quarta-feira, 17 de junho de 2015

A neurociência provou que a pornografia está literalmente tornando o cérebro do homem mais infantil




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Duzentos anos atrás no Reino Unido, se você dissesse que iria a um “clube de cavalheiro”, entenderiam que você iria a um estabelecimento privado de alta classe onde você poderia relaxar, ler, jogar jogos de salão, fazer uma refeição e tagarelar com outros de sua classe.


Hoje, nos EUA, se você dissesse que iria a um “clube de cavalheiro”, entenderiam que você pagaria para ver um strip-tease em um bar com pouca luminosidade.



É isso que deveria realmente tipificar um “cavalheiro”?



Junto com outros negócios orientados para o sexo, a pornografia é com freqüência classificada como entretenimento “adulto” – algo para públicos “maduros”. Se isso significasse que esses tipos de entretenimento não são “apropriados para crianças”, então poucos levantariam alguma objeção.



Dito isto, seria estúpido usar isso como um argumento de que a pornografia é própria para adultos. Heroína e metanfetaminas também não são “apropriadas para crianças”, mas isso não significa, ipso facto, que elas sejam saudáveis para pessoas com mais de 18 anos.



Os defensores da pornografia gostam muito de dizer (“gostar muito” é uma suavização – eles repetem isso como um mantra) que a pornografia é um entretenimento sofisticado e maduro próprio para adultos responsáveis.


Eles tentarão fazer com que você acredite que a pornografia é aquilo que verdadeiros cavalheiros apreciam – como queijo azul, um bom uísque e Dostoievski. Como o infame Ron Jeremy está sempre pronto para dizer: “A pornografia é sexo consensual entre adultos que estão em consenso, para ser assistida consensualmente por adultos.”



O que nos leva à pergunta: O que exatamente constitui um comportamento “adulto” ou “maduro”? Seria apenas um comentário a respeito da idade do participante? Ou seria algo mais? Estipular definições adequadas é complicado porque hoje esses termos são freqüentemente usados como sinônimos de mídia erótica – que é o tópico que estamos tentando dissecar.



Usamos o termo “maduro” quando falamos sobre atingir um estágio final ou desejado. Falamos “vinho maduro” como o vinho que atingiu seu pico de fermentação e está pronto para ser consumido.


Também usamos a palavra “maduro” para falar de alguém que “cresceu” em seus comportamentos ou atitudes – essa pessoa não mostra a impetuosidade ou a ingenuidade da juventude.


É exatamente isto o que os patronos de clubes de strip-tease estão fazendo ao chamarem esses estabelecimentos de “clubes de cavalheiros”: estão insinuando que as atividades que ocorrem lá são parte de comportamentos varonis e refinados.



A dopamina e o cérebro
Pergunte qualquer neurocientista como é um cérebro humano “maduro” e ele ou ela provavelmente falará sobre uma região do cérebro conhecida como córtex pré-frontal. Ela está localizada bem atrás da testa e serve de centro administrativo do cérebro. Ela é responsável por nossa força de vontade, pela regulação do nosso comportamento, e pela tomada de decisões com base na sabedoria e em princípios.



Quando as emoções, impulsos e desejos surgem do mesencéfalo, os lóbulos do córtex pré-frontal estão lá para exercerem “controle executivo” sobre eles. Por volta dos 25 anos, essa região do cérebro atinge a maturidade, o que quer dizer que o nosso raciocínio torna-se mais sofisticado e que podemos regular nossas emoções mais facilmente.



Por que colocar a neurociência na equação? Porque estão sendo feitas pesquisas fascinantes sobre o impacto da pornografia nessa região do cérebro.


O cérebro foi projetado para responder ao estímulo sexual de determinado modo. Ondas de dopamina são liberadas durante uma relação sexual –  e, sim, também quando se tem contato com pornografia -, dando à pessoa um aguçado senso de foco e uma consciência do desejo sexual.


