- quarta-feira, 15 março 2017 21:50
Os dois homens infectados não têm histórico de viagens para regiões com circulação comprovada do vírus que transmite a doença e moravam na região rural do município. A secretaria anunciou que vai acelerar o processo de imunização no estado.
O epicentro dos primeiros casos no Rio ocorre exatamente na região onde vive uma população endêmica de Micos-Leões-Dourados (Leontopithecus rosalia), na Reserva Biológica (Rebio) de Poço das Antas, em Silva Jardim, município vizinho a Casimiro.
Na Rebio, existem 470 primatas originários da natureza. Atualmente, a maior parte dos micos que estão na natureza são espécimes reintroduzidas que nasceram em cativeiro (ou são filhos de primata nascido em cativeiro). Mas não os de Poço das Antas, que agora podem estar seriamente ameaçados pela febre amarela.
“A notícia é gravíssima e coloca em risco toda a população da região e do Estado do Rio de Janeiro. Também nos preocupa a possibilidade de alcance aos Micos-Leões-Dourados, espécie ameaçada de extinção, cuja ocorrência é exclusiva nesta região”, afirmou, em nota, a Associação Mico-Leão-Dourado, ONG que trabalha com a conservação da espécie em Poço das Antas. A ONG disponibilizou o telefone (22) 2778 2025 para caso alguém encontrar algum animal morto entrar em contato.
Os macacos são sentinelas e ajudam a prevenir o surto da doença. Isto porque a mortandade de primatas é um indicativo que o local está sob efeito da epidemia, já que são animais muito vulneráveis ao contágio da febre amarela e morrem rápido. Se a taxa de mortalidade em humanos chega a 50% em infectados não tratados, em primatas ela ultrapassa 90%.
Se já não bastasse a alta taxa de mortalidade e a ausência de vacinação contra febre amarela em animais, os primatas ainda sofrem com perseguição de humanos, que, por ignorância, os matam achando que com isso cessarão a epidemia. Ledo engano. Sem os macacos mortos, é possível que os profissionais de saúde demorassem mais tempo para diagnosticar a mortal doença.
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