quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Oposição aponta 'toma-lá-dá-cá' na Esplanada; PT fala em base forte


  23/12/2014 


Dilma anunciou nome de 13 pessoas que comandarão ministérios em 2015.


PSDB criticou 'loteamento de cargos', enquanto petistas elogiaram escolha.

Nathalia Passarinho e Fernanda Calgaro Do G1, em Brasília
Parlamentares do DEM e do PSDB ouvidos pelo G1 nesta terça-feira (23) apontaram "loteamento de cargos"  e "toma-lá-dá-cá" nas indicações da presidente Dilma Rousseff para a equipe ministerial do próximo governo, enquanto deputados do PT disseram que as nomeações vão "reforçar" a base aliada.
Por meio de nota oficial, o Palácio do Planalto anunciou nesta terça os nomes de 13 novos integrantes do primeiro escalão do governo federal. Entre os ministros que atuarão no segundo mandato da petista estão os governadores da Bahia, Jaques Wagner (PT), do Ceará, Cid Gomes (PROS), e o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab (PSD).


As indicações contemplaram alguns dos partidos que apoiaram a candidatura de Dilma à reeleição – PT, PMDB, PROS, PSD, PCdoB e PRB.


Para o líder do DEM na Câmara, deputado Mendonça Filho (PE), a reforma ministerial demonstra que a máquina pública continua “dominada pelo aparelhamento partidário” e “inchada”, já que não houve corte de ministérios.



“A gente assiste mais do mesmo, da mesma política, do toma-lá-dá-cá, dominado pelo aparelhamento partidário, que produziu o quadro que temos aqui de fraco desempenho político-econômico. Ela não está preocupada em produzir resultados em termos de satisfazer as políticas públicas, mas, sim, satisfazer os interesses partidários”, disse Mendonça Filho.


O líder do PSDB na Câmara, Antônio Imbassahy (BA), também criticou o número de pastas e a distribuição dos cargos entre partidos da base aliada.  “O governo continua com a prática do toma-lá-dá-cá, do afilhadismo, mantendo desnecessariamente 39 ministérios, que além da irracionalidade do número, leva a um gasto do dinheiro do contribuinte no momento em que a presidente deveria dar um bom exemplo de corte de despesas, depois da gastança desenfreada no ano eleitoral."


Elogio petista
Já o líder do governo na Câmara, deputado Henrique Fontana (PT-RS), avaliou a escolha dos nomes anunciados nesta terça como um sinal da intenção da presidente de manter a sua base aliada unida.


“A minha avaliação é bastante positiva, que expressa a coalização com a qual ela pretende governar o país. Sem dúvida nenhuma, a presidente faz uma escolha que demonstra o desejo dela de consolidar uma base de sustentação para o governo, uma coalizão com responsabilidade de governar tanto no Executivo quanto no Legislativo”, opinou.


O vice-líder do PT na Câmara, deputado José Guimarães (CE), negou que tenha havido "toma-lá-dá-cá" nas indicações. “Não tem esse negócio de ‘toma lá, dá cá’. Ela [Dilma] montou a engenharia necessária para formar um governo de coalizão”, afirmou. “A presidente tem diretriz que foi vitoriosa nas urnas e vai implementar a partir de agora.”


Guimarães defendeu ainda a escolha do perfil dos nomes anunciados até o momento. “Eu acho que é um ministério que tem a cara do Brasil, formado por quadros experientes, com estatura política. Ela montou um ministério para dar conta do recado.”


Veja abaixo a lista completa de ministros anunciados nesta terça pela Presidência:


Agricultura: Kátia Abreu (PMDB-TO)
Senadora de Tocantins, Kátia Abreu, 52 anos, é presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA). Ela foi a primeira mulher a assumir a presidência da entidade. Em 1998, foi eleita pelo antigo PFL primeira suplente na Câmara dos Deputados. Assumiu a cadeira por dois anos, tendo comandado a bancada ruralista na Casa. A aproximação com a presidente Dilma ocorreu nos primeiros meses do primeiro governo da petista.


Aviação Civil: Eliseu Padilha (PMDB-RS)
O ex-deputado federal Eliseu Padilha é um dos políticos mais próximos ao vice-presidente da República e presidente do PMDB, Michel Temer. Padilha foi ministro dos Transportes no governo Fernando Henrique Cardoso e tem histórico de confronto político com o PT no Rio Grande do Sul. Apesar de ter apoiado o PSDB nas campanhas presidenciais de 2002 e 2006, ele aderiu à base aliada da presidente Dilma Rousseff por orientação da cúpula do PMDB. Por conta do histórico de alinhamento ao PSDB, a indicação de seu nome enfrentou resistência no Planalto.


Cidades: Gilberto Kassab (PSD-SP)
O novo ministro Gilberto Kassab já foi opositor do governo do PT na época em que integrava o DEM. Kassab assumiu a prefeitura da cidade de São Paulo em 2006, quando José Serra deixou o cargo para disputar o governo paulista. Em 2008, foi eleito para mais um mandato. Em 2011, criou o PSD e se tornou um dos nomes mais influentes da política nacional. Ao deixar a legenda oposicionista, conseguiu enfraquecer a oposição – na época, o DEM perdeu 11 de seus então 46 deputados federais – e se aproximar do Palácio do Planalto. Atualmente, o PSD de Kassab tem 45 deputados federais, a quarta maior bancada da Câmara.


