Tecnologia de impressão 3D dá vida a lagartixa raríssima, em risco de extinção, para que mais pessoas a conheçam e lutem por sua proteção
Até 2011, acreditava-se que a lagartixa-de-pés-de-folha (Phyllodactylus pulcher) estava extinta na natureza. Por isso mesmo pouquíssimo se sabia sobre essa criatura minúscula, com pouco mais de 60 centímetros de comprimento, que tinha hábitos noturnas, possivelmente se alimentava de insetos e só era encontrada na ilha de Barbados, no Caribe, e em nenhum outro lugar do mundo.
Todavia, há cerca de uma década, foi encontrada uma pequena população dessa espécie de lagartixa, com apenas 250 indivíduos, na região de Culpepper, na borda de penhascos rochosos perto do mar. Desde então especialistas em conservação têm tentado conhecer mais sobre seus hábitos e comportamento para poder protegê-la da extinção.
Barbados é uma das ilhas mais povoadas do Caribe e esses répteis enfrentam não apenas a perda de habitat, mas também, o aumento do nível dos oceanos provocado pelo aquecimento global e a introdução de espécies invasoras.
Mas como envolver o grande público na preservação de espécies tão ameaçadas se as pessoas nunca viram esses animais? Como engajar a sociedade na luta por elas somente através de campanhas em que são divulgadas fotos? Ou então em visitas a museus onde espécimes foram coletados e empalhados?
E aí que entra a tecnologia da impressão 3D. Quando o Museu Nacional de Barbados demonstrou interesse em sediar uma exposição permanente sobre esse réptil, pesquisadores da mais antiga organização de conservação da vida selvagem do mundo, a Fauna & Flora International (FFI) entrou em ação.
“De repente nos vimos numa situação difícil. De jeito nenhum iríamos coletar indivíduos de uma população global composta por menos de 250 lagartos adultos. Felizmente, a tecnologia veio em nosso socorro”, revelou Isabel Vique, diretora do Programa Caribe da FFI.
O que se fez, através de imagens digitalizadas da Phyllodactylus pulcher foi imprimir réplicas dela em três dimensões. O resultado é impressionante!
“Tendo visto tanto as réplicas quanto os reais, posso garantir que elas são incrivelmente realistas”, diz a Laure Joanny, pesquisadora da FFI.
A réplica foi feita utilizando vários softwares diferentes
(Foto: Luis Carrera)
Para os especialistas, na área da conservação, vale aquele velho ditado popular “O que os olhos não veem, o coração não sente”.
Os diversos répteis que serão expostos no Museu Nacional de Barbados
(Foto: Luis Carrera)
Desde a redescoberta da lagartixa-de-pé-folha foi desenvolvido um programa de proteção para a espécie. Junto ao governo de Barbados, e em parceria com diversas organizações ambientais, como a FFI e a Re:wild (apoiada pelo ator e ativista Leonardo DiCaprio), foi criado um santuário para a espécie, livre de animais invasores e predadores da pequena lagartixa. Também houve o lançamento de uma campanha de educação ambiental para tornar mais conhecido esse réptil pela população em geral.
A lagartixa-de-pés-de-folha real, na vida selvagem
(Foto: Jenny Daltry/Fauna & Flora International)
*Com informações e entrevistas publicadas no site da Fauna & Flora International
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Foto de abertura: Luis Carrera
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