



Acesso ao original na Nature:
Por Izabel Drulla Brandão (MTb 1084/PR)
Embrapa Amazônia Oriental



Fonte: EcoDebate

Estudante de Joinville cria lixeira que reconhece o tipo de resíduo descartado e o encaminha ao seu destino correto




quinta-feira, 28 de julho de 2016


Carlos Henrique Corrêa é aluno do curso de engenharia de computação da UniSociesc


As lixeiras coloridas utilizadas na coleta seletiva de lixo podem estar com os dias contados se depender de uma invenção de um joinvilense de apenas 22 anos.




Carlos Henrique Corrêa, aluno do curso de engenharia de computação da UniSociesc, em Joinville, criou um sistema que reconhece de que tipo de material (metal, plástico ou vidro) é feito o resíduo que está sendo descartado.


 
Com a identificação, o lixo é encaminhado ao seu destino correto. O projeto foi desenvolvido para o trabalho de conclusão de curso (TCC) de Carlos Henrique, mas chama a atenção por propor uma alternativa promissora de automatização do processo de separação de lixo para posterior reciclagem, com potencial aplicação em empresas e grandes cidades.



Carlos Henrique se debruçou sobre a ideia ao longo de um ano. Foram muitas pesquisas e estudos até que um _ e único até agora _ protótipo da lixeira automatizada ganhasse forma. É bem verdade que este primeiro modelo, ainda sem um nome oficial, não salta aos olhos à primeira vista: trata-se de uma caixa de papelão revestida de plástico com alguns furos, um arame e várias tiras de fita adesiva.


Mas o que vale, neste caso, é o conceito, e não o design. O funcionamento é simples. Primeiro, o resíduo é colocado em uma espécie de bocal.


Depois, um dispositivo conectado a qualquer fonte de energia _ pilhas, tomada, notebook e até bateria de celular _ é acionado. Uma pequena corrente de metal começa a girar e a fazer contato com o objeto que vai para o lixo. Um sensor identifica o som gerado a partir desse atrito e "descobre" qual é o tipo de material que está sendo jogado fora. Por fim, uma plataforma se abre e o lixo cai no seu destino.


Busca, agora, é por parcerias
Com o projeto recém-aprovado no TCC, Carlos Henrique agora busca apoio para modernizá- lo e aprimorá-lo. A própria direção da UniSociesc já manifestou interesse no trabalho, revela Luiz Carlos Camargo, orientador do estudante.


Para o professor, o conceito de lixeira automatizada tem grande potencial para ser aplicado em estabelecimentos comerciais, como em casas noturnas, por exemplo, onda há um grande descarte de garrafas de plástico e de vidro e latas de metal.


_ Neste caso, uma lixeira única, maior é claro, faria a separação do tipo de material automaticamente, muito mais rápido do que se o trabalho fosse manual _ compara.
Inspiração em competição americana



A inspiração para a criação da lixeira automatizada surgiu quando Carlos Henrique assistiu a uma competição americana de robótica.



Ele admite que a utilização de sensores para reconhecer o tipo de material de um objeto não é exatamente uma grande descoberta, mas garante que são poucos os dispositivos que fazem isso apenas por meio do som. Pelo menos ele não conhece nenhuma iniciativa do gênero em Santa Catarina.




A primeira ideia do estudante foi criar um sistema de baixo custo. Para desenvolver o protótipo, ele gastou cerca de R$ 100. Grande parte deste valor foi aplicada no sensor de reconhecimento, que é relativamente simples comparado ao que já existe.



Apesar deste primeiro modelo separar apenas metal, plástico ou vidro, é possível aprimorá-lo para reconhecer outros tipos de materiais, como madeira, papel e até lixo orgânico.




_ Há várias aplicações a partir do conceito _ garante o jovem estudante.