Ciência e Tecnologia: Aldo Rebelo (PCdoB-SP)
Ex-presidente da Câmara dos Deputados, o alagoano Aldo Rebelo, 55 anos, será deslocado para o Ministério de Ciência e Tecnologia a partir de 2015. Ele estava no comando do Ministério dos Esportes há quatro anos. No período em que esteve à frente da pasta, coordenou as obras públicas federais da Copa do Mundo e os preparativos para a Olimpíada de 2016, que será sediada no Rio. Entre 2004 e 2005, durante o governo Lula, Aldo chefiou a Secretaria de Relações Institucionais.


Controladoria-Geral da União: Valdir Simão (sem partido)
Escolhido pela presidente Dilma Rousseff para substituir Jorge Hage no comando da CGU, Valdir Simão é auditor de carreira da Receita Federal, mas nos últimos anos ocupou posições estratégicas em ministérios, secretarias e na Previdência Social. Conhecido por ser um "gestor eficiente",  ele ocupa hoje o cargo de secretário-executivo da Casa Civil.


Defesa: Jaques Wagner (PT-BA)
Governador da Bahia desde 2007, Jaques Wagner foi um dos principais coordenadores da campanha de Dilma Rousseff à reeleição. Um dos fundadores do PT, o político foi ministro do Trabalho no governo do ex-presidente Lula. Em 2005, no momento mais delicado do governo do ex-presidente – quando se revelou o esquema do mensalão – assumiu a Secretaria de Relações Institucionais (SRI). É tido como um político “conciliador” pelo Planalto.


Educação: Cid Gomes (PROS-CE)
Filho de prefeito, irmão de um ex-ministro de Estado e de um deputado estadual, Cid Gomes é governador do Ceará desde 2007. O político circulou ao longo da carreira por diversos partidos políticos: desde 1980 foi filiado ao PMDB, PSDB, PPS, PSB e PROS, seu partido atual. Além de governador, Cid Gomes também foi eleito deputado estadual e prefeito de Sobral (CE).


Esportes: George Hilton (PRB-MG)
Líder do PRB na Câmara, George Hilton, 43 anos, é deputado federal desde 2007. Antes de ingressar no PRB, ele já foi filiado ao PP e ao antigo PL (atual PR). Radialista e teólogo, Hilton também foi atuou como deputado estadual em Minas Gerais.


Igualdade Racial: Nilma Lino Gomes (sem partido)
Sem filiação partidária, a futura ministra é graduada em Pedagogia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Mestre em Educação pela UFMG, Nilma tem doutorado em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo e pós-doutorado, em Sociologia, pela Universidade de Coimbra (Portugal). Ela fará parte da cota pessoal de Dilma no primeiro escalão. Em 2013, Nilma se tornou a primeira mulher negra a assumir a direção de uma universidade federal, quando foi empossada reitora da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab).


Minas e Energia: Eduardo Braga (PMDB-AM)
Líder do governo no Senado, Eduardo Braga governou o Amazonas entre 2003 e 2010, ano em que renunciou para concorrer a uma vaga no Senado. Nas eleições deste ano, tentou eleger-se novamente ao governo do Amazonas, mas foi derrotado por José Melo (PROS). Como líder do governo, foi um dos articuladores políticos do novo Código Florestal no Congresso. Em sua trajetória política, também foi vereador, deputado estadual, deputado federal, vice-prefeito e prefeito de Manaus.


Pesca: Helder Barbalho (PMDB-PA)
Indicado para a Secretaria da Pesca e Aquicultura na cota do PMDB, Helder Barbalho é filho do ex-senador Jader Barbalho (PMDB-PA). Natural de Belém, Helder tem 35 anos. Até então, o cargo público mais alto que havia exercido era o de prefeito de Ananindeua, no interior do Pará. Neste ano, ele disputou o governo paranaense, mas perdeu a eleição para Simão Jatene (PSDB).


Portos: Edinho Araújo (PMDB-SP)
Ex-prefeito de São José do Rio Preto (SP) e de Santa Fé do Sul (SP), Edinho Araújo foi filiado à Arena – partido que apoiou o regime militar – e ao PPS antes de ingressar no PMDB. Em 2014, ele se elegeou para seu quarto mandato na Câmara dos Deputados. No Legislativo, Araújo relatou o projeto de lei que criou a Comissão Nacional da Verdade.


Turismo: Vinicius Lages (PMDB-AL)
Antes de assumir o Ministério do Turismo, em março deste ano, Vinicius Lages, 57 anos, ocupava, desde 2007, o cargo de gerente da Unidade de Assessoria Internacional do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa). Neste ano, ele coordenou o programa do Sebrae de apoio e preparação de empresas para a Copa do Mundo. Lages fez doutorado em Economia do Desenvolvimento na França. Ele também tem especialização em economia de serviços, turismo e desenvolvimento de negócios.



VALE ESTE 3 Novos ministros governo Dilma (Foto: Editoria de Arte G1)




 

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