Não me canso
de ficar impressionado com os petistas, particularmente com os que
passaram pela Casa Civil (mais conhecida como Casa Covil) dos governos
petistas. A força-tarefa da Operação Lava Jato já está de olho nas
"consultorias" perpetradas pelos dois da foto, Zé Dirceu e Palocci, em
relação ao miraculoso pré-sal. Abaixo, matéria do incansável repórter
Fausto Macedo, no Estadão:
A
força-tarefa da Operação Lava Jato investiga se os pagamentos das
empreiteiras WTorre e Engevix por consultorias dos ex-ministros Antonio
Palocci e José Dirceu, entre 2007 e 2012, podem ter servido para ocultar
propina do esquema de cartel e corrupção, na Petrobrás, em contratos do
pré-sal.
Os
investigadores da Lava Jato encontraram indícios de desvios de recursos
da Petrobrás na construção do Estaleiro Rio Grande (RS), iniciada em
2006, e nos contratos fechados para produção de cascos de plataformas e
sondas de exploração de petróleo, no local, a partir de 2010.
Uma das
unidades é a base da P-66, que ficou pronta no final do ano passado e
está desde dezembro, no Estaleiro BrasFels, em Angra dos Reis (RJ), em
fase de montagem para entrar em operação 2016, no Campo de Lula
(BM-S-11) – na Bacia de Santos. O bloco do pré-sal é operado pela
Petrobrás em parceria com a inglesa British Gas e a portuguesa Galp
Energia.
O negócio
envolve a WTorre e a Engevix, que nos períodos em que foram contratadas
pela Petrobrás (direta ou indiretamente) tinham como consultores
Palocci e Dirceu.
A
suspeita do Ministério Público Federal e da Polícia Federal é que os
dois ex-ministros possam ter sido elos do PT, no esquema de corrupção
envolvendo o negócio. O ex-tesoureiro petista João Vaccari Neto já foi
apontado por delatores como operador da propina em parte desses
contratos.
Trecho de delação de Pedro Barusco sobre a WTorre
Parceiros.
A WTorre foi quem construiu o Estaleiro Rio Grande, a partir de 2007,
com investimento da Petrobrás – via operação de mercado. Em 2010, a
empresa vendeu seus direitos no negócio para a Engevix.
A empresa
de Palocci, a Projeto Consultoria, foi contratada pela WTorre entre
2007 e 2010. O ex-ministro informou ter prestado quatro palestras aos
diretores da empresa em 2007 e duas em 2010, cada uma por R$ 20 mil.
A WTorre
afirmou que os serviços foram palestras sem relação com a Petrobrás.
Apresentou 18 notas fiscais, que totalizaram R$ 350 mil, emitidas pela
Projeto, em 2007, 2008, 2009 e 2010.
A partir
de 2010, o negócio alvo da Lava Jato envolve a Engevix – empresa
denunciada por corrupção na estatal em contratos de refinarias. Ela
comprou o Estaleiro Rio Grande, da WTorre, com parte dos recursos vindos
do fundo de pensão dos trabalhadores da Caixa Econômica Federal
(Funcef), por R$ 400 milhões, aproximadamente.
A
aquisição foi parte do contrato que ela venceu para produção de 8 cascos
para plataformas (FPSOs-sigla em inglês para unidade flutuante de
produção, armazenamento e transferência de óleo) para Petrobrás, no
valor de US$ 3,4 bilhões, para uso nos campos do pré-sal na Bacia de
Santos.
Em 2011, o
grupo fechou o segundo grande negócio no Estaleiro Rio Grande: a
construção de três navios-sondas, via Sete Brasil, empresa criada pela
Petrobrás em parceria com o Funcef e outros dois fundos de pensão
federais (Petros e Previ). O valor foi US$ 2,4 bilhões.
Quebra de
sigilo fiscal obtida pela Lava Jato mostrou que entre 2008 e 2012 JD
Assessoria e Consultoria, de Dirceu, recebeu R$ 2,6 milhões da Engevix.
Parte diretamente e outra parte por meio da Jamp Engenheiros Associados,
do lobista Milton Pascowitch.
O ex-ministro e a empresa negam que os pagamentos foram referentes ao negócio com a Petrobrás.
Propina. Em
depoimento prestado em 23 de abril, o ex-gerente da Petrobrás Pedro
Barusco afirmou ter havido corrupção tanto nos contratos de plataformas e
de sondas do pré-sal, que envolvem a Engevix, como nas obras de
conconstrução do estaleiro – iniciadas em 2006 pela WTorre.
Barusco
afirmou ter recebido valores “de um representante da WTorre chamado
Carlos Eduardo Veiga”, via Mário Góes – um dos 11 acusados de operar
propina na Diretoria de Serviços da Petrobrás, preso pela Lava Jato, em
Curitiba.
“Por volta do ano de 2008 ou 2009, um valor aproximado de R$ 400 mil ou R$ 600 mil”, declarou Barusco.
Os
pagamentos eram destinados a ele e seu superior, Renato Duque, a título
de “boa interlocução” e de “boa vontade”. O esquema fazia parte da cota
de arrecadação do PT, via Diretoria de Serviços, comandada pelo
ex-diretor Renato Duque – também preso preventivamente em Curitiba.
“Carlos
Eduardo Veiga se ‘acertou’ com Mário Góes para oferecer referida quantia
para obter uma ‘boa interlocução’ e a ‘boa vontade’ de ambos no
acolhimento das demandas que a WTorre estava apresentando em decorrência
do projeto do Estaleiro Rio Grande com a Petrobrás”, registra o MPF.
A WTorre confirma que Veiga foi consultor da empresa. Ele não foi encontrado.
Barusco
não cita Palocci, nem políticos no negócio do estaleiro. O ex-ministro,
no entanto, é alvo de inquérito aberto pela Lava Jato após seu nome ser
citado em delação premiada do ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás
Paulo Roberto Costa.
Nela,
Costa afirmou que o doleiro Alberto Youssef pediu R$ 2 milhões que
seriam para a campanha presidencial de 2010, a pedido de Palocci. “Tinha
esse pleito do ex-ministro Palocci para atender a campanha da dona
Dilma Rousseff em 2010. ‘Paulo, pode fazer?’. ‘Faça’.”
Investigadores
da Lava Jato buscam elementos para saber se o suposto pagamento teve
relação com duas doações que a WTorre fez em 2010 que totalizaram R$ 2
milhões para o Comitê Financeiro Nacional para Presidente da República
do PT.
Em 2006,
quando foi candidato a deputado, Palocci recebeu R$ 119 mil de doação
eleitoral da empresa. O partido e o ex-ministro alegam que todas doações
são legais. (Continua).
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