Fonte: A Notícia

sábado, 30 de julho de 2016

INPE investiga desmatamento na Amazônia através de um sistema de mapeamento inédito no mundo

quarta-feira, 27 de julho de 2016


Amazônia monitorada
Centro Regional da Amazônia, do INPE, investiga as causas do desmatamento na Amazônia através de um sistema de mapeamento inédito no mundo



A exploração desordenada da maior floresta tropical do planeta tem entre seus maiores problemas e consequente preocupação o desmatamento, questão monitorada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) desde 1988, apoiado pelo seu Centro Regional da Amazônia (CRA), localizado em Belém. Existe uma dinâmica de ação de combate ao desflorestamento na Amazônia e a missão dos órgãos atuantes contra esta prática, a exemplo do INPE, é justamente enfraquecer a atividade e assim reduzir os índices de desmatamento e suas consequências.


Há os responsáveis em fazer mapas para identificar os locais onde ocorre desmatamento; existem aqueles que em posse do mapa vão a o local para conferir e multar se o desmatamento for criminoso e há também aqueles que estudam para explicar como se dá tal dinâmica de desflorestamento. Ao INPE, através do Centro Regional da Amazônia, compete justamente a elaboração dos mapas, através de interpretação de imagens de satélite; a verificação de onde estão ocorrendo ações de desmatamento em toda a Amazônia Legal, e também estudar a destinação dada à terra.



Um dos projetos desenvolvidos no CRA/INPE, em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) – por meio de suas unidades em Belém e em Campinas (SP), é o TerraClass, responsável por qualificar o desflorestamento. Pasto, agricultura, mineração, floresta secundária: como as áreas desmatadas na Amazônia estão sendo utilizadas? O mapeamento realizado pelas equipes fornece dados para que se saiba exatamente a motivação da derrubada de árvores.
 


Inédito no mundo, o diferencial do TerraClass está no empenho em qualificar o desmatamento na Amazônia Legal. O sistema PRODES, maior programa de monitoramento de florestas do mundo, faz mapeamento do desflorestamento, mas é o TerraClass que investiga os motivos: houve desmatamento por quê? Até o momento já foram gerados dados de uso e cobertura da terra para os anos de 2004, 2008, 2010, 2012 e 2014.



As informações geradas representam um avanço no conhecimento do uso e cobertura da terra na Amazônia como um todo. O TerraClass utiliza 12 classes temáticas para mapear o desflorestamento e classificar os tipos de uso e cobertura da terra, tendo como base a interpretação de imagens de satélites e tecnologias de geoprocessamento.



De acordo com o pesquisador do INPE e coordenador do projeto, Dr. Marcos Adami, “merecem destaque os números relativos à Agricultura, em crescente no Mato Grosso, Pará e Rondônia, principalmente, e que correspondem a 6% do desflorestamento; à Pastagem, que compreende 60% do total de áreas desmatadas em toda Amazônia; e a Vegetação Secundária, classe que representa 23% das áreas mapeadas”.



Para melhorar a qualidade do trabalho dos responsáveis pelo mapeamento do desmatamento na Amazônia Legal Brasileira, eles participaram do I Trabalho de Campo do Projeto TerraClass 2016, que ocorreu entre os dias 22 e 26 de maio, em Paragominas, na região do nordeste paraense. A proposta foi uniformizar conceitos e nivelar a capacidade de discriminar as classes do projeto e isso aplicado a todos os profissionais, visando melhorar a interpretação.



Em Paragominas é possível se observar com clareza os mais variados tipos de uso do solo. A região possui grandes extensões de terra voltadas à agricultura, pastagem, reflorestamento e vegetação secundária.



Daí a escolha deste local para a realização do trabalho de campo, somada à presença do Núcleo de Apoio à Pesquisa e Transferência de Tecnologias da Embrapa (NAPT Belém-Brasília). Aliás, foi no NAPT a primeira parada dos 25 analistas em geoprocessamento do Projeto.



