FOTOS REVELADORAS
Muitos dos resíduos gerados pelos turistas são simplesmente queimados e
enterrados, deixando os locais realmente sem terra, já que a maioria da
área é usada pelos aterros sanitários
09/08/2018 às 10:00
Por
Bárbara Alcântara, ANDA
Fotos publicadas recentemente revelaram o real impacto do turismo no
monte Everest. As imagens, capturadas pelo geólogo Alton Byers, sanam as
dúvidas de quem ainda não sabia o destino de todo o lixo descartado
pelos visitantes. De acordo com o profissional, a montanha da maneira
que está retratada é uma versão relativamente limpa, devido a expedições
de limpeza muito divulgadas todos os anos. A situação poderia ser ainda
pior.

Reprodução | The Daily Mail
Muitos dos resíduos gerados pelos turistas são simplesmente queimados
e enterrados, deixando os locais realmente sem terra, já que a maioria
da área é usada pelos aterros sanitários. “Isso porque a publicidade
sempre se concentrou no lixo no acampamento base do Everest e em uma
‘expedição de limpeza’ anual”, conta em entrevista ao jornal The Daily
Mail.
Para ele, essa tentativa de resolução foi sempre muito rasa e pouco
efetiva. “O verdadeiro problema são as toneladas e toneladas de
plásticos, latas de cerveja, garrafas de uísque, recipientes de
alimentos de aço e outros resíduos sólidos que os proprietários de lojas
importam”, explica.

Reprodução | The Daily Mail
As empresas de turismo compram todos esses produtos para satisfazer
as demandas dos visitantes, que beiram os 50 mil ao ano. E esse número
pode duplicar, dependendo do período, o que torna a situação cada vez
mais alarmante. “Isso é chamado de ‘lixo incinerável’ pelos donos dos
chalés, que o despejam em aterros, queimam quando está cheio e depois
enterram”, explica.
“Um proprietário de uma pousada em Dingboche disse que eles estavam
‘ficando sem terra para usar como aterros’. É provavelmente um exagero,
mas se você caminhar uma curta distância do rio Que Toward lodge, o rio
parece um terraço paisagem lunar com todas as novas e velhas marcas de
aterro”, ele lamenta. Aterros sanitários variam em tamanho de 270 a 2150
m² – e pode haver centenas deles em poucos passos andados.

Reprodução | The Daily Mail
Mas a queima libera venenos tóxicos no ar, e o lixo enterrado e
queimado faz o mesmo com os lençóis freáticos, contaminando ambos. Nada
disso contribui para uma mudança no cenário observado atualmente, e não
traz problemas apenas para a flora e fauna local, mas também para as
próprias pessoas. O Dr. Byers, da Universidade do Colorado em Boulder,
acrescentou que muitos turistas estavam doentes por causa do lixo humano
sendo despejado nos rios locais. “A maioria das lojas tem sistemas
sépticos com vazamentos, ou as dependências ficam próximas ou
diretamente sobre os córregos”, disse.

Reprodução | The Daily Mail
O Comitê de Controle de Poluição de Sagarmatha, que lida com resíduos
no lado nepalês da montanha, disse ao Dr. Byers que não tem controle
sobre os resíduos gerados pelas lojas ao redor do Everest. Mas ele não
aceita essa explicação, e tem certeza de que eles tem total noção do que
é feito, só não podem realmente fazer nada porque a Associação de
Proprietários de Lojas é muito poderosa.
O Dr. Byers disse que as tentativas de resolver o problema devem se
concentrar na redução do lixo sólido que chega ao Parque Nacional
Sagarmatha, do qual o Everest faz parte, enquanto melhora a reciclagem.
Não deveria ser uma medida remediadora e, sim, preventiva. Além disso,
uma análise científica detalhada do problema deveria ser conduzida, para
que fossem encontradas possíveis soluções, baseadas em estudos.

Reprodução | The Daily Mail
Em última análise, isso poderia levar, por exemplo, ao banimento de
todas as garrafas plásticas de água que entram no parque, assim como
proibiram garrafas de cerveja de vidro anos atrás. “Também poderia levar
ao desenvolvimento de incentivos para os proprietários de lojas de
reciclagem de alumínio, aço e vidro”, ele finaliza.
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