quarta-feira, 15 de outubro de 2014

O poder da mentira política petista e o que fazer contra ela?


joao santana
No Facebook, um leitor me mandou um comentário bem interessante, que compartilho com vocês:
A mentira a respeito de Arminio está no ar desde o início da campanha, mas o PSDB se recusa a exibir a manchete da Folha em que Lula pede a permanência dele no seu futuro governo. Quando for exibir já não terá efeito neutralizador algum. Ou se reage de imediato ou entrega os pontos. Parece que os marqueteiros do PSDB querem perder.
Eu não diria que os marqueteiros do PSDB querem perder, mas que, ao menos no que diz respeito à campanha de TV do partido, não parecem muito focados em construir uma estratégia adequada para a vitória. A sorte é que nas redes sociais, voluntários tem agido contra o PT.
Na guerra política, há vários “times” atuando, que são, dentre outros:
  • voluntários e profissionais nas redes sociais
  • marqueteiros de TV
  • marqueteiros de rádio
  • argumentadores, profissionais ou não, em diversos meio
Parece que os “times” de Aécio estão bem alinhados em prol de ajudar o candidato, mas a campanha de TV não tem seguido o mesmo nível, mesmo que o programa de sábado tenha sido ótimo e o programa de domingo também, ainda que não tenha feito nenhum ataque contundente ao PT – explica-se: era o momento de mostrar as alianças com a família de Eduardo Campos e com Marina.


Enfim, se um domingo sem ataques era não apenas justificável como elogioso (pelas alianças novas, como já disse, que deveriam ser comunicadas), o mesmo não pode ser dito do que tem sido feito a partir desta segunda, pois aí os programas de Aécio começaram a deixar de contra-atacar a maior parte das mentiras do PT. Em alguns casos, repetiam-se trechos de programas anteriores. Parece até que a campanha televisiva de Aécio entrou em ato de contrição.


Só que as massas motivadas (nas redes sociais, principalmente) tem agido com empolgação por causa do estilo incisivo de Aécio nos últimos 2 debates eleitorais no fim do primeiro turno. Mas não podemos contar apenas com os debates. O tempo de TV é precioso é precisa começar a ser bem utilizado.

É o momento de perdermos o medo de criticar quem está do nosso lado, mas errando. A crítica interna construtiva sempre é útil. Então, podemos criticar a campanha de TV do PSDB por:
  • não ter feito nada para defender Armínio e nem sequer atacar economistas do PT que queriam o Plano Cruzado (uma grande vergonha nacional)
  • não ter feito nada para neutralizar o ataque de Dilma em relação a “Aécio não ter ganho em MG”, mesmo que a campanha pudesse dizer que o PT perdeu em São Bernardo e Santo André, berço do PT, e que os candidatos de oposição somados tiveram mais votos que Dilma (ou seja, a mensagem do Brasil é que o povo não quer Dilma)
  • não ter desmascarado nenhum dos indicadores falsos do PT
  • não ter derrotado o frame “quebrou o Brasil três vezes”, o que seria facilmente desmascarável;
  • e várias, várias outras posições que simplesmente não estão sendo combatidas.
Claro que isso torna o papel das redes sociais ainda mais importante, pois há um adversário adicional. Temos que vencer o PT e a campanha de TV do PSDB.

Como já disse, a nosso favor, temos a possibilidade de Aécio ir muito bem nos debates, os fatos (especialmente sobre corrupção, que não são bons para Dilma) o brilhante trabalho feito nas redes sociais (e não podemos perder o pique), e, pelo que soube, a campanha de rádio de Aécio.

Nunca foi tão fácil vencer o PT, mas realmente é bizarro o PT estar repetindo afirmações sem um contra-ataque sequer em horário eleitoral de TV. Se estou exagerando, leiam esse texto do Lauro Jardim com atenção – e o que ele diz está alinhado com a constatação de que a repetição dos frames “FHC quebrou o país três vezes” e “Aécio foi rejeitado em seu estado” já foi tão constante e tão pouco contra-atacada que chega a ameaçar a candidatura de Aécio:
O ataque petista a Aécio Neves começa a fazer efeito. Uma pesquisa qualitativa feita por uma grande agência de propaganda que acompanha de perto a eleição constatou que a afirmação, repetida um sem número de vezes nos últimos dias, de que “o PSDB quebrou o Brasil três vezes” está pegando numa faixa do eleitorado de classe média emergente recém-convertido a Aécio. Se o PSDB não reagir com algum antídoto, verá escoar votos de neoaecistas.
Um leitor me disse o seguinte: “Não estou gostando do que estou vendo. Já teve gente que veio me falar que estava desistindo de votar no Aécio por que ele não foi bem em MG”.
Este é o problema de que falamos. Como agravante, há tempo suficiente para que o PSDB neutralize todos os ataques. É basicamente uma questão de opção. Por exemplo, em relação ao frame “Aécio foi rejeitado em MG”, temos neutralizações como “Dilma perdendo em Santo André e São Caetano”, “Dilma mal avaliada no Brasil inteiro” e “escândalo dos Correios melando eleição em MG”. Nada disso foi utilizado na campanha de TV até o momento.

O que seria um ataque em termos de guerra política? Veja um exemplo:
Dilma é uma gerente desqualificada? Um gerente qualificado saberia que entregar um país com 7% de inflação, após receber um país com 900%, como fez FHC, é um resultado muito melhor que entregar um país com 7% de inflação tendo recebido um país com 5%, como fez Dilma. Um gerente qualificado saberia [coloque mais duas ou três refutações de mentiras de Dilma sobre economia aqui]. Agora você viu os absurdos que Dilma disse, e que nenhum gerente qualificado faria. Quais as alternativas: (a) Dilma é uma gerente desqualificada, (b) Dilma mente para enganar o eleitor, (c) Ambas as alternativas, o que é mais provável.
Caso as refutações às mentiras de Dilma sejam “empacotadas” deste jeito, o resultado será positivo.
É possível fazer um ataque refutando várias mentiras de Dilma sobre economia usando menos de 2 minutos e programa

O míssil teleguiado “Aécio perdeu em seu estado” foi lançado há 5 dias pelo PT. Estranhamente, o “Iron Dome” tucano ainda não lançou um míssil teleguiado de volta.

Vai perder? Não disse isso. Mas o que quero dizer é que os erros cometidos de não atacar o PT em quantidade suficiente (e disputando todas as posições que eles estão conquistando na mente do eleitor) vai dificultar algo que não precisava ser tão difícil.

O maior poder que o PT tem nessas eleições (como nas outras) é a capacidade de mentir em maior quantidade que seus adversários se motivam para reagir. Mas será preciso reagir, o mais rápido possível.

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