sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

O valor que sustenta a democracia é a manifestação do povo sobre o poder que optou para representá-lo.


Nestes dias que antecedem a prisão do ex-presidente da Câmara dos Deputados João Paulo Cunha, os poucos amigos que ainda lhe restam e são solidários preferem o anonimato. 


Fogem das luzes e dos fotógrafos para não se comprometerem, o que é absolutamente comum. Mas um amigão de João Paulo Cunha é diferente. José Rainha, ex-líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), com a certeza da impunidade que lhe é peculiar (já foi preso mais de 13 vezes) e responde ainda a diversos processos judiciais, retribuiu as visitas feitas pelo amigo. 


Saiu em defesa de João Paulo enquanto atirava palavras infelizes para todos os lados. Escancarou um racismo com cheiro de ranço de Maniqueu, comum no PT. 


Considerou as iniciativas e a atuação do ministro do STF, Joaquim Barbosa, injustas e arbitrárias.


Em matéria assinada no portal Terra, o repórter Fernando Diniz replica a fala de Rainha: "No dia em que o negro entra na casa grande e se encanta com os anéis, ele é tão reacionário quanto o dono do engenho. 

E no dia em que o negro nega a sua raça, seu sangue, sua história, ele é tão branco como o dono do engenho". 

É de estarrecer. O comentário infeliz, embora não tenha despertado a indignação dos movimentos de defesa dos afrodescendentes, conseguiu afrontar toda uma nação que está farta de desmandos, impunidade, abusos e corrupção.

País que quer acabar com os pelegos. O que na verdade esse ilustre personagem dos fora da lei quer dizer com seu comentário, mesmo sabendo que ele nunca leu o clássico de Gilberto Freyre, Casa-Grande & Senzala, é que o ministro indicado por seu partido, o PT, ao Supremo deveria ter uma conduta serviçal ao Partido dos Trabalhadores.

Deveria se comportar como um beija-mão. Deveria agradecer por ter sido indicado pelo presidente Lula para ocupar uma cadeira na Suprema Corte do Brasil. Deveria fechar os olhos às tentativas daquela agremiação de golpear a democracia e reintroduzir a ditadura, agora sob o signo da esquerda. 

Uma das frases que mais mostra essa mentalidade é a que diz que o presidente Lula nomeou um negro para o STF e quem tomou posse foi um jurista.

Por mais que as tentativas atrapalhadas do PT tentem desacreditar o Supremo Tribunal, vão compondo um painel de absurdos. Como disse Marina Silva, cenas que deveriam ser constrangedoras não constrangem. O valor que sustenta a democracia é a manifestação do povo sobre o poder que optou para representá-lo. "O resto são anéis, que alguns amam mais que aos próprios dedos." (Circe Cunha)

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