Antes do campo propriamente dito, os profissionais assistiram à palestra Padrões de uso e cobertura da terra e considerações físicas sobre a paisagem no município de Paragominas, ministrada pelo pesquisador do instituto francês CIRAD, Dr. René Poccard-Chapuis. René desenvolve estudos em parceria com a Embrapa e a Universidade Federal do Pará.


O pesquisador destacou que o mapeamento do uso do solo na Amazônia Legal gera dados que não existem no mundo. A oportunidade de se aperfeiçoar o trabalho dos profissionais é um ganho para fornecer com mais qualidade informações úteis à sociedade.


O objetivo do campo foi verificar o uso que se tinha nas imagens de 2015 analisadas no laboratório e comparar com o que se via no presente. Permanece igual? Transformou-se em quê? O estudo possibilita confirmar ou não, a interpretação das imagens quando observado em campo, a conhecida “verdade terrestre”.



Pasto com solo exposto; pasto limpo; pasto sujo; regeneração com pasto; mosaico de ocupações, e reflorestamento. Essas foram as classes levadas em consideração durante o trabalho de campo.




“O reflorestamento às vezes pode ser confundido com a vegetação secundária, pois dependendo da idade do reflorestamento (geralmente o de eucalipto mais antigo), o adensamento das copas faz com que o intérprete confunda o padrão das cores na imagem, porém a diferença se dá pela textura, mais densa e rugosa no caso da vegetação secundária e lisa, no caso do reflorestamento”, explica a engenheira florestal e especialista em geoprocessamento do CRA/INPE, Márcia Barros, que esteve à frente da organização do trabalho de campo.



Os analistas se dividiram em equipes e cada uma utilizou um GPS, um notebook e uma câmera digital. O GPS identificava o ponto exato de localização, confirmado na imagem de 2015 e em seguida se observava em campo, no terreno, no que a área havia se transformado. Vale destacar que os analistas foram acompanhados durante todo o trabalho pelo pesquisador René Poccard-Chapuis, convidado pela Embrapa. O chefe-geral da Embrapa Amazônia Oriental, Adriano Venturieri e o pesquisador Orlando Watrin também estiveram presentes.


De acordo com Adriano Venturieri, “o TerraClass tem uma repercussão mundial com a questão de emissões de gases no Brasil. Não existe no mundo quem faça um trabalho como esse”, atesta. “O que nós fazemos é o que a gente chama de qualificação do desflorestamento. Se antes o INPE dizia que tinham sido desflorestados 1.000 km², agora a gente está dizendo que desses 1.000 uma parte é agricultura, uma parte é pastagem, por exemplo. Então, agora estamos dizendo o que se transformou após a conversão da floresta”, explica Venturieri, que divide com os pesquisadores do INPE a coordenação do projeto.



Com o trabalho realizado, os técnicos puderam inclusive pensar no desmatamento não só como vegetação em si, mas expandir o olhar, pensar questões de uso do solo, relevo. O resgate histórico feito pelo pesquisador René Poccard-Chapuis, foi de fato um dos grandes trunfos. Segundo ele, o TerraClass “se apropria do conhecimento geográfico e transforma ele em operacional. Os dados gerados são importantíssimos para discussões atuais, no que diz respeito ao clima, por exemplo”, ressaltou.



“O campo foi um aprendizado para que todos melhorem o trabalho de monitoramento. Pudemos visualizar as classes para entender o que é feito de fato no laboratório”, disse Márcia Barros.



Participante do trabalho de Jamille Guimarães, disse que a construção e desenvolvimento do trabalho mostrou-se relevante para operacionalizar o entendimento do intérprete durante as etapas de identificação e classificação dos padrões uso e cobertura da terra na Amazônia Legal mapeados pelo projeto TerraClass, além de capacitar os profissionais para realizar futuros estudos de campo no que diz respeito a validação dos padrões.



