segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Valor Econômico – Investimento mundial em energia renovável cai para US$ 332 bi em 2018

Valor Econômico – Investimento mundial em energia renovável cai para US$ 332 bi em 2018


Por Leslie Hook | Financial Times, de Londres

Adriano Machado/BloombergQueda reflete a redução de custos dos projetos de geração eólicos e solares

Os investimentos mundiais em energias "limpas" caíram 8% em 2018, para US$ 332,1 bilhões, refletindo a ofensiva chinesa contra os subsídios à energia solar e a queda no custo dos projetos eólicos e solares.

Os novos números de uma análise da BloombergNEF, considerada a contagem mais precisa dos gastos em energia limpa no mundo, mostram que o maior declínio ocorreu na China, onde os investimentos em fontes renováveis caíram mais de 30%, depois de uma nova política governamental ter cortado os subsídios a projetos de energia solar em junho.

Ainda assim, apesar do declínio na quantia investida, o ritmo de expansão da capacidade de produção continuou em alta, uma vez que houve forte queda no custo da energia eólica e solar.

"Isso não é uma desaceleração, de forma alguma", disse Angus McCrone, editor–chefe da BloombergNEF. "Em razão da redução dos custos" é preciso "correr mais rápido para ficar parado", acrescentou.

Os investimentos em energia limpa vão voltar a cair em 2019, prevê McCrone, mas, da mesma forma que em 2018, a nova capacidade adicionada vai aumentar um pouco, porque a redução de custos deve continuar.

Esse panorama pode significar tempos difíceis à frente para os fabricantes de painéis de energia solar e turbinas eólicas, que hoje já se veem às voltas para lidar com a queda no preço de seus produtos.

"Este ano vai ser o momento da verdade para as fabricantes de turbinas eólicas de uso continental e suas fornecedoras", disse David Hostert, chefe da área eólica na BloombergNEF. "É provável que isso leve a mais cortes e mais fusões, especialmente na China e na Índia."

Alguns setores, contudo, vão ter crescimento – particularmente o de armazenamento de energia, que terá crescimento recorde segundo as projeções da BloombergNEF. As vendas de veículos elétricos, por sua vez, deverão subir 40% neste ano, de acordo com suas previsões.

Em 2018, a desaceleração esteve concentrada na China, Japão, Índia e Alemanha, com declínios superiores a 10% nos investimentos em energia limpa.

Os mercados americano e europeu tiveram forte alta nos investimentos em fontes renováveis, em parte graças ao crescimento da energia eólica em regiões marítimas na União Europeia, e da expansão de projetos de energia renovável financiados por grandes empresas de tecnologia.

O declínio no investimento mundial em energias limpas chega no momento em que as emissões de carbono estão em alta, tendo atingido recorde em 2018, em razão do aumento do uso de petróleo e gás.

No setor de energia solar, as restrições dos subsídios chineses que foram anunciados em junho cortaram pela metade os investimentos em projetos na área no país, segundo a análise.

"2018 foi certamente um ano difícil para muitos fabricantes solares e para as construtoras [de projetos de energia solar] na China", disse Jenny Chase, chefe de análise solar na BloombergNEF. Ela destacou, contudo, que o declínio nos preços dos painéis solares tornou a tecnologia financeiramente mais atraente para outros países, como a Índia, onde o custo de novos projetos solares está entre os mais baixos do mundo.

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