terça-feira, 26 de agosto de 2014

Aliados de Dilma coligam-se mais com o PSDB do que com o PT


Guilherme Balza
Do UOL, em São Paulo*



  • Alan Marques/Folhapress
    Dilma Rousseff e Michel Temer durante convenção nacional do PMDB em junho deste ano Dilma Rousseff e Michel Temer durante convenção nacional do PMDB em junho deste ano
Os principais partidos que compõem a base aliada do governo Dilma Rousseff estão mais coligados com o PSDB, principal sigla de oposição, do que com o PT, conforme levantamento feito pelo UOL a partir das coligações estaduais firmadas para as eleições a governador, senador, deputado federal e deputado estadual.


Considerando o número de parlamentares, os seis maiores partidos da base aliada do governo, além do PT, são PMDB, PSD, PP, PR, PDT e Pros. Todos apoiam a presidente Dilma na corrida presidencial.


Ao contrário do que ocorria até 2006, com o fim da chamada verticalização as alianças estaduais não precisam repetir a coligação nacional. A legislação eleitoral permite aos partidos formarem coligações independentes para todos os cargos em disputa nas eleições.


Na maior parte dos casos, as coligações firmadas para a disputa ao cargo de governador repetem-se nas eleições para senador, embora não seja uma regra.


Governador

Nas coligações para governador, PSD, PP e PR dividem bem mais chapas com tucanos do que com petistas. O PSD está com o PSDB em 14 coligações e com o PT em apenas sete. O PP está com os tucanos também em 14 coligações e divide palanque com o PT em seis Estados. O PR tem oito coligações com o PT e 12 com o PSDB.


O PMDB está dividido: em dez Estados apoia ou é apoiado pelo PT e em nove está com o PSDB. PDT e Pros são mais fieis ao PT. O partido fundado por Leonel Brizola está coligado com o PT em 13 chapas e com o PSDB em sete. Já o Pros está com os petistas em 11 Estados e com os tucanos em nove.


Intenção de voto

Presidência da República


Dilma RousseffPT

36

Marina SilvaPSB

21

Aécio NevesPSDB

20

Everaldo PereiraPSC

3

Outros

2

Brancos e nulos

8

Indecisos

9
"As coligações do PT são muito heterogêneas. Há uma proximidade ideológica maior com o PDT, mas PSD, PP e PR são claramente ligados à direita. O que atrai esses partidos a apoiar o PT? Cargos. É uma aliança pragmática. A questão é: quem está no governo, vou aderir", afirma Carlos Ranulfo, cientista político e professor da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), que pesquisa as relações dos partidos dentro do sistema político.


"Nos Estados, o jogo é outro. O PT governa apenas cinco Estados. Os outros partidos vão se aproximar dos que estão mais forte em cada Estado", diz Ranulfo. "Para o eleitor é uma confusão danada. Não consegue entender."

Deputado federal

Já nas coligações para deputado federal, até o PMDB está mais associado ao PSDB do que com o PT: oito a sete. O PSD tem 13 coligações com os tucanos e sete com os petistas, uma a mais do que o PP, que também está coligado com o PSDB em 13 Estados. O PR se coligou com os tucanos em 12 chapas contra quatro do PT.


Mais uma vez, PDT e Pros foram mais fieis. O primeiro coligou-se com o PT em 12 chapas para deputado federal e com o PSDB em cinco. O segundo está junto com os petistas em nove coligações, contra sete dos tucanos.

PT com DEM; PSDB com PC do B

Aliado histórico do PT, o PC do B está coligado com os tucanos em três Estados: Maranhão, onde apoiam o comunista Flávio Dino contra Edison Lobão Filho (PMDB); em Pernambuco, Estado em que apoiam Paulo Câmara (PSB), candidato apadrinhado por Eduardo Campos; e no Piauí, onde estão na chapa de Zé Filho (PMDB).

Em contrapartida, petistas estão coligados com DEM, principal aliado do PSDB, em outras três unidades da federação: Maranhão, onde apoiam Edison Lobão; no Pará, em que estão na mesma chapa que Helder Barbalho (PMDB), filho de Jader Barbalho; e na Paraíba, Estado que estão na mesma chapa que Ricardo Coutinho (PSB).

Apesar de auto se proclamar a "terceira via", o PSB de Marina Silva está coligado com o PSDB em 11 Estados e com o PT em cinco.

"O PSB sempre foi um aliado muito tradicional do PT. Isso pode indicar uma ida mais ao centro do PSB. Na medida que deixou de ser um aliado do PT, as sessões estaduais ficaram mais livres para escolher, e a balança acabou pendendo mais para a centro-direita do que pra centro-esquerda", afirma Ranulfo.

*Colaboraram Daniel Pereira dos Santos e Guilherme Godoy Chammas





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