sábado, 15 de abril de 2023

Pesquisador brasileiro de 17 anos ganha prêmio internacional ao criar repelente e inseticida de baixo custo com fruto da Amazônia

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Pesquisador brasileiro de 17 anos ganha prêmio internacional ao criar repelente de baixo custo com fruto da Amazônia

O jovem pesquisador brasileiro Gustavo Botega Serra tem apenas 17 anos, mas já está brilhando lá fora. Esse maranhense, de Imperatriz, acaba de ganhar simultaneamente o Prêmio Weizmann, que inclui uma bolsa de estudos em Israel, e a oportunidade de participar da Regeneron ISEF, um dos maiores eventos de ciências do mundo, que esse ano acontecerá em Dallas, Texas.

O reconhecimento internacional se deu após ele ter conquistado este ano o 1° lugar nas categorias Inovação e Ciências Biológicas na Feira Brasileira de Ciência e Tecnologia (Febrace), a maior feira brasileira pré-universitária de Ciências e Engenharia, promovida anualmente pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).

Com a ajuda de seu orientador, Zilmar Timóteo, Gustavo que fez parte do Programa Cientista Aprendiz*, vinculado à Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão (UEMASUL), desenvolveu um larvicida, inseticida e repelente naturais, de baixo custo, feitos com os princípios ativos do tucum mirim (Astrocaryum acaule), um fruto encontrado em abundância na Amazônia e muito utilizado pelas comunidades rurais para prevenir e tratar picadas de insetos.

“Porém não havia nenhuma comprovação científica da eficácia desse fruto, era um conhecimento apenas empírico. Então visando transformar esse conhecimento empírico em um conhecimento científico, nós desenvolvemos um fármaco sustentável e de baixo custo, totalmente a base do tucum mirim, chamado PharmAcaule, dividido em repelente infantil, adulto, animal, e antipragas”, contou Gustavo ao Conexão Planeta.

Pesquisador brasileiro de 17 anos ganha prêmio internacional ao criar repelente de baixo custo com fruto da Amazônia

Segundo o pesquisador, o produto foi feito com uma fusão do álcool do tucum mirim como o óleo, extrato e polpa do fruto. Depois disso, realizou-se a identificação dos princípios ativos, nos quais foram encontrados os responsáveis pela repelência (Dilapiol, Icaridina, e Dietiltoluamida), e responsáveis pelos teores de inseticida (Cipermetrina)

“Então nós fizemos testes para comprovação da eficácia desse fármaco, utilizando tecido de porco, e todos os resultados foram excelentes, acima de 90% de eficácia, inclusive quando comparado a repelentes industrializados”, revela. “Além disso, nos testes como inseticida, percebeu-se a morte de 1, a cada 2 insetos, e larvas que entravam em contato o PharmAcaule antipragas morriam”.

O repelente não tem adicionado à sua formulação nenhum aditivo ou componente químico tóxico. A expectativa é que o fármaco ajude a combater a propagação de doenças como a dengue, chikungunya e zika, por exemplo, através do controle dos insetos vetores que as transmitem.

Pesquisador brasileiro de 17 anos ganha prêmio internacional ao criar repelente de baixo custo com fruto da Amazônia

Os repelentes e fármacos criados pelo projeto do jovem pesquisador
(Foto: arquivo pessoal)

Gustavo, que estudou como bolsista na Escola Santa Terezinha, em Imperatriz, concluiu o Ensino Médio no ano passado. Mas a paixão pela ciência já nasceu na infância.

“Assim como a grande maioria dos jovens cientistas, eu fui uma criança muito curiosa, fazia muitas perguntas pros meus pais e professores, e pude encontrar na ciência uma forma de responder essas perguntas”, diz.

O curso no Instituto Weizmann será em julho e terá duração de três semanas. Lá o brasileiro estará junto de outros 80 estudantes do mundo inteiro, que terão à disposição alguns dos mais modernos laboratórios nas áreas de bioquímica, biologia, química, matemática, ciência da computação e física.  

“Estou muito empolgado. Tenho certeza que será uma vivência transformadora. Eu já conhecia e admirava bastante a história de alguns dos outros brasileiros que já passaram por essa experiência, e poder viver isso é um sentimento de felicidade enorme. Sou muito grato por ter sido selecionado dentre tantos outros excelentes projetos, tenho certeza que essa experiência irá ser um divisor de águas em minha vida, poder trabalhar em alguns dos melhores institutos de ciência do mundo, com profissionais fantásticos e em um país de referência no meio científico como Israel, é um sonho para qualquer jovem cientista”, afirma Gustavo.

Na volta, ele pretende continuar investindo na carreira de pesquisador científico.

“Tenho certeza que voltarei com muitos aprendizados na bagagem, e sem dúvida compartilharei esses conhecimentos com a comunidade científica do Brasil, pois assim como eu tive aqueles jovens brasileiros como inspiração, espero um dia poder inspirar outras crianças curiosas a trilhar o caminho da ciência”.

*O Cientista Aprendiz é um programa de pré-iniciação científica para alunos do 8º ano do Ensino Fundamental até a 3ª série do Ensino Médio. O programa faz parte das atividades de extensão da UEMASUL e nasceu do interesse dos alunos pelas atividades de laboratório e pelas diferentes áreas da pesquisa científica.

Foto de abertura: divulgação Ascom/UEMASUL

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