Agrotóxico causa mortes de araras-azuis no Pantanal,
aponta pesquisa
Agrotóxico causa mortes de araras-azuis no Pantanal,
aponta pesquisa
Os pesquisadores publicaram os resultados da análise na
revista científica 'Scientific Reports', um braço da conceituada Nature. No
artigo, cientistas confirmaram intoxicação por um tipo de pesticida.
Por Alysson Maruyama, g1 MS e TV Morena
10/03/2022 17h32 Atualizado há 10 meses
Araras foram encontradas mortas e pesquisa investigou causa.
— Foto: Instituto Arara Azul/Reprodução
Araras-azuis foram encontradas mortas por produtores rurais
de Mato Grosso do Sul. Após o incidente, pesquisadores iniciaram análises nos
corpos dos animais e encontraram a presença de agrotóxico nos organismos das
aves. Outros cientistas também estão preocupados com outro animal, a anta.
Os pesquisadores publicaram o resultada da análise na
revista "Scientific Reports", um braço da conceituado grupo Nature,
confirmando que a morte dos animais foi ocasionada por um intoxicação por
organofosforado, um tipo de pesticida.
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As aves foram analisada no Centro de Assistência
Toxicológica, em São Paulo, após passarem por exames necroscópicos em Mato
Grosso do Sul.
"Nós fizemos necropsia, aqui em Campo Grande, coletamos
os órgãos e enviamos para o laboratório, em Botucatu, com suspeita de
envenenamento por agrotóxico", afirmou Neiva Guedes, pesquisadora do
Instituto Ara Azul.
O Instituto Arara Azul atua há mais de 30 anos no Pantanal e
ainda depende de parcerias para realizar o trabalho de análise da presença de
substâncias tóxicas em aves vivas.
Antas
Pesquisa aponta que as antas estão ingerindo os agrotóxicos
por meio das plantas que comem em seu habitat natural. — Foto: Reprodução
Outro grupo, o Instituto de Pesquisas Ecológica, coletou
amostras de mais de 100 antas mortas, atropeladas em rodovias e também de
animais vivos capturados em campo. O estudo começou em 2016, em regiões
cercadas por lavouras e pastagens, e constatou
que, no Cerrado, a Anta está perdendo a luta para os agrotóxicos.
Os especialistas explicam que as exposições das antas aos
agrotóxicos são feitas no próprio habitat natural, seja pela ingestão de
plantas em contato com o solo ou água contaminada. "A análise estomacal
demonstra exposição pela ingestão de plantas nativas contaminadas e de itens
das culturas agrícolas eventualmente utilizados como recurso alimentar",
descreveram os cientistas do Instituto de Pesquisas Ecológica em um artigo.
Os cientistas identificaram que antas do Cerrado vivem até
dez anos menos que em outros biomas e encontram alguns animais com deformações,
como dedos a mais nas patas. De cada 10 amostras, quatro haviam altas
concentrações de diferentes tóxicos.
"Quase metade de tudo o que a gente coletou pra amostra
foi positivo pra um ou mais agroquímico. a gente tem caso de três ou quatro. O
que é de fato preocupante é que a maioria desses agroquímicos são altamente
tóxicos pro meio ambiente, altamente tóxicos pros seres humanos e pros animais,
certamente", enfatizou a coordenadora de pesquisa do Instituto de
Pesquisas Ecológicas, Patrícia Médice.
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