27/12/2013 - 03h15
Dilma oferece cargos para aumentar exposição na TV
NATUZA NERY
VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA
A presidente Dilma Rousseff planeja usar a reforma ministerial em
estudos no governo para ampliar sua exposição no rádio e na televisão na
campanha do ano que vem, quando disputará a reeleição.
VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA
Os conselheiros políticos de Dilma definiram como um dos pilares de sua estratégia eleitoral assegurar metade do tempo previsto pela legislação para a propaganda dos candidatos no rádio e na TV.
Dilma pretende ter a seu lado uma coalizão inédita, formada por 12 partidos que podem garantir a sua campanha pouco mais de 12 minutos em cada bloco de 25 minutos de propaganda, ou 49% do total.
Quatro desses 12 minutos poderão ser assegurados com a adesão de quatro siglas partidárias que devem ser contempladas com cargos na reforma ministerial, que Dilma promete anunciar até março.
O PSD do ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, que já tem um ministério, o PTB, que tem um posto em uma das vice-presidências do do Banco do Brasil, e o PP, que controla o Ministério das Cidades, querem ampliar seu espaço no governo. Outro partido que poderá ser atraído ao bloco é o recém-criado Pros, do governador do Ceará, Cid Gomes, e de seu irmão, Ciro Gomes.
Na avaliação da cúpula do governo, o domínio do palanque eletrônico dará a Dilma uma enorme vantagem. Seus dois adversários mais prováveis, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), são pouco conhecidos e terão pouco tempo para se apresentar ao eleitor.
Se conseguir o que quer, Dilma será a candidata a presidente com maior exposição no palanque eletrônico na história do país. O dono do recorde atual é o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, reeleito em 1998 com 47% do tempo total de televisão.
De acordo com a legislação eleitoral, a divisão do tempo de propaganda é proporcional ao tamanho das bancadas dos partidos na Câmara dos Deputados. Em 2014, os programas do horário eleitoral serão exibidos de 19 de agosto a 2 de outubro, três dias antes do primeiro turno.
AGENDA
A segunda vantagem de Dilma, dizem seus estrategistas, será poder fazer a campanha sem deixar a cadeira presidencial. Sua agenda privilegiará inaugurações e eventos de programas federais como alavanca de votos.
Eventos de campanha explícitos serão restritos a fins de semana e horários fora do expediente. Já o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, padrinho político de Dilma, pretende rodar o país a partir de março, atuando como uma espécie de dublê da candidata à reeleição.
Nos bastidores, articuladores de Dilma afirmam que, apesar dessas vantagens, ela precisará entrar na corrida "olhando para frente" e "acenando para o futuro", para se contrapor a seus adversários, que deverão se apresentar aos eleitores como novidade.
O desafio da presidente será convencer o eleitorado de que um segundo governo Dilma será melhor que o primeiro. Como o presidente do PT, Rui Falcão, resumiu em evento recente do partido, é o "fiz, faço e farei, mais e melhor".
Entre os obstáculos que o Palácio do Planalto mais teme, estão a inflação e a volta dos protestos de rua com a Copa do Mundo. Como a Folha informou há uma semana, o governo estuda medidas para evitar que a Copa alimente manifestações contra o gestão no prelúdio da eleição.
Folha on line |
Governo age para evitar desgaste com protestos na Copa
Por Natuza Nery, na Folha Online:
Preocupados com eventuais protestos durante a Copa de 2014, articuladores do governo começaram a preparar “antídotos” para tentar evitar impacto sobre a campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff. Dos obstáculos projetados, o chamado “risco Copa” é o que mais tem tirado o sono dos estrategistas. Apesar de preocupações com os rumos da economia, a aposta do Planalto é que a inflação estará sob controle e o nível de desemprego, estável.
A tensão
maior recai justamente sobre o que o governo não controla: as ruas.
No
Executivo, a ordem é evitar a “reencarnação das manifestações” deste
ano, conforme definiu um auxiliar. Os protestos de junho fizeram com que
Dilma perdesse 27 pontos, desabando de 57% de aprovação para 30% em
apenas três semanas. Avalia-se que a repetição de um mergulho dessa
ordem pode ser fatal na campanha.
(…)
Na lista de antídotos está uma campanha publicitária federal explicando aos brasileiros o legado da Copa.
O governo também avalia exigir melhorias de gestão dos clubes de futebol na hora de conceder renegociações de dívidas.
Os clubes queriam o perdão de dívidas previdenciárias e trabalhistas, mas, no máximo, conseguirão um refinanciamento.
A ideia é que as condições contratuais, como o tamanho das prestações, dependam do grau de contrapartidas. O governo também deve chamar o Bom Senso Futebol Clube –movimento que pede melhorias nas condições de trabalho dos atletas– para discutir as dívidas.Para diminuir a resistência aos estádios, um dos deflagradores dos protestos de junho, um comitê governamental trabalha com um calendário de eventos nas arenas da Copa para que a população encare as construções como patrimônio e desfaça a ideia de que não passam de “elefantes brancos” que perderão a função após o mundial.
(…)
(…)
Na lista de antídotos está uma campanha publicitária federal explicando aos brasileiros o legado da Copa.
O governo também avalia exigir melhorias de gestão dos clubes de futebol na hora de conceder renegociações de dívidas.
Os clubes queriam o perdão de dívidas previdenciárias e trabalhistas, mas, no máximo, conseguirão um refinanciamento.
A ideia é que as condições contratuais, como o tamanho das prestações, dependam do grau de contrapartidas. O governo também deve chamar o Bom Senso Futebol Clube –movimento que pede melhorias nas condições de trabalho dos atletas– para discutir as dívidas.Para diminuir a resistência aos estádios, um dos deflagradores dos protestos de junho, um comitê governamental trabalha com um calendário de eventos nas arenas da Copa para que a população encare as construções como patrimônio e desfaça a ideia de que não passam de “elefantes brancos” que perderão a função após o mundial.
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