domingo, 31 de maio de 2015

Zé Dirceu e Palocci: "consultorias" até sobre o pré-sal!


Não me canso de ficar impressionado com os petistas, particularmente com os que passaram pela Casa Civil (mais conhecida como Casa Covil) dos governos petistas. A força-tarefa da Operação Lava Jato já está de olho nas "consultorias" perpetradas pelos dois da foto, Zé Dirceu e Palocci, em relação ao miraculoso pré-sal. Abaixo, matéria do incansável repórter Fausto Macedo, no Estadão:


A força-tarefa da Operação Lava Jato investiga se os pagamentos das empreiteiras WTorre e Engevix por consultorias dos ex-ministros Antonio Palocci e José Dirceu, entre 2007 e 2012, podem ter servido para ocultar propina do esquema de cartel e corrupção, na Petrobrás, em contratos do pré-sal.

Os investigadores da Lava Jato encontraram indícios de desvios de recursos da Petrobrás na construção do Estaleiro Rio Grande (RS), iniciada em 2006, e nos contratos fechados para produção de cascos de plataformas e sondas de exploração de petróleo, no local, a partir de 2010.

Uma das unidades é a base da P-66, que ficou pronta no final do ano passado e está desde dezembro, no Estaleiro BrasFels, em Angra dos Reis (RJ), em fase de montagem para entrar em operação 2016, no Campo de Lula (BM-S-11) – na Bacia de Santos. O bloco do pré-sal é operado pela Petrobrás em parceria com a inglesa British Gas e a portuguesa Galp Energia.

O negócio envolve a WTorre e a Engevix, que nos períodos em que foram contratadas pela Petrobrás (direta ou indiretamente) tinham como consultores Palocci e Dirceu.

A suspeita do Ministério Público Federal e da Polícia Federal é que os dois ex-ministros possam ter sido elos do PT, no esquema de corrupção envolvendo o negócio. O ex-tesoureiro petista João Vaccari Neto já foi apontado por delatores como operador da propina em parte desses contratos.

Trecho de delação de Pedro Barusco sobre a WTorre

Parceiros. A WTorre foi quem construiu o Estaleiro Rio Grande, a partir de 2007, com investimento da Petrobrás – via operação de mercado. Em 2010, a empresa vendeu seus direitos no negócio para a Engevix.
A empresa de Palocci, a Projeto Consultoria, foi contratada pela WTorre entre 2007 e 2010. O ex-ministro informou ter prestado quatro palestras aos diretores da empresa em 2007 e duas em 2010, cada uma por R$ 20 mil.

A WTorre afirmou que os serviços foram palestras sem relação com a Petrobrás. Apresentou 18 notas fiscais, que totalizaram R$ 350 mil, emitidas pela Projeto, em 2007, 2008, 2009 e 2010.

A partir de 2010, o negócio alvo da Lava Jato envolve a Engevix – empresa denunciada por corrupção na estatal em contratos de refinarias. Ela comprou o Estaleiro Rio Grande, da WTorre, com parte dos recursos vindos do fundo de pensão dos trabalhadores da Caixa Econômica Federal (Funcef), por R$ 400 milhões, aproximadamente.

A aquisição foi parte do contrato que ela venceu para produção de 8 cascos para plataformas (FPSOs-sigla em inglês para unidade flutuante de produção, armazenamento e transferência de óleo) para Petrobrás, no valor de US$ 3,4 bilhões, para uso nos campos do pré-sal na Bacia de Santos.

Em 2011, o grupo fechou o segundo grande negócio no Estaleiro Rio Grande: a construção de três navios-sondas, via Sete Brasil, empresa criada pela Petrobrás em parceria com o Funcef e outros dois fundos de pensão federais (Petros e Previ). O valor foi US$ 2,4 bilhões.

Quebra de sigilo fiscal obtida pela Lava Jato mostrou que entre 2008 e 2012 JD Assessoria e Consultoria, de Dirceu, recebeu R$ 2,6 milhões da Engevix. Parte diretamente e outra parte por meio da Jamp Engenheiros Associados, do lobista Milton Pascowitch.

O ex-ministro e a empresa negam que os pagamentos foram referentes ao negócio com a Petrobrás.

Propina. Em depoimento prestado em 23 de abril, o ex-gerente da Petrobrás Pedro Barusco afirmou ter havido corrupção tanto nos contratos de plataformas e de sondas do pré-sal, que envolvem a Engevix, como nas obras de conconstrução do estaleiro – iniciadas em 2006 pela WTorre.

Barusco afirmou ter recebido valores “de um representante da WTorre chamado Carlos Eduardo Veiga”, via Mário Góes – um dos 11 acusados de operar propina na Diretoria de Serviços da Petrobrás, preso pela Lava Jato, em Curitiba.

“Por volta do ano de 2008 ou 2009, um valor aproximado de R$ 400 mil ou R$ 600 mil”, declarou Barusco.

Os pagamentos eram destinados a ele e seu superior, Renato Duque, a título de “boa interlocução” e de “boa vontade”. O esquema fazia parte da cota de arrecadação do PT, via Diretoria de Serviços, comandada pelo ex-diretor Renato Duque – também preso preventivamente em Curitiba.

“Carlos Eduardo Veiga se ‘acertou’ com Mário Góes para oferecer referida quantia para obter uma ‘boa interlocução’ e a ‘boa vontade’ de ambos no acolhimento das demandas que a WTorre estava apresentando em decorrência do projeto do Estaleiro Rio Grande com a Petrobrás”, registra o MPF.

A WTorre confirma que Veiga foi consultor da empresa. Ele não foi encontrado.

Barusco não cita Palocci, nem políticos no negócio do estaleiro. O ex-ministro, no entanto, é alvo de inquérito aberto pela Lava Jato após seu nome ser citado em delação premiada do ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa.

Nela, Costa afirmou que o doleiro Alberto Youssef pediu R$ 2 milhões que seriam para a campanha presidencial de 2010, a pedido de Palocci. “Tinha esse pleito do ex-ministro Palocci para atender a campanha da dona Dilma Rousseff em 2010. ‘Paulo, pode fazer?’. ‘Faça’.”

Investigadores da Lava Jato buscam elementos para saber se o suposto pagamento teve relação com duas doações que a WTorre fez em 2010 que totalizaram R$ 2 milhões para o Comitê Financeiro Nacional para Presidente da República do PT.

Em 2006, quando foi candidato a deputado, Palocci recebeu R$ 119 mil de doação eleitoral da empresa. O partido e o ex-ministro alegam que todas doações são legais. (Continua).
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