Menos de 24 horas após a definição do segundo turno na corrida eleitoral, a presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, usou as redes sociais e convocou uma coletiva de imprensa para intensificar os ataques ao seu adversário Aécio Neves (PSDB), dando o tom do que será a campanha durante o segundo turno. A candidata voltou a dizer que o tucano representa uma volta ao passado e que a "realidade se imporá".
Para Dilma, os dois partidos que continuam na disputa já governaram o país e por isso será possível, além de fazer uma comparação entre os planos de governo de cada um, fazer ainda uma comparação entre os governos anteriores. A candidata fez questão de dizer que quando se refere "aos fantasmas do passado" está falando sobre as gestões do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
"Quando eu digo que voltam os fantasmas do passado, estou me referindo ao que ocorreu durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Diante da crise, quebraram o país três vezes. As taxas de juros foram as mais elevadas no Brasil em períodos pós plano real. Praticaram taxas de juros de 45%", afirmou na coletiva realizada no fim da tarde desta segunda-feira (6) no Palácio da Alvorada.
Em uma tréplica à declaração de Aécio, de que o povo está com medo dos monstros do presente, Dilma afirmou que o tucano "pode usar a retórica, mas a realidade se imporá".
Neste domingo, após a apuração dos votos, a petista disse que o país se lembraria dos " fantasmas do passado na hora de decidir o voto no segundo turno. Nesta segunda, Aécio disse que ficou surpreso ao ver nos jornais a fala de Dilma. "Me surpreende a candidata oficial falar de fantasmas do passado. Na verdade, os brasileiros estão preocupados com os monstros do presente: inflação alta, recessão e corrupção."
Em uma crítica às políticas sociais dos governos FHC, Dilma afirmou que essas políticas precisam incluir todos os 202 milhões de habitantes no Brasil. "Eles jamais colocaram os pobres no Orçamento. Todas as políticas sociais foram restritas, feitas para poucas pessoas. O país tem 202 milhões de habitantes. Então políticas que fazem a diferença têm que ser compatíveis com esse número", disse.
Em um primeiro exemplo de comparação entre os governos, Dilma apresentou números e resultados do ensino técnico no país. "Eles fizeram 11 escolas técnicas em oito anos. Eu, no meu governo, não só construí como entreguei e estão funcionando 208 escolas técnicas. O Lula fez 214. Isso foi importante porque foi essa decisão de investir no futuro dos jovens que levou o governo, no início de 2011, a construir o Pronatec, um programa nacional de ensino técnico", disse.
Em seguida ela diz que "o povo brasileiro não quer de volta aqueles que trouxeram o racionamento de energia". Em outra referência direta aos governos do PSDB, Dilma afirma que irá produzir as "mudanças necessárias na condução da política econômica. Mas não deixará voltar o tempo em que a riqueza do país não era distribuída e as crises eram combatidas às custas do trabalhador e de seu emprego e salário".
Questionada sobre se uma de suas estratégias para o segundo turno poderia ser indicar quem seria seu novo ministro da Fazenda, assim como fez Aécio ao declarar que nomearia Armínio Fraga para o cargo em seu eventual governo, Dilma disse que a atitude do tucano é um "complicador".
"Foi justamente no período em que Armínio Fraga era ministro da Fazenda [no governo FHC] que a inflação saiu duas vezes do limite superior da política de metas. Foi também em sua gestão que tivemos a maior taxa de juros desse período. Isso é muito complicado. Cada um opta pelo que quiser. Estou fazendo o meu governo e os números são claros", disse.
Armínio Fraga não foi ministro da Fazenda, como afirmou Dilma. Ele foi presidente do Banco Central no segundo governo de FHC.
A candidata também foi questionada sobre a reação do mercado financeiro que, confiante em uma vitória de Aécio, fez a Bolsa de Valores subir e o preço do dólar cair. Em resposta, ela disse que "os investidores podem fazer tudo mas não ganham eleição". "Quem ganha eleição é uma coisa chamada povo", completou.
MARINA
Dilma considerou o telefonema dado por Marina Silva (PSB), terceira colocada na disputa à Presidência, como "extremamente gentil e civilizado". "Ela me cumprimentou pela eleição e eu disse que eu tinha certeza que nós lutávamos por melhorar o Brasil, em que pese as nossas diferenças", disse.
Marina ligou para Dilma e Aécio no início da manhã desta segunda. A conversa, segundo assessores da ex-senadora, foi protocolar, em que Marina parabenizou os adversários pelo desempenho mas não tratou de um eventual apoio a nenhum dos dois.
Em seu pronunciamento público no domingo (5), após a divulgação do resultado que a tirou da disputa pelo Palácio do Planalto, Marina indicou que deve apoiar o tucano contra a presidente no segundo turno.
Na coletiva, Dilma evitou falar sobre possíveis alianças com Marina ou com o PSB. "Acho que seria uma temeridade falar hoje sobre como seria uma temeridade qualquer fala a respeito de como será o apoio no futuro. É óbvio que muitas vezes os apoios não dependem só de uma pessoa. São decididos por várias instâncias", disse.
CAMPANHA
Dilma passou o dia reunida com integrantes da cúpula da sua campanha eleitoral. A principal preocupação dos petistas está no Estado de São Paulo, onde Aécio teve um expressivo resultado.
Nesta terça (7), Dilma se reunirá à tarde, em um hotel em Brasília, com todos os governadores e senadores da base aliada eleitos em primeiro turno e com candidatos a governos em Estados onde não há racha na base. O evento será uma clara demonstração de força da candidata.
Dilma deve iniciar as viagens pelo país pelo Nordeste e depois irá ao Sudeste, priorizando Minas Gerais, onde ficou na frente de Aécio Neves, e em São Paulo, onde perdeu para o tucano.
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