domingo, 3 de maio de 2015

Após ação contra tráfico, policiamento é reforçado na região da Cracolândia. Comparem a cobertura do assunto pelo Reinaldo Azevedo e pela mídia oficial.É espantosa a diferença!


cracolândia


29/04/2015
às 22:14

A CIDADE DE HADDAD – OU: O TRIUNFO DA MORTE. OU AINDA: HADDAD, O BARQUEIRO DO INFERNO


Vejam este quadro, intitulado “O Triunfo da Morte”, de Pieter Bruegel, o Velho (1525-1569).
O Triunfo da Morte - Pietr Bruegel, o Velho
Agora observem três fotos da região da Cracolândia, em São Paulo, durante uma operação realizada pela Prefeitura para acabar com a chamada “favelinha” erguida por viciados. Elas são de autoria de Eduardo Anizelli, da Folhapress.
Cracolândia 1 - Eduardo Anizelli - Folhapress
Cracolândia 2 - Eduardo Anizelli - Folhapress
Cracolândia 3 - Eduardo Anizelli - Folhapress
É isto. No centro de São Paulo, na região conhecida como Cracolândia, quem dá as cartas é a morte. Eu poderia ainda apelar às ilustrações dos Círculos do Inferno, de Gustave Doré, quase tão conhecidas como a horripilante narrativa de Dante na “Divina Comédia”. Abaixo, vocês veem a ilustração X do Canto III, quando Caronte, o barqueiro do inferno, reúne os pecadores… É que falta a cor.
Caronte reúne os pecadores
Tudo, naquela área da maior cidade do país — e uma das maiores do mundo — remete à morte, à desolação, à tristeza, à ausência de saídas, à desgraça, à melancolia… 


Vamos primeiro ao fato e, depois, à sua gênese.


Centenas de viciados em crack armaram barracas no meio da rua, na região da Luz. O conjunto era conhecido como “favelinha”. É evidente que se trata de um absurdo, e a Prefeitura decidiu retirá-los de lá.. Só que o fez sem coordenar a ação com o governo do Estado, que, afinal, responde pelas Polícias Civil e Militar. O resultado foi o pior possível.


Houve confronto com as forças de segurança. Revoltados, os viciados partiram para cima de policiais e de pedestres com facas, pedaços de pau, pedras, o que houvesse. Motoristas foram roubados; barricadas de fogo foram erguidas. O comércio teve de fechar as portas.


Já em ano pré-eleitoral, Fernando Haddad enfrenta o desastre de sua, por assim dizer, “política” para as drogas. A “favelinha” é o retrato de um programa que não deu certo, que extremou os males que se propôs a resolver. E o prefeito decidiu, então, cadastrar os ditos usuários em programas da Prefeitura e retirá-los do local… Ocorre que…


Ocorre que foi a gestão Haddad que, na prática, transformou a região da Cracolândia numa área para o livre consumo de drogas. O que é o programa “Braços Abertos”? Em síntese, abriga o viciado num hotel, concede-lhe um emprego precário e uma renda, sem lhe impor nenhuma disciplina ou forma de tratamento. Ou por outra: o digníssimo prefeito, sob o pretexto de implementar uma política de redução de danos, criou a civilização do crack.


Ora, meus caros, o que vocês acham que acontece quando se reúnem todos os viciados numa única área, quando se relaxam as condições de segurança — é da natureza do programa — e quando se eleva o meio circulante, isto é, a grana? Cresce o tráfico, novos viciados vão chegando, e, como acontece em toda civilização, surge uma periferia, que é ainda mais desgraçada, que é ainda mais infeliz.


Não pensem que Haddad vai recuar! Isso nunca! Ele quer avançar. Quer agora multiplicar o número de hotéis cidade afora, avançando para os Campos Elísios, região quase contígua à Cracolândia. Assim como faz com as ciclofaixas para ninguém, se o deixarem solto, ele ainda meterá uma Cracolândia na porta de sua casa.



E, como é sabido, os celerados se orgulham da miséria que financiam, promovem e espalham. Em junho do ano passado, Haddad transformou a Cracolândia em ponto turístico para a gringolândia. Levou o príncipe Harry para conhecer de perto o inferno. Na foto abaixo, vocês veem o plebeu servil do Terceiro Mundo dando explicações à nobreza europeia…
Haddad- Harry
Roberto Porto, que era, então, secretário de Segurança Urbana e é um dos queridinhos de certa imprensa descolada, resumiu assim o espírito da visita de Harry ao centro da degradação humana: “Pelo contato que tive, que foi limitado, ele [o príncipe] gostou do que viu. Ele quis saber a lógica de se ter um local monitorado, com as pessoas continuando a venda de crack”. Porto é promotor. Deve conhecer o peso das palavras. 



