Dois terços do ajuste fiscal são aumento de impostos: precisa de doutorado em Chicago para isso?
Com Blog Rodrigo Constantino - Veja
A reportagem de
capa do GLOBO mostra, com base em cálculos feios pelo especialista em
contas públicas Mansueto Almeida, que dois terços do ajuste fiscal
proposto pelo Ministério da Fazenda de Dilma são baseados em aumento de
impostos:
A
mais recente medida do governo para melhorar as contas públicas do país
foi um sinal de que o ajuste fiscal deste ano deve ser mais concentrado
em aumento de impostos do que em cortes de gastos. É o que avaliaram
especialistas, após o anúncio, na quinta-feira, do aumento do PIS/Cofins sobre
aplicações financeiras de algumas empresas. O tributo, que estava com
alíquota zerada desde 2004, passa a ser cobrado, em julho, com
percentual de 4,65%. A Receita estima que a medida vá engordar a
arrecadação em R$ 2,7 bilhões este ano. O economista Mansueto Almeida,
especialista em contas públicas, calcula que as principais medidas para
aumentar tributos somam até agora R$ 31,5 bilhões, quase dois terços das
ações anunciadas. Já os ajustes baseados em corte de gastos devem gerar
economia de R$ 19 bilhões neste ano.
[...]
A
necessidade de cortar mais despesas é defendida por outros analistas. O
economista Felipe Salto, também especialista em contas públicas, avalia
que o aumento de imposto anunciado ontem reforça a expectativa de um
ajuste por meio de alta de impostos:
—
Isso mostra que, ao contrário do que o ministro da Fazenda, Joaquim
Levy, disse na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE), o ajuste
vai ser pelo lado do aumento de imposto. É uma tentativa desesperada,
estão buscando todas as brechas possíveis.
Cheguei a escrever aqui,
quando percebi que este seria o caminho mais fácil escolhido pelo
ministro Joaquim Levy, que para aumentar impostos não era preciso ser um
bom economista. Até minha falecida avó faria! Entendo que boa parte
(quase 90%) dos gastos públicos não são discricionários, deixando pouca
margem de manobra para o governo. Mas sem dúvida é possível fazer mais,
muito mais, no lado das despesas.
Afinal, elas cresceram muito nos últimos anos, e quem diria que é
possível enxergar contrapartida no lado dos serviços públicos? À exceção
de Ciro Gomes, que acha difícil encontrar “um bilhãozinho” para cortar
num governo obeso que torra mais de um trilhão, é evidente que existem
muitas áreas que poderiam ser imediatamente reduzidas ou mesmo extintas.
A quantidade de ministérios, por exemplo. É simplesmente ridículo
acreditar que o Brasil precisa de 40 ministérios! Ou então os repasses
bilionários para ONGs que, na prática, ignoram a letra N na sigla e agem
como braços do governo. Ou tantas outras coisas inúteis que, no fundo,
ou não passam de tetas para parasitas ou compra de apoio político.
Um ajuste fiscal sério focaria basicamente no corte de gastos públicos e
em reformas estruturais. Jamais em aumento de impostos! Especialmente
num país como o Brasil, que já possui uma das mais altas cargas
tributárias do mundo, e com péssimos serviços públicos. Qualquer
economista liberal, por mais júnior que seja, sabe disso.
Não venham, então, jogar no ombro do liberalismo esse ajuste fiscal de
Joaquim Levy e Dilma, pois todo liberal que se preza compreende que
deveria ser terminantemente proibido todo e qualquer aumento de imposto
por aqui. Pergunto, então: precisa de doutorado em Chicago para subir
impostos e jogar o custo das trapalhadas do governo populista nos ombros
dos que produzem riqueza, em vez de cobrar a fatura dos que consomem a riqueza produzida pelos outros?
Nenhum comentário:
Postar um comentário