Economista,
advogado, doutor em ciência política, pós-doutor em administração, é
professor de administração pública e pesquisador associado do programa
de pós-graduação em contabilidade da Universidade de Brasília (UnB)
Como
é sabido, economia e política andam juntas. Quando a primeira vai mal,
produz efeitos devastadores no campo político, ameaçando os detentores
do poder. Nesse sentido, o cenário econômico e político começou a ganhar
novos contornos com os argumentos utilizados pela presidente Dilma
Rousseff, no pronunciamento feito em rede nacional no fim de 2013. No
discurso, ela ressalta a falta de confiança de empresários, atribuída
por ela a uma "guerra psicológica".
Diante
desse cenário, torna-se oportuno fazer a seguinte pergunta: o Brasil
vive uma "guerra psicológica" que está provocando a falta de confiança
de empresários, e por decorrência, afetando o desempenho da economia?
Observa-se
no teor do discurso uma postura defensiva da governante, na qual estão
presentes argumentos ideológicos que, na essência, tentam imputar, desde
já, responsabilidades a atores difusos pelos problemas que a economia
brasileira vem enfrentando. Tendo como referência o pleito eleitoral de
outubro de 2014, a mandatária busca distorcer um cenário econômico,
social e político preocupante, gerado pela própria incompetência do
governo e dos políticos no poder.
É
relevante destacar que os argumentos usados no discurso fazem parte da
ideologia e dos mecanismos de argumentação do modelo bolivariano, que
vêm sendo testados nos governos da Venezuela e da Argentina, para
confundir a sociedade e viabilizar a manutenção dos atuais dirigentes
políticos no poder.
O que está ocorrendo nos dois países vizinhos é
conhecido de todos: crescimentos econômicos pífios, utilização de
mecanismos para camuflar a inflação, contabilidade criativa, controle da
imprensa, controle de preços e desabastecimento, erosão das
instituições, entre outros. O que já está acontecendo no Brasil, em
relação a essas distorções assinaladas, não é mera coincidência.
O
modelo bolivariano que o partido político da atual governante
esforça-se em implantar no Brasil é uma cópia do populismo do passado,
com nova roupagem. É um modelo com forte viés intervencionista do Estado
na economia. Os resultados são conhecidos: níveis pífios de crescimento
da economia.
Os
efeitos mais danosos da implantação desse modelo decorrem da adoção de
políticas econômicas inconsistentes, em particular, as políticas fiscal,
monetária e cambial.
O continuado baixo desempenho da economia, a piora
das contas públicas, a elevação do deficit externo, o aumento da
inflação e as medidas criativas para tornar mais palatáveis as contas
públicas, entre outras, levam a um aumento do descrédito das autoridades
econômicas, prejudicando a imagem do país e gerando crescente
desconfiança dos investidores no ambiente de negócios.
Os
ideólogos desse modelo, com vista a aumentar o nível de popularidade do
governante, defendem a geração do aumento de consumo privado, por meio
de transferências e elevação dos gastos públicos.
O mais importante, sob
o prisma do modelo bolivariano, é a permanência do partido no poder.
Do
ponto de vista político, trata-se de uma visão pragmática para alcançar
os seus objetivos: sacrificar as instituições, que são as bases de
sustentação da economia de mercado e da democracia.
Registre-se,
nesse sentido, que a ilustre presidente, ao comparecer a evento
promovido em dezembro de 2013 pelo partido político a que está
vinculada, para defender os presos "políticos" do mensalão, afrontando a
instituição Poder Judiciário, estava sendo coerente com essa ideologia
ultrapassada e perigosa para a democracia no Brasil.
Tendo
como pano de fundo esse cenário inquietante, os eleitores contribuintes
terão que decidir, nas eleições de outubro de 2014, as mudanças que
desejam para o Brasil: retroceder para o modelo bolivariano ou avançar
rumo ao desenvolvimento, apoiado num Estado democrático de direito.
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