A venda de uma substância ilegal se chama “tráfico”; se tal substância é droga, é “narcotráfico”. Dr. Porto disse que o nobre inglês gostou de saber que há um pedaço no Brasil em que não se respeitam a Constituição e o Código Penal.



Qual é a lógica? É a da degradação, da miséria e da morte. Essa é uma das heranças malditas de Fernando Haddad, o novo barqueiro do inferno.

“Deixai toda esperança, vós que entrais.”


Por Reinaldo Azevedo


(Agora a mesma notícia publicada na Mídia Oficial.A diferença começa nas fotos).

  02/05/2015 20h10


Operação desmontou barracas usadas na venda e consumo de drogas.


GCM e PM barraram pessoas que poderiam montar novo acampamento.

Do G1 São Paulo
O policiamento na região da Cracolândia, na região central de São Paulo, foi reforçado neste sábado (2), segundo informou o SPTV Viaturas da Guarda Civil Metropolitana e da Polícia Militar estão espalhadas pela área. Em alguns pontos, barreiras impedem a passagem de pessoas com material que possa servir para a construção de um novo acampamento.


Na quarta-feira (29), uma operação desmontou barracas usadas para o tráfico e consumo de drogas na região. Houve tumulto e dois moradores de rua foram atingidos por estilhaços de um disparo feito por um policial militar sem farda.


Mesmo com a presença da GCM e da PM, dependentes químicos ainda se concentravam em outras ruas da região central neste sábado.






Investigação
A Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo apura a ação do policial que atirou para o chão. O incidente ocorreu durante o início da segunda fase da Operação Braços Abertos, que desfez barracas improvisadas sobre calçadas na região e ampliou a oferta de vagas em programas de assistência social.


O tenente-coronel Marcelino Fernandes, chefe da Corregedoria da Polícia Militar, disse ao G1 que o órgão apura se houve excesso e vai avaliar vídeos da confusão.
“Foi instaurado inquérito policial militar no âmbito administrativo da corporação para apurar se houve excesso desse policial e se ele agiu corretamente”, disse o oficial. "O policial será ouvido. Vamos tentar localizar as vítimas e testemunhas e ainda analisar os vídeos da confusão", afirmou.


De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP), o policial militar atirou para o chão porque um grupo de moradores de rua  o agrediu e também atacou outro policial, que foi atingido por uma barra de ferro na cabeça. Segundo a PM, o policial ferido com a barra chegou a ser internado um hospital, mas foi liberado nesta manhã após receber pontos na cabeça.

Durante a confusão na Cracolândia, a Guarda Civil Metropolitana (GCM) retirava a ‘favelinha’, como ficou conhecido o conjunto de barrados dos viciados na região.



Sem aviso
Por meio de nota, a SSP informou que a Prefeitura de São Paulo não “não comunicou previamente as polícias de que faria (...) a retirada das barracas e carroças da região da Nova Luz” e que “estava acertado era o apoio policial para cadastramento dos dependentes químicos”.



Na manhã de quinta-feira (30), o prefeito Fernando Haddad (PT) parabenizou a ação da GCM na Cracolândia no dia anterior. "Redução de dano: Parabéns a GCM por desmontar as barracas que serviam ao tráfico e permitir mais 126 dependentes acolhidos no Braços Abertos", escreveu Haddad em sua conta no microblog Twitter.



O comandante Gilson Menezes também disse nesta quinta que a operação foi bem sucedida e afirmou que a guarda vai apreender qualquer nova barraca montada na região. “A ação de ontem foi uma reorganização do espaço público e ela foi muito bem sucedida, porque afinal de contas ela visava à retirada das barracas que eram usadas como esconderijos de armas e drogas, inclusive utilizadas também nas mãos de traficantes”.
Mulher que passou mal em operação recebe ajuda  (Foto: Mariana Topfstedt/Sigmapress/Estadão Conteúdo)Mulher que passou mal em operação recebe ajuda (Foto: Mariana Topfstedt/Sigmapress/Estadão Conteúdo)
 

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