A dopamina ajuda a registrar memórias no cérebro, de modo que da próxima vez que o homem ou a mulher sentem desejo sexual novamente o cérebro lembra-se aonde deve retornar para experimentar o mesmo prazer: seja a outra pessoa uma esposa amável ou um laptop no gabinete de trabalho.


Porém, cientistas estão percebendo agora que a exposição contínua à pornografia causa no cérebro uma euforia artificial – algo que ele literalmente não pode suportar – e eventualmente o cérebro se exaure.



O professor de anatomia e fisiologia Gary Wilson observa que esse é o mesmo padrão identificado quando há abuso de drogas: o cérebro fica dessensibilizado. Mais doses da droga ou drogas mais pesadas são necessárias para atingir a mesma euforia, e a espiral descendente começa.


Wilson afirma que isso provoca mudanças significativas no cérebro – tanto para os viciados em droga quanto para os usuários de pornografia.


Uma dessas mudanças é a erosão do córtex pré-frontal –  aquele importantíssimo centro de controle executivo. Quando essa região do cérebro enfraquece, quando o desejo por pornografia aparece, há pouca força de vontade presente para regular o desejo.


Os neurocientistas chamam esse problema de hipofrontalidade, quando a pessoa perde lentamente o controle sobre os impulsos e o domínio sobre suas paixões.
O ponto é o seguinte: Aquilo que, no cérebro, é a marca da idade adulta e da maturidade é a coisa que é destruída quando vemos mais pornografia. É como se o cérebro estivesse retrocedendo, tornando-se mais infantil. O entretenimento “adulto”, na verdade, nos torna mais infantis.



A brilhante mentira de Hugh Hefner
A tentativa de transformar o desvio sexual em algo cavalheiresco me parece nada mais do que a tentativa de enfraquecer os homens para justificar um comportamento indecente. Desde que o primeiro número da Playboy chegou às bancas de jornal em 1953, a estratégia de Hugh Hefner teve duas dimensões: para os distribuidores, ele vendeu a revista como pornografia leve, mas para o público alvo ele a vendeu como uma “revista sobre estilo de vida” masculino para homens em ascensão. O sociólogo Gail Dines explica como a Playboy fez seu próprio marketing, dando início então à mudança da imagem pública da pornografia:



“Quando os editores se dirigiam ao leitor, as imagens eram apenas uma das muitas atrações, e não a atração. O leitor era convidado não a se masturbar diante da fotografia central, mas antes a entrar no mundo da elite cultural, a discutir filosofia e consumir comidas associadas à classe média alta. As marcas de uma vida de classe abastada, que aparecem causalmente como reflexões (coquetéis, hors d’oeurvre e Picasso), foram colocados deliberadamente para mascarar a revista com uma aura de respeitabilidade de classe média alta.”


Assim como certamente a Playboy teria morrido sem as mulheres nuas enchendo suas páginas, a revista também teria morrido sem seus artigos e propagandas, que deram permissão ao homem norte-americano, auto-definido como classe média, a viciar-se em pornografia.


Por que as lojas para adultos têm entradas pelos fundos? Seria porque sua clientela é composta por revolucionários incompreendidos que estão tramando o fim de sociedade sexualmente reprimida? Ou será que é algo muito mais simples que isso? Não seria porque eles sabem que tal comportamento é errado?


Quando alguém considera as opções, qual atividade soa mais “madura” e adulta: ter uma vida conjugal por toda a vida com uma mulher de carne e osso a quem você está ansioso para servir e estimar, apesar de todos os seus erros e defeitos (e apesar dos seus próprios), ou fugir à noite para navegar na internet, trocando de mulher a cada momento, de um vídeo de 30 segundos a outro, ininterruptamente, buscando o prazer enquanto você se vincula a pixels numa tela?


Não, mergulhar na pornografia e em outras formas de sexo comercial dificilmente merecem o adjetivo “adulto”. Ações falam mais do que palavras – mesmo quando essas palavras têm 1,5 metros de altura, são feitas de neon e apresentam a frase “clube de cavalheiros”.



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