quinta-feira, 4 de junho de 2015

O Brasil, de fato, virou território de bandidos, que gozam de todos os privilégios, inclusive o de sair às ruas de dia ou de noite, algo proibido aos cidadãos honestos.

O Brasil em estado de barbárie

Luiz Fernando Ribeiro de Carvalho, presidente do Tribunal de Justiça do Estado do RJ, faz em seu artigo publicado no jornal O Globo a pergunta que atormenta todos os brasileiros, principalmente os que vivem nas grandes metrópoles: "Até quando reféns de corrupção e violência"? O Brasil, de fato, virou território de bandidos, que gozam de todos os privilégios, inclusive o de sair às ruas de dia ou de noite, algo proibido aos cidadãos honestos. O espaço público é dos criminosos, graças ao discurso petista - Dilma na linha de frente -, que vê os facínoras, adolescentes ou não, como "vitimas da sociedade". Não, não e não: a sociedade é que é vítima desses seres pré-humanos. A legislação penal brasileira não pode continuar com essa brandura. Do contrário, tem razão o desembargador, vamos continuar fazendo "fila para os velórios de todos os dias". E ainda mais razão tem a juíza citada por ele: "chega de legitimar a bandidagem":


A nação brasileira indaga até quando os algozes abusarão de sua paciência. Agora, já não apenas da inércia fruto da omissão, mas do esmagamento da liberdade de ir e vir e até da própria vida.

Até onde irá o insuportável jogo de empurra?

Não será suficiente, em sociedade pretensamente civilizada, bradar basta! Não conviver de forma passiva com os tiros — de balas perdidas, mas achadas no corpo das vítimas — ou facadas desferidas pelos farristas da violência letal.

Essas reflexões me vieram a partir de mensagem da juíza criminal Yedda Christina Assunção, que, indignada com o estado de coisas, afirma:
“Chega de benefícios para sustentar que saiam tantos quanto entram.
Chega de legitimar a bandidagem.

Chega de demagogia.

Há pessoas más no mundo, há pessoas boas. A nossa função é garantir que as primeiras não agridam as segundas. Garantindo a paz.

Estamos falhando. Reiteradamente.

A insegurança pública é nossa culpa. Admitamos.”

O repto da juíza não ecoa no deserto, bastando como exemplo a manchete de anteontem do GLOBO e a capa da revista “Época” de 25 de maio. A questão não se resume ao deslocamento do foco da violência para a redução da maioridade penal, tema candente dentre aqueles a merecer decisões.

Por isso, o Tribunal de Justiça está organizando um grande debate, com a participação de todos os interessados, autoridades e sociedade civil, o respeitável público cuja voz se impõe ouvir, para fazer cessar o festival de horrores.

O tratamento de direitos humanos — exceto por demagogia — não serve apenas para proteger bandidos. É ocioso o mote: “A polícia prende, a Justiça solta”, usado sem informação dos fatos ou da prosaica circunstância de, muitas vezes, a prisão ser ilegal e a soltura, imposição da lei.

Não pode ser esquecido o tema da corrupção, invisível por sua face vampiresca, que nos atinge desde 1500.

Os novos Códigos Penal e de Processo Penal só adiantarão com uma enérgica tomada de posição contra os esbirros da corrupção, escancarada em rumorosos processos.

Não se desconhecem os esforços das autoridades, mas a Justiça atua nos limites da legalidade, não sendo razoável tomar a parte pelo todo mesmo quando alguns exemplos isolados (passeio com Porsche apreendido). Mas, insista-se, essa conduta vergonhosa é rara.

Corrupção e violência são faces siamesas da barbárie que se banalizou. Impõe-se a coesão social, motivo por que a corrupção e a violência não podem continuar sob o privilégio da impunidade. É imperiosa a reação dos segmentos sociais amplamente majoritários e do Estado, antes que se faça fila para os velórios de todos os dias e continue a se meter descaradamente a mão no bolso dos indefesos, em especial os aposentados e desempregados.

O desemprego crescente e a decrepitude dos serviços essenciais exigem uma resposta vigorosa. Pode-se começar pelo combate à condição de reféns da corrupção e das outras formas de violência. 
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