Moradores da floresta apresentam duas espécies de tamanduás da Amazônia
Por Frederico BrandãoSerá que você conhece duas das espécies de tamanduá da Amazônia? É com essa pergunta que começa o mais novo vídeo dos Moradores da Floresta, lançado hoje, 23 de novembro. O quarto episódio da série destaca o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) e o tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla), ambas espécies constam na lista global de animais ameaçados da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), e constam como ameaçadas ou extintas em lista locais no Brasil
Confira abaixo:
https://youtu.be/OjRAq-587-0
De caráter educativo, os vídeos da série trazem informações sobre algumas das espécies mais marcantes e raras das florestas da Amazônia, a partir de imagens capturadas por armadilhas fotográficas, instaladas na Reserva Extrativista (Resex) Chico Mendes (AC).
A divulgação do vídeo dos tamanduás coincide com a comemoração do Dia Mundial dos Tamanduás - #TamanduaDay (https://www.tamanduaday.org/), uma iniciativa do Instituto Jurumi e do Projeto Tamanduá Brasil, com apoio da IUCN/SSC Anteater, Sloth and Armadillo Specialist Group. A iniciativa já acontece há 5 anos e foi criada para sensibilizar a população sobre a importância e os desafios de se conservar a espécie.
Enquanto o tamanduá-bandeira come cupins e formigas, chegando a consumir até 30 mil por dia, o tamanduá-mirim, por ser um bom escalador, também se alimenta de colmeias e mel de abelhas. Além disso, para se alimentar, o tamanduá-bandeira utiliza sua longa língua, que pode chegar a 60 cm. Outra curiosidade é que para capturar seu alimento, os tamanduás usam o olfato para captar o odor das presas, mesmo que abaixo da superfície.
“Ambas espécies de tamanduá sofrem pressão devido a ocupação de extensas áreas do Brasil para agricultura em larga escala, e ao desmatamento que reduzem seus habitats naturais. Além disso, as queimadas, a caça predatória, e o atropelamento desses animais, também são fatores que colocam as espécies em risco”, explica Felipe Spina Avino, biólogo e analista de conservação do WWF-Brasil.
Segundo ele, esses fatores de pressão, associados a um longo período de gestação que normalmente resulta em único filhote, podem ter contribuído para declínio das populações de tamanduás ao longo dos últimos anos, em especial do tamanduá-bandeira. “Essa espécie originalmente, ocorria em todos os estados brasileiros, mas atualmente está em risco de extinção em todas as regiões do país. De maneira geral, na Amazônia ainda existem boa quantidade desses animais, mas em outras regiões do País, como na Mata Atlântica, a espécie é considerada praticamente extinta, e no Pampa possivelmente extinta. Não podemos descuidar e temos que buscar promover ações que ajudem para a preservação dos tamanduás no Brasil”, esclarece.
Moradores da Floresta
Ao todo, serão 10 vídeos, um a cada mês, que retratam os resultados de uma iniciativa que instalou 20 armadilhas fotográficas no interior da Resex. O trabalho inédito, feito em parceria com os comunitários da reserva extrativista, têm monitorado a fauna presente nas áreas de manejo florestal da unidade de conservação (UC).
O primeiro vídeo, divulgado em abril deste ano, mostrou o primeiro registro em florestas amazônicas da pacarana (Dinomys branickii), espécie rara e pouco conhecida da ciência. Em setembro, a anta, o maior mamífero da América do Sul, foi a espécie de destaque.
O trabalho é uma parceria entre WWF-Brasil, Cooperativa dos Produtores Florestais Comunitários (Cooperfloresta) e Associação de Moradores e Produtores da Reserva Extrativista Chico Mendes em Xapuri (Amoprex), com apoio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do conselho gestor da Resex Chico Mendes.
Armadilhas
As armadilhas fotográficas são câmeras normais equipadas com melhorias tecnológicas e apropriadas para o ambiente selvagem. Elas ficam escondidas e amarradas em árvores, funcionando com sensores de luz. Toda vez que um animal passa pela frente do equipamento, a câmera dispara automaticamente e tira uma foto ou inicia uma gravação audiovisual.
Essas câmeras utilizam infravermelho gravando bem à noite sem necessitar de luz adicional, e não espantam ou agridem os animais. Por isso, elas vêm sendo cada vez mais adotadas por conservacionistas ao redor do globo.
Desde que foram instaladas na Resex Chico Mendes, em dezembro de 2017, as câmeras fizeram mais de 2 mil registros. A instalação aconteceu em oficinas que reuniram cerca de 20 extrativistas e quatro deles foram treinados para serem os “operadores locais” dos equipamentos.
Mais de 30 espécies diferentes de animais foram flagradas pelas câmeras, entre elas estão tatus (Dasypus sp.), veados (Mazama sp.), macacos-guariba (Alouatta seniculus), macacos-prego (Cebus apela), jaguatiricas (Leopardus pardalis), entre vários outros.
Sobre a Resex Chico Mendes
A Reserva Extrativista (Resex) Chico Mendes foi criada em 1990 e possui mais de 970 mil hectares. Ela abrange sete municípios do Acre e cerca de 10 mil pessoas moram na reserva. A Resex é uma das 117 unidades de conservação apoiadas pelo Programa Áreas Protegidas da Amazônia (ARPA).
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