Tombini, Levy e Barbosa: desunião interna. |
Greves estouram em tudo quanto é canto do país. O país está
desgovernado, a inflação só aumentar, assim como o desemprego. O governo
petista está rachado e não sabe o que fazer diante do caos que vem se
instalando. Melhoras, só com a erradicação do PT:
O Palácio do Planalto iniciou uma ofensiva para conter a hostilidade
contra o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, no 5.º Congresso do PT, que
ocorrerá de 11 a 13 de junho, em Salvador (BA). Preocupados com o tom da
resolução política a ser aprovada no encontro, no momento em que o PT e
o governo enfrentam sua mais grave crise, ministros petistas procuraram
dirigentes do partido e pediram cautela nas manifestações anti-Levy.
Desde que foram escancaradas as divergências entre o titular da
Fazenda e o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, na esteira da
divulgação do corte no Orçamento - que ficou em R$ 69,9 bilhões -, a
presidente Dilma Rousseff procura abafar os ruídos na equipe. (Cerca de 38 bilhões serão utilizados para organizar os Jogos Olímpicos!!Absurdo não é mesmo?)
O receio do Planalto, porém, é que o PT jogue mais combustível na
crise durante a reunião de Salvador, provocando desconfianças e agitando
novamente o mercado financeiro. Convocado para debater o programa do PT
e atualizar o projeto do partido, em meio a sucessivos escândalos de
corrupção, o congresso petista deve ser tomado, na prática, por críticas
à gestão de Dilma e pressões por mudanças na política econômica.
Chicago Boy. Nos
bastidores, parlamentares do PT chamam Levy de “Chicago Boy”, numa
referência à Universidade de Chicago, identificada com a visão
neoliberal, onde Levy se graduou Ph.D. Ex-secretário do Tesouro no
governo Lula, Levy é considerado pela maioria do PT como a encarnação do
mal por causa de suas ideias “ortodoxas”.
Embora o PT esteja dividido sobre a conveniência de pedir a cabeça do
ministro, a avaliação predominante no partido é que o modelo de ajuste
fiscal adotado porá a economia nas cordas, tornando o crescimento
inviável. O diagnóstico é que a tesourada nos gastos, o corte de
programas sociais e as restrições criadas a direitos trabalhistas, como
seguro desemprego, travam o desenvolvimento e afastam ainda mais o PT de
sua base social.
A disputa que atiça o PT nesta temporada é pelos rumos do governo
Dilma pós-ajuste e por maior protagonismo do ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva na distante relação com o Planalto. Acuado, o partido
também tenta reagir para salvar sua imagem, ainda mais abalada após a
Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que culminou com a prisão do
então tesoureiro João Vaccari Neto.
Nesse cenário, nove entre dez petistas recorrem ao ministro Nelson
Barbosa, visto como “desenvolvimentista”, na tentativa de criar um
contraponto a Levy. O movimento contraria Dilma - que decidiu prestigiar
o titular da Fazenda - e preocupa a equipe de Barbosa. Inflado pelo PT,
o titular do Planejamento teme sair enfraquecido do embate.
Queda de braço. O confronto reedita uma queda de braço travada no
primeiro mandato de Lula, tendo à época Antonio Palocci (Fazenda) na
linha de tiro. Em novembro de 2005, Dilma, então chefe da Casa Civil,
chegou a chamar de “rudimentar” o ajuste fiscal de longo prazo proposto
por Palocci. Agora, no entanto, não esconde o aborrecimento com o “fogo
amigo”.
“É possível que existam críticas ao ministro Levy e as divergências
são normais, mas o PT deve entender que o próprio projeto do partido
passa pelo sucesso do governo Dilma”, disse o líder do governo no
Senado, Delcídio Amaral (PT-MS). “Não podemos, depois de todo o esforço
para aprovar as medidas provisórias do ajuste, dar motivos para
insegurança.”
Em conversas reservadas, Lula não esconde o desconforto com a
inflexão na economia e a demora do governo em virar a página do ajuste
fiscal, criando uma agenda positiva.
Lula está aflito por entender que, se a rota não for corrigida a
tempo, o PT sentirá ainda mais o peso do desgaste nas eleições
municipais de 2016, podendo sucumbir na disputa presidencial de 2018.
No Planalto, dois ministros fazem hoje a “ponte” entre o governo, a
direção do PT e os movimentos sociais. Um deles é Edinho Silva, titular
da Secretaria de Comunicação Social. O outro é Miguel Rossetto, que
comanda a Secretaria-Geral da Presidência. Próximo a Dilma, Aloizio
Mercadante (Casa Civil) distanciou-se da cúpula petista.
Reinvenção. Assessor
especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia ajudou a redigir o
manifesto da tendência Construindo um Novo Brasil (CNB), que será
apresentado no congresso do PT. Assinado pela corrente majoritária,
integrada por Lula, o documento faz uma autocrítica, no rastro dos
escândalos de corrupção - do mensalão à Petrobrás - e diz que o partido
precisa se “reinventar”. O que mais chama a atenção no texto, porém, são
os ataques à política econômica conduzida por Levy.
“Não se pode fazer da necessidade de sanear a situação fiscal a
ocasião para a apologia de uma política econômica conservadora, cujas
consequências bem conhecemos”, assinala o documento.
Para o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), a estratégia central do governo tem de ser o crescimento, e não o ajuste fiscal.
“Não podemos ficar nesse samba de uma nota só”, insistiu Lindbergh,
após votar contra a MP que dificultou o acesso ao seguro-desemprego.
“Não é só o governo Dilma que está em jogo. É o nosso futuro, do PT e da
esquerda.”
O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), discorda do
colega. “Levy faz o que Dilma pede. Então, quem critica Levy está
criticando Dilma”, argumentou Guimarães. “Uma coisa é criticar o ajuste e
outra é pedir a cabeça do ministro. Isso não dá para aceitar.”
(Estadão).
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