Estudo comprova viabilidade econômica de reflorestamento com espécies nativas
O Brasil se comprometeu a restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares
até 2030 como parte de sua meta climática no Acordo de Paris. Isso
significa que é preciso dar escala a projetos de reflorestamento de
espécies nativas e de sistemas agroflorestais, que precisam ser
rentáveis para atrair investimentos.
“Poucos países têm a vocação florestal do Brasil e é possível olhar para
este tema na lógica das oportunidades de negócio”, afirma Miguel
Calmon, diretor de Florestas do WRI Brasil. O Projeto VERENA
(Valorização Econômica do Reflorestamento com Espécies Nativas) mostra
que o reflorestamento com espécies nativas é economicamente competitivo.
Uma ferramenta gratuita foi desenvolvida para calcular se um projeto de
reflorestamento ou sistema agroflorestal (SAF) é viável, ou seja, se
equilibra capital financeiro e natural e oferece oportunidades de
negócio e emprego no meio rural. A iniciativa analisou nos dois últimos
anos a viabilidade técnica e econômica do reflorestamento com espécies
nativas, e também os benefícios sociais e ambientais, de 12 estudos de
caso em propriedades na Amazônia e Mata Atlântica.
“Para tomar uma decisão, os investidores precisam ter mais informação
sobre risco e retorno. As espécies arbóreas nativas brasileiras existem
há milhares de anos e já protagonizam experiências comerciais
bem-sucedidas, mas não no mercado de capitais. Estudos de caso são
importantes para a criação de um histórico de práticas e para diminuir a
percepção de risco”, destaca Alan Batista, Analista de Investimentos do
WRI Brasil.
Em sua maioria, os casos estudados pelo VERENA necessitam de maior
investimento por hectare e tempo para recuperar o retorno do
investimento, se comparados ao setor agropecuário e florestas plantadas.
No caso do payback, o tempo maior se deve ao maior ciclo de colheita
das espécies arbóreas nativas. Se diversificado, é possível mitigar
riscos ambientais (estiagens, secas, etc) e de variação de preços.
A análise conjunta dos 12 estudos de caso mostra que, em média, o
retorno dos ativos é maior (16%) para o reflorestamento com espécies
nativas e SAFs do que a média da agricultura e silvicultura com pinus e
eucalipto (13%). A análise conjunta também indica que o retorno médio do
investimento nos 12 estudos casos do VERENA leva 16 anos frente a 12
anos nos casos estudados da agricultura e silvicultura com espécies
exóticas. “Estatisticamente, o retorno médio dos ativos e do
investimento são equivalentes nos casos comparados à agricultura e
silvicultura. Isso significa que apostar no reflorestamento com nativas e
SAFs é um bom negócio”, salienta Alan.
Além da contribuição para o alcance da meta climática, o investimento em
restauração e reflorestamento com espécies nativas e sistemas
agroflorestais contribui para o cumprimento do Código Florestal
Brasileiro (CFB). É o caso do uso econômico da Reserva Legal (RL).
Grande parte dos ativos estudados pelo VERENA são compatíveis com o
manejo sustentável em RL. As análises do projeto indicam outras
oportunidades de negócio com sistemas produtivos integrados. É exemplo a
integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF), que possibilita o plantio
de culturas anuais paralelamente ao plantio de espécies nativas.
O Projeto VERENA é liderado pelo WRI Brasil em parceria com a União
Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) e tem o apoio da
Children’s Investment Fund Foundation (CIFF). Mais de 50 parceiros
participaram dos primeiros dois anos de trabalho.
Fonte: EcoDebate
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