Pura Magia *
Frances de Azevedo
Para aquele entardecer de gala
Da natureza, que beleza!
O palco, a princípio iluminado
pelo por do sol que, mortiço,
deitava os últimos laivos de luz
tingindo de carmim o céu que seduz!!!
As montanhas ao derredor,
como pano de fundo,
aos poucos, se calavam.
Os derradeiros gorjeios do passaredo,
gradativamente, iam cessando:
O vento, mensageiro da floresta,
calou-se também…
Este era o cenário imenso
que compunha o ato principal a se desenrolar.
A platéia, neste dia, mui distinta,
a tudo assistia inebriada
comentando o quadro espetacular que
se descortinara há pouco…
A claridade que se dissipara
cedeu lugar à noite clara, calma,
já que a lua sucedeu ao rei dos astros.
Esta mudança de cena
deu-se imperceptivelmente; de forma sutil
pura magia de quem domina a arte!!!
Tudo preparado. Hora do show…
Pam! Pam! Pam! Pam! Pam!
A orquestra ataca, sem que todo o público se dê conta
(até porque, ainda, extasiado com o número anterior)
De onde procede este som retumbante?!
Não se vê seus integrantes!…
O lugar da encenação, agora, é outro.
Mais próximo dos expectantes:
Não está no céu enluarado…
Não está na mata adormecida…
Não está no chão endurecido…
Sobressai na lagoa mais abaixo!!!
Que transposição fantástica!!!
Se antes os olhares circundavam o horizonte
ou voltavam-se para o infinito
vergam-se, nesta hora, extasiados,
Diante do inusitado, porém cadenciado ruído!!!
Guiados pela iluminação holofótica do condutor humano
que, habilmente, dirige o foco para os anuros
de toda ordem que compõe o estridente grupo musical…
A noite desceu por completo.
A orquestra em uníssono cessou.
Remanescendo, contudo, algum renitente
Aqui, acolá…
Quiçá ensaiando para o dia seguinte…
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