sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

O Estado de S. Paulo – Quando a Antártida era uma floresta

O Estado de S. Paulo – Quando a Antártida era uma floresta


Na primeira mostra pós-incêndio, Museu Nacional reconstrói continente antes do gelo

Roberta Jansen / RIO

Expedições. Réplica de Plesiossauro está na mostra aberta em centro cultural no Rio
Aespessa camada de gelo que recobre toda a Antártida esconde um passado muito diferente do atual mundo branco, gelado e praticamente estéril, isolado no extremo sul do planeta. Escavações paleontológicas comprovam que o continente já abrigou uma frondosa floresta tropical e as mais diferentes espécies de animais, inclusive dinossauros e répteis gigantes.

Boa parte dessa pesquisa está sendo feita por cientistas brasileiros e, agora, poderá ser vista pelo público. O diretor do Museu Nacional, o paleontólogo Alexander Kellner, e a paleontóloga Juliana Sayão apresentaram ontem as novas descobertas do Projeto Paleoantar, ligado ao Programa Antártico Brasileiro. O material novo e o mais antigo está reunido todo pela primeira vez na exposição Quando Nem Tudo Era Gelo – Novas Descobertas no Continente Antártico, no Centro Cultural Museu Casa da Moeda, no Rio.

Trata-se da primeira exposição aberta pelo Museu Nacional desde o incêndio de 2 de setembro. “Essa exposição, aberta pouco mais de quatro meses depois da tragédia que se abateu sobre nossa instituição, tem inúmeros significados. É a primeira desde o incêndio, acontece no prédio que foi a primeira sede do museu e será uma oportunidade incomparável para o público conhecer uma Antártida apresentada de forma única e surpreendente”, disse Kellner. Grande parte do material da exposição estava num anexo não afetado pelo fogo.

Características. Atualmente, a temperatura média no verão da Antártida é de -35°C no interior do continente e de 0°C na península. A temperatura mais baixa já registrada na Terra (- 89°C negativos) ocorreu nas proximidades do Polo Sul. Por isso, o continente nunca foi permanentemente habitado pelo homem.

Mas nem sempre foi tão frio assim. Durante a maior parte do Cretáceo (de 144 milhões a 65 milhões de anos atrás), um clima bem ameno prevaleceu na Antártida, favorecendo o crescimento de plantas e o surgimento de animais. Fósseis desenterrados cada vez com mais frequência revelam flora e fauna das mais exuberantes. Árvores com mais de 4 metros de altura e diferentes espécies de samambaias compunham essa floresta tropical.

Para os pesquisadores, a compreensão da pré-história da Antártida é fundamental para diferentes áreas de conhecimento. “A exposição é uma forma de facilitar o entendimento das pessoas sobre questões que afetam as vidas de todos nós, como o calor excessivo no Rio, por exemplo”, disse Juliana.

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