Nestes
dias que antecedem a prisão do ex-presidente da Câmara dos Deputados
João Paulo Cunha, os poucos amigos que ainda lhe restam e são solidários
preferem o anonimato.
Fogem das luzes e dos fotógrafos para não se
comprometerem, o que é absolutamente comum. Mas um amigão de João Paulo
Cunha é diferente. José Rainha, ex-líder do Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra (MST), com a certeza da impunidade que lhe é peculiar
(já foi preso mais de 13 vezes) e responde ainda a diversos processos
judiciais, retribuiu as visitas feitas pelo amigo.
Saiu em defesa de
João Paulo enquanto atirava palavras infelizes para todos os lados.
Escancarou um racismo com cheiro de ranço de Maniqueu, comum no PT.
Considerou as iniciativas e a atuação do ministro do STF, Joaquim
Barbosa, injustas e arbitrárias.
Em matéria assinada no portal Terra, o
repórter Fernando Diniz replica a fala de Rainha: "No dia em que o negro
entra na casa grande e se encanta com os anéis, ele é tão reacionário
quanto o dono do engenho.
E no dia em que o negro nega a sua raça, seu
sangue, sua história, ele é tão branco como o dono do engenho".
É de
estarrecer. O comentário infeliz, embora não tenha despertado a
indignação dos movimentos de defesa dos afrodescendentes, conseguiu
afrontar toda uma nação que está farta de desmandos, impunidade, abusos e
corrupção.
País que quer acabar com os pelegos. O que na verdade esse
ilustre personagem dos fora da lei quer dizer com seu comentário, mesmo
sabendo que ele nunca leu o clássico de Gilberto Freyre, Casa-Grande
& Senzala, é que o ministro indicado por seu partido, o PT, ao
Supremo deveria ter uma conduta serviçal ao Partido dos Trabalhadores.
Deveria se comportar como um beija-mão. Deveria agradecer por ter sido
indicado pelo presidente Lula para ocupar uma cadeira na Suprema Corte
do Brasil. Deveria fechar os olhos às tentativas daquela agremiação de
golpear a democracia e reintroduzir a ditadura, agora sob o signo da
esquerda.
Uma das frases que mais mostra essa mentalidade é a que diz
que o presidente Lula nomeou um negro para o STF e quem tomou posse foi
um jurista.
Por mais que as tentativas atrapalhadas do PT tentem
desacreditar o Supremo Tribunal, vão compondo um painel de absurdos.
Como disse Marina Silva, cenas que deveriam ser constrangedoras não
constrangem. O valor que sustenta a democracia é a manifestação do povo
sobre o poder que optou para representá-lo. "O resto são anéis, que
alguns amam mais que aos próprios dedos." (Circe Cunha)
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