Fonte: EcoDebate

‘Se não recuperar as nascentes, vai ter diminuição de água’, alerta biólogo.

terça-feira, 26 de julho de 2016


Fabiano Melo comenta o seu artigo sobre a morte do Rio Doce
Revista Brasil aborda a situação dos rios e mananciais das cidades brasileiras.

O biólogo, doutor em Ecologia, pós-doutor em Antropologia Professor Associado da Universidade Federal de Goiás (UFG) e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza, Fabiano Melo, escreveu o artigo: A “morte matada” de um rio que sofria de “morte morrida”. Uma leitura a respeito do rompimento da barragem de rejeito de mineração em 2015 que apressou o que ocorre há, pelo menos, um século no Rio Doce.
 
Ele explicou que “morte matada” de um rio que sofria de “morte morrida” é um linguajar muito mineiro, muito próprio da região e que fez essa analogia tentando mostrar a situação do Rio Doce.
 
Fabiano Melo esclarece que “morte matada” devido ao maior desastre natural que foi o rompimento da barragem, com grande impacto sobre a bacia do Rio Doce e provocado pelo homem. E a “morte morrida” devido ao rio já vir sofrendo há décadas uma morte muito lenta. “Já vinha agonizando essa morte, exatamente porque as autoridades e a própria sociedade não presta a devida atenção que os nossos rios merecem”, desabafa o biólogo.
 
 
Ele concluí falando sobre a recuperação de nascentes, alerta para as mudanças climáticas em cursos que vão prejudicar ainda mais as condições dos nossos lagos e das bacias hidrográficas. “Portanto se a gente não fizer o dever de casa e de fato recuperar estas nascentes, boa parte das margens, das matas ciliares vai ter um grande diminuição de água”.
 
 
Participou da entrevista também o prefeito de Minaçu(GO), Maurides Rodrigues Nascimento, que falou sobre a realidade da Usina Hidrelétrica de Serra da Mesa. Ele conta que o Lago Serra da Mesa era um dos maiores reservatórios de água da América e nesta semana teve o menor nível registrado nos últimos 10 anos.
 
 
Fonte: EcoDebate

MPF quer impedir construção de barragens como a que se rompeu em Mariana

quinta-feira, 28 de julho de 2016


O Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) recebeu recomendação do Ministério Público Federal (MPF) para não autorizar a construção de barragens similares à do Fundão, pertencente à mineradora Samarco, que se rompeu no município de Mariana (MG), em novembro do ano passado. Considerado a maior tragédia ambiental do país, o episódio deixou 19 mortos, provocou destruição de vegetação nativa e poluiu a bacia do rio Doce.

A recomendação foi entregue na terça-feira (26). Segundo o documento, devem ser reprovados os planos que indiquem a utilização do método de alteamento a montante. Este método envolve a construção de barragens de rejeitos em etapas, através de elevações sucessivas a partir de um dique de partida. Por estar vinculado a diversos casos de rompimentos em todo o mundo, há países onde ele já é proibido, como o Chile e o Peru.
 
 
O MPF recomenda ainda que os projetos para ampliação ou alteração de barragens, após a anuência e o licenciamento ambiental dos órgãos competentes, sejam analisados pelo DNPM quanto aos aspectos de segurança. O DNPM tem dez dias úteis para se manifestar se acata ou não a recomendação.
Decreto
Em Minas Gerais, já estão suspensos todos os processos de licenciamento ambiental para barragens que pretendam utilizar o método de alteamento para montante. A medida foi tomada por meio do decreto 46.993/2016, assinado em maio pelo governador Fernando Pimentel.
 
A suspensão em território mineiro vale até que o Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) defina critérios e procedimentos a serem adotados pelos empreendimentos minerários. Ainda segundo o decreto, as barragens com alteamento a montante já existentes em Minas Gerais deverão realizar uma auditoria extraordinária até o dia 1º de setembro.
 
