Paulo Roberto Costa, ex-diretor preso na Operação Lava Jato, vai
revelar o esquema de propinas pago a políticos a partir da Petrobras. Na
foto, com Lula e Dilma. Lula chama o presidiário de "Paulinho".
O Ministério Público Federal já decidiu quais são as informações prioritárias que o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa terá de revelar no acordo de delação premiada que ele fechou na última sexta-feira (22): os procuradores da Operação Lava Jato querem saber como os contratos da Petrobras eram superfaturados e como o valor a mais retornava para os políticos.
Delação premiada é a figura
jurídica na qual um réu conta o que sabe à Justiça em troca de redução de pena.
Costa foi preso pela segunda vez em junho, depois que a Suíça informou às
autoridades brasileiras que ele tinha US$ 23 milhões em contas secretas naquele
país. A escolha dos contratos superfaturados
e do caminho pelo qual a propina chega aos partidos têm uma razão prática: são
esses pontos sobre os quais os procuradores têm menos provas para usar nas
ações penais.
Um exemplo dos indícios de que
Costa cuidava da distribuição de recursos a partidos: a Polícia Federal
apreendeu uma caderneta do ex-diretor da Petrobras com anotações de doação de
R$ 28,5 milhões em 2010 para o PP.
Os procuradores dizem nas ações
que os recursos saíram de contratos superfaturados da Petrobras, principalmente
na construção da refinaria Abreu e Lima, da qual Costa era um dos responsáveis. Há lacunas, no entanto, sobre
como o valor supostamente superfaturado foi distribuído para os políticos. Costa foi indicado pelo PP para a
diretoria de distribuição da Petrobras em 2004, ficou no cargo até 2012 e
conseguiu apoios no PT e PMDB.
Ele decidiu fazer um acordo de
delação premiada com os procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato
depois que a Polícia Federal fez buscas e apreensões em 13 empresas que
pertencem a sua filha, sua mulher, seu genro e um amigo dele.
A maioria das empresas em que a
PF fez buscas na última sexta-feira não tinha atividade nem funcionários.
Segundo os procuradores da força-tarefa, essas empresas serviam para receber
propina de fornecedores da Petrobras por meio de contratos falsos de
consultoria.
Costa ficou extremamente
preocupado com documentos encontrados no escritório de uma empresa da filha
dele, segundo a Folha apurou. O ex-diretor da Petrobras também
ficou com o temor de não ter o que contar depois que outros cinco réus
resolveram fazer acordo de delação premiada com os procuradores da Operação
Lava Jato, entre os quais uma contadora e um advogado do doleiro Alberto
Youssef.
PRESSÃO
A família de Costa pressionou-o
para fazer a delação por não ver saída jurídica para o caso. Na última
quinta-feira (21), véspera da decisão, o ex-diretor da Petrobras havia perdido
mais um recurso no Supremo --no qual a defesa alegava que o caso de Costa não
deveria continuar na Justiça federal do Paraná, já que a Petrobras fica no Rio.
Com a derrota no Supremo, a
mulher de Costa, Marici, enviou uma advogada especializada em delação premiada
para Curitiba, Beatriz Catta Preta, para fazer o acordo com os procuradores. A advogada de Costa repete desde
sexta-feira que o acordo de delação ainda não existe, que depende de "uma
decisão pessoal" de Costa.
A Folha apurou, no entanto, que
as declarações da advogada fazem parte de uma estratégia para evitar que a
delação seja anulada posteriormente na Justiça, porque esse tipo de negociação
exige sigilo absoluto de todas as partes envolvidas. (Folha)
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