Motor acelerado
Políticos e especialistas na análise desse tipo de consulta popular concordam num ponto: o sentimento de rejeição à presidente Dilma Rousseff, o desgaste do PT e o desejo de mudança encontraram em Marina Silva um canal de expressão e por meio dele sinalizam o desejo de encerrar o jogo no primeiro tempo. O apressado, como se sabe, corre o risco de comer cru e quente. Mas vontade é coisa difícil de segurar. Orienta-se pelo emocional.
Para
cima e para baixo os índices das intenções de votos captados pelas
pesquisas estão se mexendo com rapidez. O aumento do ritmo não se deve à
influência do horário eleitoral
Marina só leva vantagem por ter convencido o eleitorado que só ela pode livrar o Brasil da Dilma e do PT
Políticos e especialistas na análise desse tipo de consulta popular concordam num ponto: o sentimento de rejeição à presidente Dilma Rousseff, o desgaste do PT e o desejo de mudança encontraram em Marina Silva um canal de expressão e por meio dele sinalizam o desejo de encerrar o jogo no primeiro tempo. O apressado, como se sabe, corre o risco de comer cru e quente. Mas vontade é coisa difícil de segurar. Orienta-se pelo emocional.
Não
passa pelo rigor do crivo intelectual. As palavras ditas não precisam
ter alcance muito profundo. Basta que façam algum sentido aos ouvidos do
senso comum.
Mal
comparando, algo como a "quase-lógica" muito bem detectada pela
cientista política Luciana Veiga nos discursos do então presidente Lula
logo nos primeiros momentos de governo. Por esse critério, a comunicação
não precisa ter compromisso com a exatidão nem com a lógica formal.
Convence porque é verossímil. E
pelo que estamos vendo no movimento do eleitorado, uma quantidade
considerável de brasileiros vê em Marina Silva uma saída perfeitamente
viável para consertar "tudo isso que está aí". Assim é porque lhe parece
ser, conclui o eleitor.
Aécio
Neves, com toda substância programática, equipe experiente, cancha de
governo, respaldo político e empresarial não desperta esse sentimento.
Representa a alternativa lógica, mas pelo visto as pessoas necessitam de
fascínio. O real é combatente frágil ante a força do imaginário. De
onde analistas de pesquisas e políticos não estão enxergando espaço
para mudanças no cenário. Ressalvada a ocorrência de algo grave que
atinja Marina na pessoa física ou jurídica, como diz o cientista
político Antonio Lavareda, e mantida a tendência paulatina de subida nas
pesquisas ao ponto de abrir uma dianteira de 13 pontos em relação a
Dilma, uma decisão em primeiro turno "pode ser fortemente cogitada".
É
uma impressão que já faz parte das conversas de bastidores em todas as
campanhas. Justamente pelo fato de o eleitorado ter visto em Marina a
possibilidade concreta de derrotar a presidente e o PT, hipótese que o
eleitor não identificava tão firmemente em Aécio Neves. Muito
bem, mas se a rejeição ao PT e a Dilma é tão grande, por que ela está
em segundo lugar e não em terceiro? Duas explicações. Saulo Queiroz,
secretário-geral do PSD e leitor arguto de pesquisas, aponta que a
presidente tem percepção positiva nas regiões Norte e Nordeste, onde se
concentra um terço do eleitorado. "É o que segura, porque o mau humor se
espalha pelo Sul, Sudeste e Centro-Oeste."
Lavareda
também parte dessa base nítida de apoio social e acrescenta o volume de
propaganda do governo. Mas, atribui esse patamar, sobretudo, ao
"lulismo". É a sustentação do ex-presidente quem garante hoje à
presidente a vaga no segundo turno. O
grande problema para ela é justamente a vantagem de Marina: o índice de
rejeição. Supondo que a pressa sinalizada pelo eleitorado não se
consolide e haja uma segunda etapa, esse fator torna quase impossível
uma virada na final. A
menos que Dilma conseguisse tirar a diferença de mais de 20 pontos
porcentuais que a separam de Marina no quesito "não voto de jeito
nenhum".
Por: Dora Kramer - colunista do Estadão
BLOG PRONTIDÃO
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