Exemplos
 
Para sugerir novas formas de atuação dos órgãos que atuam no monitoramento e fiscalização de barragens, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) vem observando os exemplos de outros países. No início do mês, pesquisadores brasileiros da empresa Aplysia e da Universidade Federal do Rio Grande (FURG) apresentaram em um seminário os casos Obed e Mount Polley, duas minas canadenses cujas barragens se romperam em 2013 e 2014, respectivamente.
 
A apresentação levou em conta os resultados de uma visita realizada ao Canadá em abril, onde os brasileiros tiveram contato com as metodologias que possibilitaram uma rápida revitalização dos rios atingidos.
 
Presente no evento, a geóloga e integrante do corpo técnico do MPMG, Marta Sawaya, se interessou pela experiência canadense e solicitou a íntegra dos estudos. “É sempre importante verificar se os mesmos princípios aplicados em outros países, que foram bem-sucedidos, podem ser utilizados no Brasil”, diz ela.Um dado que chamou a atenção de Marta é que no Canadá, com menos de três meses, já havia um plano de ação e, com menos de um ano, todo o rejeito havia sido contido e a calha de um rio de 1,1 mil quilômetros estava recuperada.
 
“Nós temos aqui a situação do rio Doce, com uma calha de 600 quilômetros, onde nós ainda não vimos o início das ações. E já estamos com 9 meses da tragédia”, compara Marta. Outro aspecto que impressionou Marta nos exemplos canadenses foi a transparência dos dados da mina, aos quais todos os órgãos do poder público tinham acesso simultaneamente, o que teria contribuído para uma ação mais eficaz: “Um dos acidentes lá foi em agosto e, no começo de julho do ano seguinte, eles já estavam fazendo o repovoamento com trutas. E a truta é um dos peixes mais exigentes em termos de qualidade de água. Por isso esses relatórios são importantes para nós”.
 
Fonte: EcoDebate

Planeta no “cheque especial”

sexta-feira, 29 de julho de 2016


Museu do Amanhã alerta sobre sobrecarga da Terra. O planeta entrou no “cheque especial” dos recursos naturais 5 meses antes de terminar o ano.



Uma série de atividades e palestras estão acontecendo no Rio de Janeiro por motivo do Dia da Sobrecarga da Terra, que inicia este ano no 8 de agosto. Esta é uma data para lembrar que o planeta entrou no “cheque especial”, cinco meses antes de fechar o ano, no que refere ao desgaste dos recursos naturais.


Organizada pelo Museu do Amanhã, dedicado a explorar possibilidades sustentáveis e de boa convivência na construção do futuro, a iniciativa contará com artigos, informações e infográficos sobre os impactos humanos no planeta.


Nomes reconhecidos como Izabella Teixeira, ex-ministra do Meio Ambiente e José Graziano, diretor-geral da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) serão alguns dos especialistas que produzirão as publicações.


No site do Museu  será possível encontrar uma seção especial sobre o evento. Para os organizadores é importante ter um espaço para discutir os sinais de alerta do planeta. O dia da Sobrecarga da Terra foi qualificado como um termômetro fundamental para perceber a degradação do meio ambiente.


Advogado e ambientalista, Fabio Feldman, ministrará nesta sexta-feira (29/7) a palestra “Podemos virar esse jogo? Superconsumo e limites do planeta”. Para Feldman existem hoje algumas tentativas validas de mudança na sociedade   “Em São Paulo há uma juventude que está valorizando a bicicleta como meio de transporte. Em 1998 fui participar do programa do Serginho Groisman, e levei uma super vaia ao defender o uso da bicicleta em centros urbanos. Hoje, certamente não seria vaiado”, comenta.


Na sexta-feira (8/8) o jornalista especializado em sustentabilidade André Trigueiro explicará os inicios e consequências do Dia da Sobrecarga que acontece desde o ano 2000.


O evento ocorre na Praça Mauá, no centro do Rio de Janeiro. Para participar das atividades é necessário se inscrever pelo site.


Fonte: Envolverde